Notícia
No caminho da arquitectura sustentável
Depois de quatro anos a trabalhar no mercado da construção, a Aberto para Obras vai investir na arquitectura sustentável. A capacidade de adaptação ao mercado é a táctica para escapar à crise
02 de Julho de 2009 às 15:50
A economia atravessa tempos complicados e as construtoras ressentem-se com o abrandamento da procura. Mas, na Aberto para Obras, por enquanto a crise tem passado ao lado. O segredo, segundo Sandra Lopes Horta, é ter maleabilidade suficiente para se ir adaptando às voltas do mercado e descobrir novos caminhos quando os antigos se tornam sinuosos. A prová--lo, a sócia-gerente revela que a empresa está já a explorar novas oportunidades de negócio na arquitectura sustentável.
Com o aumento das exigências por parte dos clientes, a empresa percebeu que tinha de ter respostas. "Estamos a posicionar-nos para a arquitectura sustentável e temos tentado fazer projectos que sejam energeticamente eficientes", afirma Sandra. "Agradecemos o desafio e estamos prontos para, sempre que o cliente o deseje, construir edifícios de classe energética A."
Indo ainda ao sabor do mercado e mantendo-se no tópico da energia, a Aberto para Obras está também a tirar partido de um novo nicho de mercado criado pela certificação energética dos edifícios. "Um dos engenheiros que trabalha na empresa tem formação nesta área e dispôs-se desde logo a explorar esta opção", explica a sócia-gerente.
Este projecto que hoje se desdobra em múltiplas valências, nasceu quando Sandra se apercebeu de que o seu trabalho de arquitecta era muitas vezes complementado por engenheiros com quem nunca tinha contacto e com quem não interagia no decorrer dos projectos. Assim, pensou em criar um "cluster" de empresas onde o cliente pudesse encontrar uma equipa completa para abarcar todas as suas necessidades na área da construção. O nascimento da primeira Loja do Cidadão deu o contributo final para o conceito.
Entretanto, surgiu a hipótese de abrir um escritório perto mesmo perto da primeira loja do Cidadão de Lisboa. "Estava a fazer direcção de obra com uma empresa que tinha projectos na zona das Laranjeiras e entretanto fiquei grávida. Então, propus à empresa trabalhar para eles a custos muito reduzidos e, em troca, ficar com uma das lojas a preço de custo", recorda Sandra. Juntando o que amealhou durante vários anos de trabalho conseguiu abrir o seu negócio sem ter de recorrer ao crédito.
As coisas correram bem logo desde o início e, com os media a darem alguma atenção a este novo negócio, muitas foram as pessoas que entraram na loja com o jornal debaixo do braço a pedir informações. "Mas era sobretudo para remodelações e pequenos trabalhos, porque aquilo era uma novidade e as pessoas não queriam ainda fazer apostas fortes", lembra a mentora do conceito. "Só quando se começou a perceber que não éramos um grupo de recém-licenciados e que já tínhamos trabalho feito é que começaram a aparecer trabalhos já com algum porte." Actualmente, a Aberto para Obras conta com um leque de clientes onde se inclui um secretário de Estado, para quem está a construir uma casa de férias.
Ao longo do tempo as coisas foram mudando e, hoje em dia, já nem todos os serviços residem debaixo do mesmo tecto, até porque foram sendo incluídos outros à medida que eram solicitados pelos clientes. "Mas mantém-se a rede de parceiros e sempre que o cliente quer ter uma reunião em conjunto, ela acontece", esclarece Sandra.
Quatro anos após a inauguração, Sandra orgulha-se de dizer que o seu navio tem navegado em águas serenas e que está "claramente acima da média do mercado". Quanto ao futuro, não arrisca números, mas vai dizendo que tem "um pressentimento de que as coisas vão continuar a correr bem".
Uma arquitecta com livros em volta
Sandra Lopes Horta tem 39 anos e sempre sentiu vontade de comandar o seu próprio barco. Formada em Arquitectura e com uma pós-graduação em construção, trabalhou em vários ateliês antes de dar o salto para um negócio só seu. Hoje, diz-se satisfeita por ter a oportunidade de desenvolver o seu próprio traço e aponta o escritório da Aberto para Obras como o seu trabalho preferido, aquele em que não teve de harmonizar a sua visão com os desejos de um cliente. "O meu escritório é a minha cara, construído como o imaginei", diz.
Para lá das portas do escritório da empresa, Sandra descobriu que, para além de desenhar, também gosta de escrever. Desde há dois anos, aproveita as noites de insónia para alinhar ideias e anda sempre com um caderno e uma caneta para todo o lado. Gosta sobretudo de contos - "histórias cheias de acção, mas sem muita conversa descritiva", explica. Actualmente, está a trabalhar num conto passado em África. Por enquanto, ainda nada está publicado, mas diz que um dia há-de ganhar coragem para ir bater à porta das editoras.
