Notícia
Trabalhadores da Euronews vão votar moção de censura contra direção e acionista portuguesa Alpac
A votação da moção de censura está agendada para 09 e 10 de outubro.
03 de Outubro de 2023 às 18:11
Os trabalhadores da Euronews votam nos dias 09 e 10 de outubro uma moção de censura contra a direção e aos acionistas maioritários da Euronews SA, Pedro Vargas David e Luís Santos, divulgou esta terça-feira a Intersindical da Euronews.
"Face às ameaças que pesam sobre o nosso futuro e a liberdade e a independência da nossa redação, os trabalhadores da Euronews SA, reunidos em assembleia-geral aprovaram a organização do voto de uma moção de censura à direção e ao acionista maioritário, Alpac, detida a 100% por Pedro Vargas David e Luís Santos", lê-se no comunicado da Intersindical da Euronews (CGC-CFE, Sindicato Nacional dos Jornalistas e CGT).
A votação da moção de censura está agendada para 09 e 10 de outubro.
"A moção surge na sequência do arranque hoje, em França, dos Estados Gerais da Informação, uma iniciativa do presidente Emmanuel Macron que visa abordar as ameaças à liberdade de imprensa em França, na Europa e no mundo", refere o comunicado.
O mesmo salienta ainda que a moção "exprime a profunda indignação dos trabalhadores da Euronews SA com a gestão e as decisões tomadas pela direção desde o anúncio de um plano de reorganização da empresa e a assinatura de um acordo sindical sobre um conjunto de medidas destinadas a evitar os despedimentos e ajudar os trabalhadores a encontrarem um novo emprego".
Até hoje, "o resultado do plano é catastrófico: apenas cerca de 15% dos 178 trabalhadores despedidos serão reposicionados num dos 144 postos de trabalho disponíveis nas filiais do grupo" e um terço das candidaturas internas "foram rejeitadas".
Além disso, "apesar de terem sido aceites, alguns candidatos declinaram a oferta porque a direção propôs cortes salariais importantes", alerta a Intersindical da Euronews, que aponta também que a liberdade de imprensa está em risco.
"A independência da nossa redação está mais ameaçada do que nunca, desde a chegada dos acionistas da Alpac, Pedro Vargas David e Luís Santos" e os "trabalhadores suspeitam que os contratos comerciais com certos países (Qatar, Azerbaijão e Arábia Saudita, por exemplo) constrangem a liberdade da nossa redação", refere o comunicado.
Aliás, "os jornalistas já alertaram, várias vezes, o diretor de informação da Euronews, Peter Barabas, para falta de liberdade da redação quando se trata de abordar o conflito entre o Azerbaijão e a Arménia", tratando-se de um "questionamento legítimo uma vez que a Euronews tem uma parceria comercial com o Azerbaijão".
Contudo, prossegue, "a direção nega qualquer interferência, mas o diretor de informação optou por dar instruções para não publicar mapas do território em questão e apelidou a recente escalada do conflito como ciclo de violência, apesar da generalidade dos meios de comunicação social usarem o termo 'agressão'", descreve a Intersindical da Euronews.
Em 20 de setembro, entre as 23:00 e as 00:00, "o principal acionista da Euronews, Pedro Vargas David, visitou a redação e perguntou se uma entrevista sobre o conflito estava a correr bem. Ficou então a saber que partes da entrevista tinham sido incorretamente transcritas e traduzidas para inglês por uma ferramenta de inteligência artificial [IA]", denuncia a estrutura sindical.
Efetivamente, "a utilização de programas de IA para traduzir notícias é uma das decisões impostas pelo diretor-geral da Euronews, Guillaume Dubois, contra a vontade dos jornalistas. De qualquer forma, um acionista não tem o direito de realizar ou supervisionar tarefas jornalísticas, isto vai contra o código de ética dos jornalistas", aponta.
A luta vai "além dos nossos meios de comunicação social, é uma luta pela liberdade de imprensa em geral", sendo que "a nossa redação está sob forte pressão financeira devido ao subinvestimento do acionista na informação, o que constitui um ataque à nossa liberdade de informar".
A Intersindical acrescenta que, "desde a chegada do novo acionista, o departamento de recursos humanos, dirigido por Julien Jouanne, tem dado provas de falta de transparência e de uma comunicação inadequada com os trabalhadores e com os representantes do pessoal".
Além disso, há "falta de perspetivas de futuro para os trabalhadores que ficam na sede em Lyon".
Perante isto, os trabalhadores da Euronews SA exigem ao acionista maioritário Alpac "que se comprometa por escrito a deixar de interferir nas escolhas editoriais da redação e a não impedir as equipas editoriais de tratarem a informação sob o pretexto de que isso prejudicaria os interesses das nossas parcerias comerciais" e que "respeite os compromissos assumidos pela direção da empresa, no âmbito do plano de reestruturação (PSE), validado pelo Direcção Regional da Economia (DREETS), de modo a favorecer o recrutamento de trabalhadores pelas filiais do grupo".
Pedem ainda que "o departamento de recursos humanos da Euronews SA, dirigido por Julien Jouanne, comunique, o mais rapidamente possível, e de forma clara, todas as consequências da reorganização para que aos trabalhadores possam ter uma visão clara do seu futuro imediato" e que "conceda às equipas editoriais do grupo (...) o direito de aceitar ou rejeitar a nomeação do(s) diretor(es) da informação".
Este é "um direito que faz parte do conjunto de propostas que serão apresentadas nos Estados Gerais da Informação, em França", salienta.
