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Martifer lucrou 23,5 milhões em 2019 e “mete o turbo” à boleia de Mário Ferreira
Os lucros da companhia dispararam devido sobretudo à venda de parques fotovoltaicos, com a dívida líquida a levar um corte de 67 milhões, enquanto a carteira de encomendas é a mais robusta dos últimos anos – 562 milhões de euros, dos quais 72% são oriundos da construção naval.
Depois de em 2017 ter obtidos lucros de 6,5 milhões de euros, os primeiros após sete anos em que acumulou 370 milhões de euros de prejuízos, e apenas 1,5 milhões no ano seguinte, a Martifer fechou o último exercício com um robusto resultado líquido de 23,5 milhões de euros.
Um resultado "potenciado pelo impacto positivo da alienação de ativos na Renewables", explica, sem detalhar, a companhia de Oliveira de Frades, em comunicado enviado esta terça-feira, 21 de abril, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
A impulsionar os lucros obtidos em 2019 esteve o negócio que a Martifer realizou, no final do ano passado, com a Finerge, à qual vendeu meia dúzia de centrais fotovoltaicas em Espanha.
O grupo acabar por revelar que o seu desempenho operacional - com o EBITDA a atingir os 28,9 milhões de euros (margem de 12,2% sobre as vendas), quase duplicando o valor do ano anterior – "beneficiou em parte do impacto ‘one-off’ da alienação das centrais fotovoltaicas em Espanha".
Já os proveitos operacionais atingiram em 2019 os 266,9 milhões de euros, mais 49,5 milhões do que no exercício precedente, com as exportações a representarem 77% do total.
Por áreas de atividade, a construção metálica continua a liderar, tendo contribuído com vendas de 138,1 milhões de euros, seguido da indústria naval com 97,5 milhões, enquanto o segmento das energias renováveis facturou 33,4 milhões de euros.
A fechar a análise financeira do exercício de 2019 da Martifer, registe-se que a dívida líquida comparável do grupo dos irmãos Martins e da Mota-Engil teve uma redução de 67 milhões de euros, fixando-se em 119 milhões de euros.
Já a dívida bruta comparável teve um decréscimo de 65 milhões de euros face a dezembro de 2018, para 154 milhões de euros – "141 milhões de euros excluindo leasings financeiros, que em virtude da adoção da IFRS 16 em 2019 passaram a integrar a rubrica de passivos de locações", ressalva a Martifer no mesmo comunicado.
Indústria naval representa 72% da carteira de encomendas de 562 milhões
Entretanto, "quando se previa que 2020 seria o ano da consolidação" do novo ciclo do grupo, com a implementação do seu plano estratégico iniciado em 2018, "o mundo foi afetado pela pandemia covid-19", lamenta a Martifer.
"Contudo, a força da estratégia que vinha a ser implementada desde 2018, permite olhar para este período com o discernimento necessário para poder tomar as decisões mais assertivas e, deste modo, poder sair desta crise ainda mais reforçados", avança a companhia que tem Pedro Duarte como CEO.
Nesse sentido, pretende este ano "reforçar o peso do segmento naval no volume de negócios do grupo em linha com a estratégia de diversificação".
Aliás, a carteira de encomendas da Martifer é "a mais robusta dos últimos seis anos", com o segmento da indústria naval a representar 72% do total.
No negócio que tem como base os estaleiros navais de Viana do Castelo, o grupo turístico de Mário Ferreira aparece como "a trave-mestra", como Carlos Martins, o chairman da Martifer, já reconheceu, em declarações ao Negócios.
Ainda em janeiro passado, o "tubarão" dos cruzeiros fluviais adjudicou à West Sea, participada da Martifer, a construção de mais quatro navios oceânicos, no valor de 286,7 milhões de euros.
De resto, em 2020, a Martifer perspetiva, assim, "consolidar o perfil exportador do grupo, potenciando a capacidade industrial em Portugal para os mercados externos".
No segmento de Oil & Gas e O&M, tenciona "consolidar a trajetória de incremento do volume de negócios, em particular nas geografias de Angola e Moçambique".
Pretende, também, "continuar a apostar no segmento da renewables, quer através da rotação de ativos quer do aproveitamento de oportunidades em projetos eólicos e solares, nomeadamente com os leilões de energia", assim como "potenciar a procura de novas áreas, em particular no setor da energia".
E pôr em marcha o plano estratégico 2021-2023.