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Netsonda - Os quatro mosqueteiros

Observar o comportamento das pessoas em redes sociais é o novo projecto da Netsonda. Objectivo: ajudar as marcas a promover melhor os seus produtos.

16 de Junho de 2011 às 10:17
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Tiago Cabral não passava de um miúdo quando começou a ser empresário. Aos 16 anos, já tinha um projecto para um negócio de frutas ao domicílio com Salvador Gouveia, Francisco Van Zeller e Eduardo de Matos. Há cerca de 18 anos que ninguém os separa.

Passaram das frutas para as comunicações móveis, entre telechamadas e revenda de telemóveis. Quando a euforia decaiu, a Internet começou a ser a novidade. Só em 2000 é que mudaram para os estudos de mercado on-line. "Esta sociedade tinha de se reinventar para continuar. Decidimos que queríamos fazer algo na Internet, mas não sabíamos o quê", conta Salvador Gouveia.

Descobriram que nos Estados Unidos da América e na Austrália existiam sítios próprios para inquéritos on-line, algo completamente inovador em Portugal. "O Francisco tinha instalado uma barra no computador que dava créditos. Se cada pessoa a quem ele enviasse a barra a instalasse, ele ganhava. E nós lembrámo-nos: porque não pagar às pessoas para dar a sua opinião?"

Com a ideia, chegaram as dúvidas mas não interessavam. Eram empreendedores e tinham identificado uma oportunidade de negócio. Venderam-na a um sócio privado e a uma empresa de estudos de mercado tradicional. A Netsonda arrancou com um investimento inicial de 500 contos.

"Somos muito cautelosos, nunca damos passos maiores do que as pernas", diz Tiago Cabral. Montaram o escritório num apartamento vazio de um familiar, pintaram paredes, rodapés e até alcatifaram o chão. Contrataram um programador para construir o "software" do painel que eles próprios desenharam e quando começaram a ganhar uma pequena carteira de clientes, trocaram-no por uma empresa. "O painel foi, desde o início, o nosso factor diferenciador", diz Salvador Gouveia.

Em 2000, rebenta a bolha das "dot-com" e muitos dos potenciais clientes faliram. Mantiveram os custos baixos e dois ou três clientes que permitiam algum "cash-flow" anual. "Um dos maiores bancos nacionais é nosso cliente desde o primeiro momento." Enquanto o mercado estava mais ou menos congelado, desenvolveram a plataforma e aumentaram o painel de utilizadores. Em 2004, desenvolveram outra área inovadora para estudos de clima organizacional. "Quando o mercado retomasse, estaríamos muito mais fortes e preparados para agarrar a oportunidade."

Começar de novo
Durante 2005 e 2006, várias empresas tentaram comprar a Netsonda, mas sem sucesso. Os quatro amigos sabiam que só agora é que o seu projecto começava a crescer. Associaram-se à empresa de "software" Cint e acederam a mais de 3 milhões de consumidores em 40 países. Em 2007, venderam parte da empresa ao fundo de investimento ASK, que só investe em "startups" inovadoras. Apesar de existirem há sete anos, os agentes do fundo sentiram que a Netsonda estava numa fase de renascimento. Segundo Tiago Cabral, estavam a começar de novo.

Quando chegou a crise do "subprime", não se assustaram. Com a entrada do capital, contrataram recursos, ganharam capacidades, investiram no painel, contrataram novas ferramentas e o mercado reagiu. Um dia, foram a uma reunião comercial à Fullsix, grupo internacional de marketing digital, presente em sete países e com um volume de negócios superior a 50 milhões de euros. Dias depois, receberam um convite para se conhecerem melhor.

A Fullsix mostrou logo interesse em adquirir a parte da ASK. Nessa altura, sabiam que precisavam de alavancagem comercial, presença numa estrutura e estratégia mais global. A Fullsix foi a porta para colmatar estas necessidades. Já são responsáveis pelo "research" ibérico e estão presentes em Cabo Verde, Angola e Moçambique. "Está a haver um grande investimento nestes países e, se calhar, daqui a dois ou três anos, já conseguimos ter alguns clientes nacionais que queiram fazer estudos de mercado lá mais específicos", explica Tiago Cabral.

Querem continuar a crescer para um nível que permita entregar um serviço de qualidade aos clientes e dar uma boa rentabilidade aos accionistas. Agora, estão a explorar a área dos "social media", onde observam o comportamento das pessoas em redes sociais. Objectivo: ajudar as marcas a promover melhor os seus produtos neste público-alvo.

Actualmente, a empresa tem os quatro sócio originais, mas apenas dois trabalham na Netsonda a tempo inteiro. Francisco Van Zeller concilia a Netsonda com outro cargo e Eduardo de Matos está na Coreia. Tiago Cabral e Salvador Gouveia são os sócios executivos e têm 34 anos. As reuniões continuam com a mesma metodologia da época da fruta, mas agora são feitas no skype. Salvador Gouveia não deixa de lembrar que o futuro vai ser sempre encarado com a atitude que têm desde os 16 anos: "Vamos levar cada projecto em que estamos envolvidos até ao máximo de potencial que ele tem."




Bilhete de identidade

Empresa Netsonda
Área de actividade Market research
Número de colaboradores 9
Facturação 2010 800 mil euros
Sítio www.netsonda.pt



Dos zero aos 80 mil utilizadores

A Netsonda tem 80 mil utilizadores e mais de 100 clientes, como o BES, BP, CGD, Continente, EDP, Galp, Millennium BCP, SIC, Zon, Vodafone ou TAP. Criou a Netsonda Fieldwork, onde a recolha de informação é feita em "outsourcing" e estabeleceu parcerias com universidades. A empresa é membro da organização internacional ESOMAR e APODEMO - Associação Portuguesa de Empresas de Estudos de Mercado e Opinião, sendo credenciada na Entidade Reguladora para a Comunicação Social. Foi integrada em publicações como o Mercator e apresentada como um estudo de caso em algumas universidades portuguesas.

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