Em 05 de julho de 2022, a gestora de fundos Alpac Portugal anunciou a compra da maioria do capital da cadeia de televisão Euronews, após a aprovação da operação pelo Governo francês.
O valor do negócio, que tinha sido anunciado em dezembro do ano passado, não foi revelado.
"Face às ameaças que pesam sobre o nosso futuro e a liberdade e a independência da nossa redação, os trabalhadores da Euronews SA, reunidos em assembleia-geral aprovaram a organização do voto de uma moção de censura à direção e ao acionista maioritário, Alpac, detida a 100% por Pedro Vargas David e Luís Santos", lê-se no comunicado da Intersindical da Euronews (CGC-CFE, Sindicato Nacional dos Jornalistas e CGT).
"A moção surge na sequência do arranque hoje, em França, dos Estados Gerais da Informação, uma iniciativa do presidente Emmanuel Macron que visa abordar as ameaças à liberdade de imprensa em França, na Europa e no mundo", refere o comunicado.
O mesmo salienta ainda que a moção "exprime a profunda indignação dos trabalhadores da Euronews SA com a gestão e as decisões tomadas pela direção desde o anúncio de um plano de reorganização da empresa e a assinatura de um acordo sindical sobre um conjunto de medidas destinadas a evitar os despedimentos e ajudar os trabalhadores a encontrarem um novo emprego".
Até hoje, "o resultado do plano é catastrófico: apenas cerca de 15% dos 178 trabalhadores despedidos serão reposicionados num dos 144 postos de trabalho disponíveis nas filiais do grupo" e um terço das candidaturas internas "foram rejeitadas".
Além disso, "apesar de terem sido aceites, alguns candidatos declinaram a oferta porque a direção propôs cortes salariais importantes", alerta a Intersindical da Euronews, que aponta também que a liberdade de imprensa está em risco.
"A independência da nossa redação está mais ameaçada do que nunca, desde a chegada dos acionistas da Alpac, Pedro Vargas David e Luís Santos" e os "trabalhadores suspeitam que os contratos comerciais com certos países (Qatar, Azerbaijão e Arábia Saudita, por exemplo) constrangem a liberdade da nossa redação", refere o comunicado.
Aliás, "os jornalistas já alertaram, várias vezes, o diretor de informação da Euronews, Peter Barabas, para falta de liberdade da redação quando se trata de abordar o conflito entre o Azerbaijão e a Arménia", tratando-se de um "questionamento legítimo uma vez que a Euronews tem uma parceria comercial com o Azerbaijão".
Contudo, prossegue, "a direção nega qualquer interferência, mas o diretor de informação optou por dar instruções para não publicar mapas do território em questão e apelidou a recente escalada do conflito como ciclo de violência, apesar da generalidade dos meios de comunicação social usarem o termo 'agressão'", descreve a Intersindical da Euronews.
Em 20 de setembro, entre as 23:00 e as 00:00, "o principal acionista da Euronews, Pedro Vargas David, visitou a redação e perguntou se uma entrevista sobre o conflito estava a correr bem. Ficou então a saber que partes da entrevista tinham sido incorretamente transcritas e traduzidas para inglês por uma ferramenta de inteligência artificial [IA]", denuncia a estrutura sindical.
Efetivamente, "a utilização de programas de IA para traduzir notícias é uma das decisões impostas pelo diretor-geral da Euronews, Guillaume Dubois, contra a vontade dos jornalistas. De qualquer forma, um acionista não tem o direito de realizar ou supervisionar tarefas jornalísticas, isto vai contra o código de ética dos jornalistas", aponta.
A luta vai "além dos nossos meios de comunicação social, é uma luta pela liberdade de imprensa em geral", sendo que "a nossa redação está sob forte pressão financeira devido ao subinvestimento do acionista na informação, o que constitui um ataque à nossa liberdade de informar".
A Intersindical acrescenta que, "desde a chegada do novo acionista, o departamento de recursos humanos, dirigido por Julien Jouanne, tem dado provas de falta de transparência e de uma comunicação inadequada com os trabalhadores e com os representantes do pessoal".
Além disso, há "falta de perspetivas de futuro para os trabalhadores que ficam na sede em Lyon".
Perante isto, os trabalhadores da Euronews SA exigem ao acionista maioritário Alpac "que se comprometa por escrito a deixar de interferir nas escolhas editoriais da redação e a não impedir as equipas editoriais de tratarem a informação sob o pretexto de que isso prejudicaria os interesses das nossas parcerias comerciais" e que "respeite os compromissos assumidos pela direção da empresa, no âmbito do plano de reestruturação (PSE), validado pelo Direcção Regional da Economia (DREETS), de modo a favorecer o recrutamento de trabalhadores pelas filiais do grupo".
Pedem ainda que "o departamento de recursos humanos da Euronews SA, dirigido por Julien Jouanne, comunique, o mais rapidamente possível, e de forma clara, todas as consequências da reorganização para que aos trabalhadores possam ter uma visão clara do seu futuro imediato" e que "conceda às equipas editoriais do grupo (...) o direito de aceitar ou rejeitar a nomeação do(s) diretor(es) da informação".
Este é "um direito que faz parte do conjunto de propostas que serão apresentadas nos Estados Gerais da Informação, em França", salienta.
Em 05 de julho de 2022, a gestora de fundos Alpac Portugal anunciou a compra da maioria do capital da cadeia de televisão Euronews, após a aprovação da operação pelo Governo francês.
O valor do negócio, que tinha sido anunciado em dezembro do ano passado, não foi revelado.