Notícia
Inovação em versão móvel
Os "smartphones" chegaram e as aplicações para telemóvel, pelo seu potencial, trouxeram novas oportunidades para as empresas, que podem explorar as plataformas móveis. Em Portugal, algumas empresas já estão a desenvolver produtos inovadores com destaque internacional.
30 de Junho de 2011 às 10:20
É fácil acumular cartões, muitos deles de fidelização a marcas e lojas e que vão engordando as carteiras. Um problema sentido por António Murta e Carlos Oliveira, que olharam para o telemóvel e pensaram numa solução. Por que não agrupar todos os cartões de fidelização numa única aplicação para telemóvel? A resposta a esta pergunta deu origem à Cardmobili, empresa especializada no desenvolvimento de aplicações mobile na área do retalho. E Helena Leite, CEO, explica: "Tínhamos um problema e uma convicção: que a solução passaria obrigatoriamente pelo telemóvel."
Cada vez mais, os telemóveis apresentam-se como importantes instrumentos que facilitam o dia-a-dia, ainda mais numa altura em que os smartphones se vão tornando cada vez mais banais, abrindo caminho à inovação nas plataformas mobile, com a criação de 'app', a versão reduzida da palavra "aplicações".
As "apps" já constituem um mercado de milhares de milhões em todo o mundo. Estima-se que, em 2010, foram descarregadas cerca de 10 mil milhões de aplicações móveis em todo o mundo, com um valor de mercado a rondar os 5 mil milhões de dólares, segundo estimativas da IDC, empresa de "market intelligence" no mercado das Tecnologias da Informação. Um mercado que não passa ao lado das tecnológicas portuguesas.
Segundo Felipe Costa, responsável pelo departamento de comunicação da UPTEC, a incubadora de empresas da Universidade do Porto, "notou-se nos últimos dois, três anos um grande interesse nestas áreas" dentro da Universidade, com o "crescimento do mercado, que se tornou mais apetecível". O mercado das aplicações móveis é, segundo Felipe Costa, "especialmente apelativo" pela "ausência de barreiras à entrada", já que qualquer empresa pode comercializar as suas aplicações nas lojas principais - na App Store da Apple e na Google Market - com "custos de comercialização muito baixos", motivando as empresas, e até mesmo universitários, a desenvolver aplicações para a área móvel.
A Waterdog Mobile é o exemplo de uma empresa nacional que compete no palco internacional e já recorre a estas lojas globais. O seu produto MyOffice - uma espécie de secretária em versão aplicação móvel - já é vendido no estrangeiro, sobretudo nos EUA, um feito sobretudo tendo em conta que a empresa foi criada há quatro meses.
Mas não há consenso no mercado sobre a forma como Portugal se posiciona neste mercado. Apesar de todos os atractivos, Mário Valente da Seed Capital, uma empresa de capital de risco, considera que o mercado português ainda está a dar os primeiros passos nesta área, sendo ainda "inconsistente e fragmentado". No mercado das aplicações móveis, diz, "há apenas pequenos nichos porque os projetos não se focam a nível internacional, não conseguindo ter nem dimensão, nem massa crítica". Contudo, Mário Valente diz que "num mercado em expansão e com múltiplos players, há sempre espaço para crescer".
Já Gabriel Coimbra, responsável pela área de research da IDC, não partilha da mesma opinião. Considera que o mercado mobile português "sempre foi muito desenvolvido". "Há know-how cá", refere, dizendo que há empresas portuguesas a trabalhar nesta área há muitos anos, por vezes, em parceria com as operadoras de telecomunicações. É o caso da Wit, que nasceu na incubadora do Instituto Pedro Nunes em Coimbra, e acabou por constituir-se oficialmente como empresa "por ser mais confortável à própria Telecel" negociar não com um laboratório, mas com uma entidade oficial, explica o responsável de desenvolvimento das aplicações móveis, Rui Oliveira. Até hoje, a empresa desenvolve soluções mobile em parceria com a agora Vodafone Portugal.
Despertar para potencialidades do telemóvel
Mas além das empresas de telecomunicações, qual tem sido a receptividade das empresas portuguesas em relação às potencialidades das plataformas mobile? Pedro Coutinho, business developer da Waterdog Mobile, acha que "o mercado ainda está a começar, mas há interesse" da parte das empresas em explorar a área das aplicações para smartphones. Já Helena Leite, da Cardmobili, diz que "sempre teve a convicção" de que as soluções "têm de passar pelo mobile", mas "gostaria que as empresas respondessem mais depressa" às propostas da Cardmobili.
Felipe Costa da UPTEC também nota alguma resistência no mercado. Apesar de considerar que a área móvel "veio para ficar", "as empresas portuguesas ainda procuram "aplicações de marca", ou seja, aplicações sem grande interactividade, apenas para marcar presença nas plataformas mobile. A tendência é, segundo Felipe Costa "que as empresas passem a encomendar cada vez mais aplicações de serviços", apostando em soluções interactivas para os seus utilizadores.