O resto do tempo dedica-o aos dois filhos e à família. Sandra defende que é possível ser mãe e ter uma carreira, bastando para isso que se tenha uma enorme capacidade de trabalho, organização e alguma ajuda. Todos os dias leva trabalho para casa, mas só lhe pega depois de deitar as crianças.
Com o aumento das exigências por parte dos clientes, a empresa percebeu que tinha de ter respostas. "Estamos a posicionar-nos para a arquitectura sustentável e temos tentado fazer projectos que sejam energeticamente eficientes", afirma Sandra. "Agradecemos o desafio e estamos prontos para, sempre que o cliente o deseje, construir edifícios de classe energética A."
Este projecto que hoje se desdobra em múltiplas valências, nasceu quando Sandra se apercebeu de que o seu trabalho de arquitecta era muitas vezes complementado por engenheiros com quem nunca tinha contacto e com quem não interagia no decorrer dos projectos. Assim, pensou em criar um "cluster" de empresas onde o cliente pudesse encontrar uma equipa completa para abarcar todas as suas necessidades na área da construção. O nascimento da primeira Loja do Cidadão deu o contributo final para o conceito.
Entretanto, surgiu a hipótese de abrir um escritório perto mesmo perto da primeira loja do Cidadão de Lisboa. "Estava a fazer direcção de obra com uma empresa que tinha projectos na zona das Laranjeiras e entretanto fiquei grávida. Então, propus à empresa trabalhar para eles a custos muito reduzidos e, em troca, ficar com uma das lojas a preço de custo", recorda Sandra. Juntando o que amealhou durante vários anos de trabalho conseguiu abrir o seu negócio sem ter de recorrer ao crédito.
As coisas correram bem logo desde o início e, com os media a darem alguma atenção a este novo negócio, muitas foram as pessoas que entraram na loja com o jornal debaixo do braço a pedir informações. "Mas era sobretudo para remodelações e pequenos trabalhos, porque aquilo era uma novidade e as pessoas não queriam ainda fazer apostas fortes", lembra a mentora do conceito. "Só quando se começou a perceber que não éramos um grupo de recém-licenciados e que já tínhamos trabalho feito é que começaram a aparecer trabalhos já com algum porte." Actualmente, a Aberto para Obras conta com um leque de clientes onde se inclui um secretário de Estado, para quem está a construir uma casa de férias.
Ao longo do tempo as coisas foram mudando e, hoje em dia, já nem todos os serviços residem debaixo do mesmo tecto, até porque foram sendo incluídos outros à medida que eram solicitados pelos clientes. "Mas mantém-se a rede de parceiros e sempre que o cliente quer ter uma reunião em conjunto, ela acontece", esclarece Sandra.
Quatro anos após a inauguração, Sandra orgulha-se de dizer que o seu navio tem navegado em águas serenas e que está "claramente acima da média do mercado". Quanto ao futuro, não arrisca números, mas vai dizendo que tem "um pressentimento de que as coisas vão continuar a correr bem".
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Uma arquitecta com livros em volta
Sandra Lopes Horta tem 39 anos e sempre sentiu vontade de comandar o seu próprio barco. Formada em Arquitectura e com uma pós-graduação em construção, trabalhou em vários ateliês antes de dar o salto para um negócio só seu. Hoje, diz-se satisfeita por ter a oportunidade de desenvolver o seu próprio traço e aponta o escritório da Aberto para Obras como o seu trabalho preferido, aquele em que não teve de harmonizar a sua visão com os desejos de um cliente. "O meu escritório é a minha cara, construído como o imaginei", diz.
Para lá das portas do escritório da empresa, Sandra descobriu que, para além de desenhar, também gosta de escrever. Desde há dois anos, aproveita as noites de insónia para alinhar ideias e anda sempre com um caderno e uma caneta para todo o lado. Gosta sobretudo de contos - "histórias cheias de acção, mas sem muita conversa descritiva", explica. Actualmente, está a trabalhar num conto passado em África. Por enquanto, ainda nada está publicado, mas diz que um dia há-de ganhar coragem para ir bater à porta das editoras.
O resto do tempo dedica-o aos dois filhos e à família. Sandra defende que é possível ser mãe e ter uma carreira, bastando para isso que se tenha uma enorme capacidade de trabalho, organização e alguma ajuda. Todos os dias leva trabalho para casa, mas só lhe pega depois de deitar as crianças.