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ColorADD: Os símbolos que dizem as cores aos daltónicos

Miguel Neiva criou um código de cor que ajuda as pessoas com daltonismo a perceberem as cores. Criou uma empresa para colocar no mercado este código que já está em mais de 80 países.

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17 de Janeiro de 2016 às 11:00
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São três símbolos que, à primeira vista, podem não trazer grandes benefícios. Mas, no caso de uma pessoa daltónica, estes três símbolos - um triângulo invertido, um triângulo e uma diagonal - podem representar uma grande mudança.

As pessoas com daltonismo não conseguem distinguir algumas cores. Por isso, podem precisar de ajuda para funções que, a muitos, podem parecer simples como é o caso de comprar roupa. Pensando nas pessoas que têm esta condição, Miguel Neiva criou um código que permite aos daltónicos perceberem quais as cores de determinada peça de vestuário, a cor da linha do metro ou mesmo a cor dos lápis. O azul corresponde a um triângulo invertido, o vermelho é um triângulo e o amarelo é uma diagonal. O branco é um quadrado só desenhado sem qualquer preenchimento e o preto é um quadrado totalmente preenchido.

"O código é uma linguagem gráfica associada às cores. Assenta no conhecimento adquirido que todos tivemos na escola. Aprendemos a misturar as cores primárias: o amarelo, o vermelho e o azul. (…) O que fiz foi atribuir a cada uma dessas cores primárias um símbolo gráfico. E, da mesma maneira que misturamos o amarelo com o vermelho para ter cor-de-laranja, misturamos o símbolo que representa o vermelho com o do amarelo, para termos o símbolo do cor-de-laranja", conta ao Negócios Miguel Neiva, criador do código e líder da empresa ColorADD.

Para que estes símbolos possam chegar a todas as pessoas "há já escolas a ensiná-los e há manuais escolares a utilizarem o código". Quanto aos adultos que possam ter interesse em conhecer estes símbolos podem aprendê-los "através dos próprios produtos".

Por exemplo, numa estação de metro no Porto, o código aparece a identificar as linhas, e "está em sítios estratégicos, aparecendo uma informação que diz o que é." 

Símbolos no Metro do Porto
Símbolos no Metro do Porto




Da mesma forma, nos lápis de cor da Viarco, além do código estar inserido nos próprios lápis, também na parte de trás da embalagem é explicado como funciona. "As próprias empresas tornam-se os interlocutores do processo de aprendizagem", acrescenta.

O objectivo de Miguel Neiva sempre foi "integrar o código em soluções em que a cor tem de ser um factor determinante de identificação, orientação ou escolha". Por isso, a aplicação do código em marcas de vestuário e em meios de transporte – como é o caso do Metro do Porto – já está operacional.

O responsável conta que esta simbologia está presente em vários países do mundo, quer através de empresas locais, como através das empresas portuguesas que já adoptaram o sistema. "Através dos produtos portugueses exportados, já são mais de 80 países" onde marcamos presença.

"Sempre quis que o projecto fosse socialmente sustentável. As empresas, para utilizarem o código, pagam-nos uma pequena taxa. Tem de ser um custo residual e é ajustado à dimensão das empresas - é indexado ao volume de facturação", salienta ainda. 

 

Da tese de mestrado a uma empresa com preocupações sociais

Miguel Neiva conta ao Negócios que a ideia nasceu quando partiu para a tese de mestrado. "Resolvi dedicar a minha tese de mestrado à questão do daltonismo quando percebi que não existia nada no mundo que pudesse minorar o constrangimento dos daltónicos. Estamos a falar de 350 milhões de pessoas" com esta condição.

Durante oito anos, Miguel Neiva esteve em contacto com médicos e daltónicos para perceber as dificuldades e limitações que enfrentam, mas também para encontrar um caminho para minorar a "limitação sempre que a cor é um factor de identificação, de orientação e de escolha".

A ColorADD nasceu em 2010, dois anos depois de Miguel Neiva defender a tese de mestrado.

Esta semana, a empresa foi a vencedora nacional do concurso "Chivas The Venture", uma iniciativa mundial da Chivas e que tem como objectivo apoiar empreendedores sociais em termos mundiais. Tendo vencido este prémio, a ColorADD recebeu um prémio de três mil euros e vai participar numa aceleradora em Oxford.

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