Notícia
Ex-ministro Siza Vieira defende apoios à indústria via empresas alemãs
O antigo governante diz não lhe parecer adequado "procurar bloquear os auxílios de estado dos maiores países da UE às suas empresas" e defende que Portugal e as economias de menor dimensão devem "condicionar a aprovação dos auxílios a uma disseminação do investimento por toda a UE".
02 de Fevereiro de 2023 às 11:32
O ex-ministro da Economia e da Transição Digital Pedro Siza Vieira diz que o regresso à o regresso da política industrial na Europa deve passar pelos auxílios de Estado, sublinhando que os países mais pequenos não devem bloquear eventuais apoios a economias como a alemão, mas aproveitar a boleia destes países.
"Não me parece adequado procurar bloquear os auxílios de Estado dos maiores países da UE às suas empresas. Acho que os esforços de Portugal e outros países de dimensão semelhante devem ser no sentido de condicionar a aprovação dos auxílios a uma disseminação do investimento por toda a UE e pelo envolvimento de PMEs no desenvolvimento dessas tecnologias", escreveu Pedro Siza Vieira na rede social Linkedin.
Para o antigo governante, "em vez de tentar impedir a Alemanha de apoiar a sua indústria, [é preciso] procurar condicionar o apoio às empresas alemãs ao envolvimento de empresas de outros países no desenvolvimento das tecnologias de que precisam".
"Em última análise, Portugal beneficia se a indústria de ponta europeia for competitiva a nível global e as empresas portuguesas participarem em cadeias de valor com presença mundial", frisa.
O agora "partner" da socieade de advocacia PLMJ "é mais ou menos inevitável o regresso da política industrial ao mundo ocidental", contudo "quando se trata de desenvolver tecnologias emergentes de que depende a competitividade futura, as empresas não têm capacidade de financiar os investimentos necessários exclusivamente com os seus excedentes de exploração". "Nem têm incentivo a fazê-lo se querem preservar o retorno para os seus acionistas", destaca.
É nesse sentido que Siza Vieira defende ser essencial o papel dos "auxílios de estado dos maiores países da UE às suas empresas".
Corrida pelo investimento nos Estados Unidos e Europa
O apelo do antigo ministro da Economia surge depois de Estados Unidos e União Europeia terem anunciado um conjunto de incentivos às suas empresas, o que já tem sido criticado por economistas e analistas como sendo mais uma "machadada" na globalização.
Em Davos, a presidente da Comissão Europeia anunciou o Net Zero Industry Act, que visa acelerar o investimento nas energias verdes, através de uma flexibilização temporária das regras sobre auxílios de Estado e simplificação da atribuição de benefícios fiscais. Ao mesmo tempo que anunciou um novo fundo soberano europeu para acompanhar essas pretensões.
"Não é segredo que o Inflation Reductio Act [IRA, lançado pelos EUA] levantou um conjunto de preocupações", admitiu Ursula von der Leyen.
A Europa quer assim competir com o generoso pacote que Joe Biden pôs no terreno em 2022 e que despeja 369 mil milhões de dólares na transição energética, com subsídios a carros elétricos, fábricas de baterias ou energias renováveis – desde que a produção ocorra em solo norte-americano. O IRA (Inflation Reduction Act) já desencadeou várias iniciativas de investimento.
"Não me parece adequado procurar bloquear os auxílios de Estado dos maiores países da UE às suas empresas. Acho que os esforços de Portugal e outros países de dimensão semelhante devem ser no sentido de condicionar a aprovação dos auxílios a uma disseminação do investimento por toda a UE e pelo envolvimento de PMEs no desenvolvimento dessas tecnologias", escreveu Pedro Siza Vieira na rede social Linkedin.
"Em última análise, Portugal beneficia se a indústria de ponta europeia for competitiva a nível global e as empresas portuguesas participarem em cadeias de valor com presença mundial", frisa.
O agora "partner" da socieade de advocacia PLMJ "é mais ou menos inevitável o regresso da política industrial ao mundo ocidental", contudo "quando se trata de desenvolver tecnologias emergentes de que depende a competitividade futura, as empresas não têm capacidade de financiar os investimentos necessários exclusivamente com os seus excedentes de exploração". "Nem têm incentivo a fazê-lo se querem preservar o retorno para os seus acionistas", destaca.
É nesse sentido que Siza Vieira defende ser essencial o papel dos "auxílios de estado dos maiores países da UE às suas empresas".
Corrida pelo investimento nos Estados Unidos e Europa
O apelo do antigo ministro da Economia surge depois de Estados Unidos e União Europeia terem anunciado um conjunto de incentivos às suas empresas, o que já tem sido criticado por economistas e analistas como sendo mais uma "machadada" na globalização.
Em Davos, a presidente da Comissão Europeia anunciou o Net Zero Industry Act, que visa acelerar o investimento nas energias verdes, através de uma flexibilização temporária das regras sobre auxílios de Estado e simplificação da atribuição de benefícios fiscais. Ao mesmo tempo que anunciou um novo fundo soberano europeu para acompanhar essas pretensões.
"Não é segredo que o Inflation Reductio Act [IRA, lançado pelos EUA] levantou um conjunto de preocupações", admitiu Ursula von der Leyen.
A Europa quer assim competir com o generoso pacote que Joe Biden pôs no terreno em 2022 e que despeja 369 mil milhões de dólares na transição energética, com subsídios a carros elétricos, fábricas de baterias ou energias renováveis – desde que a produção ocorra em solo norte-americano. O IRA (Inflation Reduction Act) já desencadeou várias iniciativas de investimento.