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Farmacêutica portuguesa quer lançar na Europa molécula chinesa para Parkinson

A Tecnophage, empresa de biotecnologia, está "nos últimos passos" dos ensaios de toxicidade da molécula, que devem estar concluídos "no primeiro trimestre".

Os fundos de investimento passam a ter três anos (agora são cinco) para realizar 90% do investimento (agora são 80%).
Istockphoto
29 de Janeiro de 2023 às 10:24
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A farmacêutica portuguesa Tecnophage quer lançar na Europa este ano um suplemento com resultados "muito promissores" na doença de Parkinson, baseado numa investigação da Universidade de Macau sobre uma fruta usada na medicina tradicional chinesa.

O diretor executivo da Tecnophage, Miguel Garcia, disse à Lusa que a empresa de biotecnologia está "nos últimos passos" dos ensaios de toxicidade da molécula, que devem estar concluídos "no primeiro trimestre".

A farmacêutica está já a "desenvolver um dossier para poder avançar do ponto de vista regulamentar" para o registo como suplemento alimentar "na Europa e depois talvez nos Estados Unidos", explicou Garcia.

O empresário sublinhou que os resultados dos ensaios de eficácia da molécula, feitos em animais, no laboratório do professor da Universidade de Macau Simon Lee Ming Yuen, "são muito promissores".

Os testes revelaram que pode reduzir a perda de memória e de controlo dos movimentos, sintomas da "degeneração neurocognitiva" causada não apenas pela doença de Parkinson, mas também pela doença de Alzheimer, disse à Lusa Simon Lee.

O investigador chinês explicou que a opção por um suplemento alimentar permite que o produto "esteja mais cedo nas prateleiras dos supermercados e possa tornar-se mais conhecido".

Miguel Garcia garantiu que o objetivo final da Tecnophage é lançar um medicamento, mas lembrou que o processo de aprovação exige "uma série de ensaios clínicos" e por isso "demora muito mais anos e muito dinheiro gasto".

A molécula foi isolada a partir da "alpinia oxyphylla", uma pequena fruta semelhante ao gengibre, que é usada "não apenas na medicina tradicional chinesa, mas também, sobretudo no sul, em Guangdong, como parte de terapia alimentar", disse Simon Lee.

O investigador defendeu que a aposta no método ocidental de isolar moléculas químicas e registá-las para atrair investimento é a forma de levar "os tesouros da sabedoria tradicional" a um público mais vasto.

Ainda assim, Lee admitiu que o método é "por vezes muito polémico" e alvo de fortes críticas por parte de praticantes da medicina tradicional chinesa, sobretudo porque "moléculas isoladas nem sempre funcionam".

O especialista deu como exemplo os doentes com o VIH, tratados com um 'cocktail' de medicamentos antirretrovirais, e a malária, cujo tratamento, descoberto pela cientista chinesa Prémio Nobel da Medicina em 2015 Tu Youyou, baseia-se na planta artemísia.

No entanto, Miguel Garcia acredita no potencial de "extrair moléculas isoladas" de produtos da medicina tradicional chinesa "para depois fazer o caminho tradicional" até à aprovação farmacêutica no ocidente.

A Technophage tem desde 2014 um acordo de colaboração com o laboratório de Simon Lee na Universidade de Macau e Miguel Garcia continua "a achar que tem muito potencial para futuras sinergias".
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