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Têxtil iguala exportações de 2007 com menos 2.500 empresas
Associação de industriais do sector justifica estes dados com o aumento da produtividade e maior valor acrescentado dos produtos vendidos ao exterior.
O presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), João Costa destacou esta quarta-feira o "aumento da competitividade" num sector de grande "instabilidade psicológica", assim como a sua orientação para os mercados internacionais desde o início da crise.
Para ilustrar esta transformação - em que não valorizou o volume de vendas no mercado nacional -, o empresário contabilizou que o valor actual das exportações é semelhante ao que era em 2007, embora a crise tenha contribuído para o desaparecimento de 2.500 empresas e de milhares de trabalhadores neste período.
"Isto foi conseguido à custa também do aumento da competitividade, do valor acrescentado nos produtos (não vendemos mais em volume, mas sim em valor), a produtividade do trabalho aumentou", elencou João Costa, para quem estes números mostram que "este é um sector perene".
As exportações da indústria têxtil e de vestuário aumentaram 7% em Setembro, ajudando a consolidar o crescimento acumulado nos primeiros nove meses do ano: 2,4% para um valor global de 3,2 mil milhões de euros. Quando faltavam apenas três meses para fechar o ano, este sector que "só é tradicional porque vestir é uma necessidade de sempre" estava cada vez mais próximo de voltar a bater o recorde de 4.200 milhões de euros alcançado em 2012.
O "desassossego" do vestido feminino
O presidente da ATP, que é accionista da marca de vestuário Red Oak, descreveu durante o Fórum Têxtil, em Famalicão, um "sector de alta tecnologia, de alta exigência de qualificação das pessoas, em que as empresas têm de estar sempre dispostas a dar resposta rápida, que depende da moda, das estações do ano, do local para onde se está a exportar".
"São tantos os factores que exigem capacidade de adaptação que poderia dizer que é o sector onde o problema da criatividade se coloca mais frequentemente. Ninguém está preocupado por ter um iPhone igual ao do vizinho, mas se uma senhora chega a uma festa onde está outra vestida de igual, ela sai logo para ir trocar de vestido", resumiu João Costa.
O líder dos industriais do têxtil dramatizou que "este é um sector de instabilidade psicológica porque está sempre tudo a mudar", exemplificando que "se atrasar a encomenda, o cliente já não quer porque já não está frio". "Quem aceita o desafio de estar neste sector aceita o desafio do desassossego, do sobressalto", concluiu.