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Cimpor vai eliminar 150 empregos em Portugal
A Comissão de Trabalhadores da Cimpor criticou na sexta-feira o grupo que detém a empresa por não ter cumprido a garantia dada, aquando da OPA, de que não haveria despedimentos, reagindo ao anúncio da saída de cerca de 150 funcionários.
A Cimpor anunciou a saída de cerca de 150 trabalhadores, 90% dos quais com acesso a reformas antecipadas, justificando esta medida com uma quebra de vendas de 70% no mercado de cimento, entre 2001 e 2012.
Em declarações à agência Lusa, Fátima Messias, da Comissão de Trabalhadores da empresa, recordou que “quando foi a OPA [Oferta Pública de Aquisição] da Cimpor, em meados de 2012, foi garantido pelo grupo que passou a ter o domínio da Cimpor duas coisas: que o centro de decisão ficava em Portugal e que não haveria despedimentos”.
“Nem uma nem outra se confirmaram. O centro de decisão só formalmente está em Lisboa porque já não está em Portugal e estes 150 [trabalhadores de saída] hoje anunciados supostamente através de reformas antecipadas, na prática, significa a perda do emprego para quem não o quer perder”, justifica.
Segundo a coordenadora da Federação Portuguesa dos Sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidro (FEVICCOM), e administração pediu uma reunião com a comissão de trabalhadores, que se realizou hoje à tarde, e na qual foi apresentado o plano de reestruturação.
“A Comissão de Trabalhadores vai avaliar a forma, o processo, os fundamentos de todo este anúncio e vai fazer tudo o que estiver ao seu alcance para defender os postos de trabalho face a uma conjuntura tão desfavorável como nós estamos a viver”, afirmou.
Segundo Fátima Messias “quer a OPA quer a privatização da Cimpor, como sempre defendeu a Comissão de Trabalhadores, é um mau negócio para o país, para a economia, para a produção, para os trabalhadores e para as populações”.
“E tem estes efeitos sociais dramáticos num país em que a taxa de desemprego está aos níveis que está”, criticou.
De acordo com um comunicado enviado esta noite à agência Lusa pela Cimpor, “entre 2001 e 2012, as vendas de cimento em Portugal decresceram 70%, tendo no último ano, de acordo com dados oficiais recentemente divulgados, recuado 27% para níveis de 1973”.
“De forma a adequar as operações do Grupo em Portugal à actual conjuntura, a Cimpor tem implementado um vasto leque de medidas de racionalização de custos”, refere a empresa.
Segundo a empresa, “apesar destes esforços de racionalização de custos e expansão para novos mercados, torna-se mesmo assim necessário a Cimpor accionar um processo de reestruturação por via negocial que prevê a saída de aproximadamente 150 colaboradores no negócio do cimento”.
“Este plano incidirá sobre um universo de colaboradores com uma idade média superior a 58 anos, sendo que para mais de 90% dos casos está prevista a aplicação do regime de reforma antecipada”, explica o mesmo comunicado.
Em Outubro de 2012, a Cimpor já tinha avançado com um processo de reestruturação que passava pela redução de 60 trabalhadores, através de 40 pré-reformas e 20 rescisões por mútuo acordo, com o objectivo de ajustar a estrutura da cimenteira à realidade do país.