Apple versus Google
Para as empresas que desenvolvem aplicações para smartphones, é relativamente fácil comercializar as aplicações criadas: em específico, através da AppStore da Apple ou do Android Market, para citar duas das lojas online mais emblemáticas. Pedro Coutinho realça, contudo, as diferenças de filosofia: "A Apple tem mais regras, é necessário submeter as aplicações a um escrutínio apertado". Já as aplicações desenvolvidas em Android, "o mercado é mais aberto, há muito menos limitações e é mais fácil chegar a muitas pessoas". Contudo, a tecnológica de Steve Jobs continua a ser a mais importante: "A Apple é a Apple", apesar da "flexibilidade da plataforma Android" tornar mais fácil a comercialização às empresas.
Cada vez mais, os telemóveis apresentam-se como importantes instrumentos que facilitam o dia-a-dia, ainda mais numa altura em que os smartphones se vão tornando cada vez mais banais, abrindo caminho à inovação nas plataformas mobile, com a criação de 'app', a versão reduzida da palavra "aplicações".
Segundo Felipe Costa, responsável pelo departamento de comunicação da UPTEC, a incubadora de empresas da Universidade do Porto, "notou-se nos últimos dois, três anos um grande interesse nestas áreas" dentro da Universidade, com o "crescimento do mercado, que se tornou mais apetecível". O mercado das aplicações móveis é, segundo Felipe Costa, "especialmente apelativo" pela "ausência de barreiras à entrada", já que qualquer empresa pode comercializar as suas aplicações nas lojas principais - na App Store da Apple e na Google Market - com "custos de comercialização muito baixos", motivando as empresas, e até mesmo universitários, a desenvolver aplicações para a área móvel.
A Waterdog Mobile é o exemplo de uma empresa nacional que compete no palco internacional e já recorre a estas lojas globais. O seu produto MyOffice - uma espécie de secretária em versão aplicação móvel - já é vendido no estrangeiro, sobretudo nos EUA, um feito sobretudo tendo em conta que a empresa foi criada há quatro meses.
Mas não há consenso no mercado sobre a forma como Portugal se posiciona neste mercado. Apesar de todos os atractivos, Mário Valente da Seed Capital, uma empresa de capital de risco, considera que o mercado português ainda está a dar os primeiros passos nesta área, sendo ainda "inconsistente e fragmentado". No mercado das aplicações móveis, diz, "há apenas pequenos nichos porque os projetos não se focam a nível internacional, não conseguindo ter nem dimensão, nem massa crítica". Contudo, Mário Valente diz que "num mercado em expansão e com múltiplos players, há sempre espaço para crescer".
Já Gabriel Coimbra, responsável pela área de research da IDC, não partilha da mesma opinião. Considera que o mercado mobile português "sempre foi muito desenvolvido". "Há know-how cá", refere, dizendo que há empresas portuguesas a trabalhar nesta área há muitos anos, por vezes, em parceria com as operadoras de telecomunicações. É o caso da Wit, que nasceu na incubadora do Instituto Pedro Nunes em Coimbra, e acabou por constituir-se oficialmente como empresa "por ser mais confortável à própria Telecel" negociar não com um laboratório, mas com uma entidade oficial, explica o responsável de desenvolvimento das aplicações móveis, Rui Oliveira. Até hoje, a empresa desenvolve soluções mobile em parceria com a agora Vodafone Portugal.
Despertar para potencialidades do telemóvel
Mas além das empresas de telecomunicações, qual tem sido a receptividade das empresas portuguesas em relação às potencialidades das plataformas mobile? Pedro Coutinho, business developer da Waterdog Mobile, acha que "o mercado ainda está a começar, mas há interesse" da parte das empresas em explorar a área das aplicações para smartphones. Já Helena Leite, da Cardmobili, diz que "sempre teve a convicção" de que as soluções "têm de passar pelo mobile", mas "gostaria que as empresas respondessem mais depressa" às propostas da Cardmobili.
Felipe Costa da UPTEC também nota alguma resistência no mercado. Apesar de considerar que a área móvel "veio para ficar", "as empresas portuguesas ainda procuram "aplicações de marca", ou seja, aplicações sem grande interactividade, apenas para marcar presença nas plataformas mobile. A tendência é, segundo Felipe Costa "que as empresas passem a encomendar cada vez mais aplicações de serviços", apostando em soluções interactivas para os seus utilizadores.
Apple versus Google
Para as empresas que desenvolvem aplicações para smartphones, é relativamente fácil comercializar as aplicações criadas: em específico, através da AppStore da Apple ou do Android Market, para citar duas das lojas online mais emblemáticas. Pedro Coutinho realça, contudo, as diferenças de filosofia: "A Apple tem mais regras, é necessário submeter as aplicações a um escrutínio apertado". Já as aplicações desenvolvidas em Android, "o mercado é mais aberto, há muito menos limitações e é mais fácil chegar a muitas pessoas". Contudo, a tecnológica de Steve Jobs continua a ser a mais importante: "A Apple é a Apple", apesar da "flexibilidade da plataforma Android" tornar mais fácil a comercialização às empresas.