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Dona da revista Maria pede novo PER com dívidas de 50 milhões
A editora de revistas como a Maria, Nova Gente, VIP ou TV7Dias pediu um novo Processo Especial de Revitalização (PER), depois de a homologação do primeiro ter sido chumbada pelo Tribunal da Relação de Lisboa. A empresa acumula um passivo de 49,3 milhões de euros.
A DescobrirPress, empresa do grupo Impala, dona de populares revistas da imprensa portuguesa, como a Maria e a Nova Gente, entrou num segundo "round" de negociações com os credores para se salvar da falência.
No final do passado mês de Dezembro, o Tribunal da Comarca de Lisboa Oeste aceitou o pedido de um segundo Processo Especial de Revitalização (PER) da DescobrirPress, tendo nomeado para administrador de insolvência Jorge Ruben Fernandes Rego, que tinha sido já o gestor judicial do primeiro PER.
A dívida acumulada até ao momento pelo grupo de Jacques Rodrigues atinge os 49,3 milhões de euros, menos um milhão do que o total de créditos que foram reconhecidos no primeiro PER.
A gráfica Sogapal é a maior credora, reclamando 20,3 milhões de euros (quase 40% do total), depois de ter comprado, ainda durante as negociações do PER inicial, os créditos da massa falida da Electroliber, que era o maior credor individual da DescobrirPress.
Da lista de 318 credores da empresa, fazem parte a Segurança Social (7,3 milhões de euros), o fisco (457 mil euros), a Lisgráfica (8,5 milhões de euros) e mais de 200 ex-trabalhadores.
O primeiro PER da DescobrirPress, que foi aprovado, em Abril do ano passado, por cerca de 80% dos credores, implicava um perdão de 95% da dívida da empresa aos fornecedores, sendo que os restantes 5% seriam pagos em prestações mensais durante 12 anos e após um período de carência de cinco anos. E assim se extinguiacerca de metade da dívida.
Já os créditos da Segurança Social, fisco, bancos e ex-trabalhadores, seriam integralmente pagos, num prazo de entre 5 e 12 anos.
Dois dos credores, a Lisgráfica e o Banco Primus (com créditos de pouco mais de oito mil euros), recorreram da decisão de homologação para a Relação de Lisboa, que viria a revogar o PER, em Outubro passado.
A instância judicial superior justificou o chumbo com os "níveis chocantes" de disparidade em relação aos modelos de pagamento dos créditos. A Lisgráfica, por exemplo, só teria direito a receber 194 mil euros (em prestações mensais durante 12 anos) dos 7,1 milhões de créditos que tinha até então a haver.
Foi em meados de 2012 que surgiram os primeiros sinais das dificuldades financeiras da Impala, com atraso no pagamento de salários e despedimento de trabalhadores, quando encerrou títulos como a Focus, Nova Gente Decoração, Segredos de Cozinha e Mulher Moderna na Cozinha.