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Josh Miller: "Quando estão a tentar angariar dinheiro, nunca peçam"
O fundador do Branch esteve em Lisboa e deu algumas dicas aos empreendedores: procurem mentores para os ajudarem, peçam conselhos a potenciais investidores e construam algo que possam mostrar.
Josh Miller estava no último ano da faculdade, em Princeton, nos Estados Unidos, quando decidiu deixar os estudos. "Há dois anos, ia para o meu último ano na universidade, nos EUA. Estava a estudar Sociologia (...) e, mesmo antes do meu último ano começar, fui ter com a minha mãe e [disse-lhe]: ‘vou sair e vou começar uma empresa’. Ela riu-se, pensando que era uma anedota", contou Miller, durante a Conferência "Go Youth", que decorreu em Lisboa, há uma semana.
Mas não era uma brincadeira. Dois anos depois, a sua start-up, a Branch – que permite que as pessoas falem sobre conteúdos que estão na Internet – foi comprada pelo Facebook por 15 milhões de dólares (11 milhões de euros), de acordo com a imprensa internacional.
Na capital portuguesa, Miller aproveitou para deixar algumas dicas "para facilitar o caminho" aos empreendedores. Com 24 anos, o fundador da Branch, defende que "se tens uma ideia e queres angariar dinheiro, tens de construir um protótipo". É necessário "construir algo que possam mostrar" aos investidores. Por outro lado, aponta que são necessários mentores. "Não podes fazê-lo sozinho. Precisas da ajuda daqueles que já o fizeram antes. Têm de encontrar mentores", afirmou.
"O Twitter fez várias parcerias e descobriram que isso não os ajudou a crescer. O facto de nos terem dito que isso não funcionou [com eles], para [nós] significou que não desperdiçámos tempo com isso", explicou ainda Miller.
Por outro lado, "quando andam a tentar arranjar dinheiro, nunca peçam", defende o criador desta start-up, sugerindo aos empreendedores que, quando vão para reuniões com investidores, levem "perguntas e peçam conselhos".
Quando questionado pelo Negócios sobre qual foi o maior desafio que enfrentou, Miller não hesitou muito ao responder: "administrar uma empresa e gerir pessoas é muito difícil".
"Gerir uma equipa de pessoas é algo que exige tempo e experiência. Felizmente, tive mentores que me ensinaram. Isso foi muito difícil", argumenta.
Como é que surgiu a ideia da Branch?
Interesso-me muito por política e economia e frequentemente achava que o que lia era parcial. Na televisão ou na rádio têm vários convidados e têm uma conversa. Achei que isso é uma grande ajuda para ter-se várias perspectivas. [Por isso decidi] fazer isso na Internet. Podes "twittar", escrever num blog, porque é que não podes ter uma conversa nesse formato? Foi essa basicamente a inspiração para a ideia.
Que desafios enfrentou quando começou a sua start-up?
Administrar uma empresa e gerir pessoas é muito difícil. A questão das start-ups é que qualquer pessoa pode escrever num computador e fazer algo. Com qualquer idade é possível. Mas gerir uma equipa é algo que exige tempo e experiência. Felizmente, tive mentores que me ensinaram. Foi muito difícil.
Disse que é essencial ter mentores. Sem mentores não é possível?
Claro que é possível. Mas há muitas coisas que as pessoas viveram e... por que não evitar aquele erro [que outros cometeram]? Isso foi muito do que recebemos dos nossos mentores, não apenas dos [membros do] Twitter: "nós tentámos isto e não funcionou". O Twitter fez várias parcerias e descobriram que isso não os ajudou a crescer. O facto de nos terem dito que isso não funcionou para eles, significou que não desperdiçámos tempo com isso.