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Gelpeixe atraca no melhor resultado após dar a volta a bloqueio de preços

Empresa portuguesa de origem familiar superou pela primeira vez os 60 milhões de euros de faturação apesar da “espinha” dos preços congelados. Objetivo a médio prazo passa por dobrar o peso da exportação para 20%.

Manuel Tarré é presidente e fundador da Gelpeixe. A empresa, criada em 1977, tem uma fábrica em Loures. Miguel Baltazar
18 de Março de 2024 às 09:00
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Costuma dizer-se que "há mais marés do que marinheiros". E a sabedoria popular cumpriu-se para a Gelpeixe que, depois de um início de ano atribulado, com preços congelados, conseguiu virar o barco e fechar 2023 com o melhor resultado de sempre: 61,8 milhões de euros, ou seja, mais 6% do que em 2022.

"Foi particularmente desafiante, porque nos primeiros meses não conseguimos aumentar preços.

Tivemos resultados muito magros – ou mesmo negativos –, mas depois fomos recuperando até ultrapassarmos pela primeira vez os 60 milhões", diz Manuel Tarré, presidente do conselho de administração da Gelpeixe, empresa portuguesa, de raiz familiar, que ergueu em 1977 com o pai e o irmão, dedicada aos produtos congelados.

A culpa do "congelamento" foi do chamado IVA zero – que vigorou de 18 de abril a 4 de janeiro – ou antes da pressão que a medida acabou por gerar à volta: "Houve um controlo muito grande relativamente à redução dos preços, inclusivamente da comunicação social, então, bloquearam-se aumentos de preços, só que o mercado internacional não se compagina com essa realidade, mas com a lei da oferta e da procura". O receio da distribuição – complementa – era o de que parecesse que "estavam a especular" quando "efetivamente os preços subiram de uma forma geral – e vão continuar a subir ainda que menos do que no ano passado", assinala ao Negócios.

A tendência ascendente dos preços, consequência em parte do cenário geopolítico, em particular da recente crise no mar Vermelho, com efeitos no custos dos transportes e nos prazo de entregas de mercadorias, é uma das preocupações de Manuel Tarré, mas a "número 1" é outra.

"No caso de alguns produtos a central é tê-los. O preço havemos de acertar porque estamos há muitos anos no mercado e temos parcerias fortes, mas quando não há produto é que é uma tragédia", sublinha o proprietário da Gelpeixe, lembrando que há produtos que a empresa vai processar em julho que "estão, neste momento, algures no oceano Atlântico ou no Índico".

Do catálogo com mais de 1.300 referências, a pescada , particularmente a da África do Sul, é a rainha em termos de volume, enquanto o salmão o rei no que toca ao valor. Atualmente, 90% da produção destina-se ao mercado nacional, com "três quartos" do "bolo" alocados às marcas brancas dos retalhistas. "Sempre estivemos abertos a produzir com as marcas das cadeias que nos veem como parceiros. Estamos no negócio juntos e ambos queremos crescer. Há um ‘win-win’", realça.

A Gelpeixe estima ter uma quota de mercado à volta de 8%, o que a colocará no top 5 em Portugal, mas Manuel Tarré relativiza: "Prefiro antes ficar no top 1 como os melhores sítios para trabalhar".

Dobrar quota da exportação


A recuperação do atribulado arranque do ano fez-se sobretudo com a "abertura de mais mercado na exportação", por via da conquista de um "grande operador" que marca um ponto de viragem em França e Itália. A exportação pesa sensivelmente 10%, mas Manuel Tarré esperar dobrar essa quota: "Parece-me fazível, com a dinâmica que estamos a ter, ficar acima dos 20%. Pode acontecer em quatro ou cinco anos".

Para "reduzir custos de produção" e ser "mais competitiva", a Gelpeixe pôs recentemente em marcha um investimento de 4 milhões de euros, dedicados "sobretudo à fábrica e a rentabilidades" que inclui, entre outros, a instalação de painéis solares, contando com apoios do programa Mar 2030. Para este ano, quer faturar 65 milhões de euros. "Ficaríamos muito satisfeitos", conclui.
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