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Ricos dos Hamptons apostam em investimento por conta própria
Há um certo prestígio em ser dono de parte de uma empresa e ter mais poder, em teoria, do que se teria com um investimento passivo.
O champanhe foi servido numa reunião nos Hamptons, em Agosto, aos membros do Tiger 21, um clube de investimento para pessoas extremamente ricas. De repente, a conversa chegou ao assunto do momento: fazer negócios por conta própria.
Alguns dos participantes fizeram investimentos directos no sector imobiliário. Um deles investiu dinheiro num parque de diversões (teve grandes prejuízos, mas pelo menos o seu filho divertiu-se, brincou).
Para estas e muitas outras pessoas ricas, hedge funds, private equity e outros investimentos exclusivos e tradicionais já não são suficientes. Elas querem investir dinheiro directamente em alguma empresa.
O investimento directo é uma estratégia bastante usada por famílias bilionárias, como Dell e Pritzker, que multiplicaram os seus patrimónios comprando empresas privadas. Mas agora a estratégia passou a ser adoptada por aqueles que detêm apenas centenas de milhões de dólares, que talvez não tenham recursos nem conhecimento financeiro para montar "family offices" próprios num momento em que as avaliações no mercado não param de crescer.
O impulso tem raiz também na inveja: os investidores ricos têm visto pessoas que adquiriram participações precoces em start-ups bem-sucedidas, como Uber e Airbnb, acumularem grandes fortunas, pelo menos no papel. Além disso, há um certo prestígio em ser dono de parte de uma empresa e ter mais poder, em teoria, do que se teria com um investimento passivo.
"Algumas pessoas ricas não gostam de participar em grupos de investimentos nos quais não têm voz", disse Felix Herlihy, director administrativo da Cascadia Capital, especializada nos tipos de transacções de médio porte preferidos dos family offices. "A lógica é que adoptar uma abordagem directa leva a um desempenho superior com o passar do tempo. De certa forma, significa dizer ‘sou um pouco mais inteligente’."
Num estudo realizado no ano passado com 157 famílias com mais de 250 milhões de dólares, 66% afirmaram que queriam fazer investimentos mais directos. E esses negócios podem até tornar-se mais comuns entre os menos ricos: o presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês), Jay Clayton, disse no mês passado que está a estudar reformular as regras que estão em vigor para proteger os pequenos investidores a fim de permitir que invistam em empresas privadas.
O problema é que o investimento directo tem significados diferentes para pessoas diferentes - desde comprar acções antes de uma oferta pública inicial até adquirir uma participação maioritária numa empresa. E os riscos para os investidores podem variar bastante.
Além disso, a diferença nos retornos entre investimentos ilíquidos e acções e títulos negociados com mais frequência nunca foi tão pequena, disse Michael Tiedemann, CEO da Tiedemann Wealth Management.
"Há muito dinheiro por aí à espera de ser empregue", afirmou Tiedemann. "Se o negócio chegou à sua mesa, e não se trata de um sector no qual você opera, há boas possibilidades de que o negócio tenha sido analisado e rejeitado por aqueles que conhecem o cenário competitivo muito mais do que você."
(Texto original: Wealthy in the Hamptons Set Their Sights on Do-It-Yourself Deals)