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Três A e Elias compram maior produtor ibérico de lingote à dona da Malo
Quatro anos após ter adquirido os ativos de uma metalúrgica falida e triplicado a sua faturação para 34 milhões de euros, dos quais metade em exportações, a capital de risco Atena vende a ASBW à atual equipa de gestão e acionistas minoritários da empresa.
António Silva, António Barbosa, Alberto Barbosa e Elias Rebuge formam o quarteto de atuais gestores da ASBW que promoveu a compra da metalúrgica de Santa Maria da Feira à Atena Equity Partners, capital de risco que detém, entre outras empresas, a Malo Clinic e metade do grupo editorial Leya.
A operação de "management buy out" (MBO), realizada já em agosto passado mas que só agora é que foi liquidada e publicamente anunciada, acontece após a Atena ter realizado aquilo que classifica como "sucesso do processo de revitalização da empresa", cujos ativos tinha adquirido em leilão, no início de 2016, em sede de processo de insolvência da metalúrgica.
"O investimento na ASBW demonstra a nossa capacidade de reestruturar e revitalizar negócios e empresas. Em apenas quatro anos conseguimos transformar os ativos de uma sociedade insolvente numa empresa líder, que é hoje o maior produtor ibérico de lingote e barra de latão", realça Miguel Lancastre, sócio fundador da Atena Equity Partners, em comunicado.
"Criámos dezenas de postos de trabalho, fomentámos as exportações e mais do que triplicámos as vendas da empresa. Concretizamos esta alienação com um sentido de dever cumprido, pois conseguimos salvar mais uma empresa e contribuímos para a criação de riqueza em Portugal", enfatiza Miguel Lancastre.
Dos iniciais três trabalhadores, a ASBW conta hoje com 65 pessoas ao seu serviço, tendo fechado o último exercício com uma faturação de 34 milhões de euros, dos quais cerca de metade são gerados nos mercados internacionais, com a Alemanha – onde tem uma delegação, em Düsseldorf – à cabeça.
Sob a sua gestão, a ASBW "concretizou a implementação de rigorosos procedimentos de gestão de risco de oscilação do preço das matérias primas, adotou políticas de gestão de risco de crédito, apoiou o desenvolvimento dos principais clientes portugueses e reforçou as exportações, com destaque para o mercado alemão", sublinha a Atena.
Esta "private equity" adianta que foram ainda realizados investimentos relevantes nas infraestruturas da ASBW, os quais, garante, "colocam a empresa muito bem preparada para uma nova fase de desenvolvimento".
De acordo com a Atena, "fruto do trabalhado desenvolvido" nestes quatro anos, a ASBW tornou-se o maior produtor ibérico de lingote e barra de latão, com uma capacidade para transformação anual de 40 mil toneladas.
Fundada em 1940, faliu em 2013 e ressuscitou em 2016 pelas mãos da Atena
O investimento principal da Atena Equity Partners na ASBW realizou-se no início de 2016, altura em que esta empresa adquiriu todos os ativos da então insolvente Alberto da Silva Barbosa & Filhos no âmbito de uma venda dos ativos em leilão.
A Alberto da Silva Barbosa & Filhos foi fundada em 1940, em plena II Guerra Mundial, que não chegou a Portugal, pois o país manteve uma posição de neutralidade durante o conflito.
A atividade da empresa começou por ser apenas comercial, tendo passado a industrial uma década mais tarde, com a produção de lingotes e barras de metal não ferroso.
Em 2013, a empresa familiar entrou em processo de insolvência. Sem recuperação, faliu. Foi quando a Atena Equity Partners entrou em cena, tendo fundado uma nova entidade com os ativos da falida – a ASBW, acrónimo que mantém o nome fundacional com as iniciais de Alberto da Silva Barbosa, que absorveu as licenças, fábrica e maquinaria da anterior denominação.
A venda da ASBW corporiza o segundo desinvestimento da Atena, depois de ter vendido a Páginas Amarelas. Acresce o facto de não ter conseguido recuperar a Prado Karton, que tinha adquirido há quatro anos e onde investiu alguns milhões de euros, que acabou por cair na insolvência e seguido para liquidação.
A Atena Equity Partners - cujos sócios são João Rodrigo Santos, Miguel Lancastre e Victor Guégués - detém atualmente a Simi (engenharia), a Padro Cartolinas da Lousã (papel), a Wemold (moldes), a Malo Clinic e 49,9% do grupo Leya, que detém editoras como a D. Quixote, Caminho ou ASA, estando os restantes 50,1% nas mãos de Isaías Gomes Teixeira, Tiago Morais Sarmento e Pedro Marques Guedes.