Notícia
Estádio do Estrela à venda por seis milhões com o Estado “a arder” numa falência de 37 milhões
O estádio do Estrela da Amadora, que faliu há 10 anos com dívidas de 36,8 milhões de euros, tendo o Estado como principal credor, só agora é que foi colocado à venda, mas as expectativas comerciais são baixas.
Foi em fevereiro de 2011 que os mais de 200 credores do Estrela da Amadora, com o Estado à cabeça, chumbaram o plano de recuperação do clube, que faliu com dívidas de 36,8 milhões de euros, dos quais 12,5 milhões ao Fisco e 2,3 milhões de euros à Segurança Social.
Resultado: O Tribunal do comércio de Sintra determinou a liquidação do património, que seria colocado em hasta pública para venda.
Nos dois anos seguintes, os ativos do clube, constituídos sobretudo pelo estádio, campo de treinos e edifício onde funciona o bingo, viriam a registar duas tentativas de venda, que deram em nada.
E o processo de liquidação dos ativos do Estrela da Amadora hibernou durante meia dúzia de anos.
Em março de 2018, através de um despacho judicial, ficou-se a saber que tão longo impasse se deveu, entre outros fatores, à polémica conduta do seu primeiro administrador de insolvência.
O tribunal concluiu que "foram violadas as obrigações processuais que se impunham ao administrador de insolvência no domínio das suas funções, designadamente quanto à violação reiterada da obrigação de apresentação de contas, e violação dos deveres impostos pelo EAJ [Estatuto do Administrador Judicial]", pelo que, "ocorrendo justa causa", determinou a "destituição imediata do administrador de insolvência nomeado".
Em abril de 2018 foi nomeado um novo administrador de insolvência, Jorge Calvete, que viria no verão desse ano, consultada a comissão de credores do clube, a colocar o estádio do Estrela da Amadora à venda, no site da leiloeira Onefix, com um valor base de seis milhões de euros.
Mas eis que o processo de venda voltou a parar, sem que se conhecesse sequer o modelo de alienação deste ativo. "Brevemente", lia-se na abertura da página online do leilão do chamado estádio da Reboleira.
E "brevemente" se manteve mais de um ano, até que, em meados desta semana, a Onefix atualizou a página do leilão do estádio do falido Estrela da Amadora.
Sucessor do Estrela fundiu-se com o Sintra e quer ficar com o estádio por dois milhões
O valor base de venda mantém-se nos seis milhões de euros, devendo as propostas de compra ser apresentadas, em carta fechada, até 20 de novembro próximo.
Os interessados deverão ter em conta duas fortes condicionantes.
O Clube Desportivo Estrela, que surgiu após a extinção do Estrela da Amadora e que fundiu-se recentemente com o Club Sintra Football, celebrou com a massa falida do falido clube um contrato de cedência temporária de utilização do estádio da Reboleira, com uma renda anual de 20 mil euros e que termina a 30 de junho de 2021.
Já o bingo está subconcessionado à Pataca da Sorte, que paga uma renda de 10 mil euros mensais, de acordo com um contrato iniciado em novembro de 2014 e que só termina em novembro de 2024.
Entretanto, segundo o Correio da Manhã, não é expectável que surjam propostas de compra do estádio da Reboleira, porquanto a Câmara da Amadora já chumbou uma alteração ao Plano Diretor Municipal que permitisse a construção de imóveis no local do recinto desportivo.
"Mesmo que surja algum interessado, a Câmara tem direito de preferência e um entendimento connosco para dividirmos o valor necessário para igualar essa oferta", revelou ao mesmo jornal André Geraldes, presidente da SAD do Club Football Estrela da Amadora, que, caso o leilão não dê em nada, pretende comprar o estádio por dois milhões de euros.
O Clube de Futebol Estrela da Amadora, que venceu a Taça de Portugal em 1990 - penhorada por dívidas a um jogador e à guarda do tribunal -, jogou pela última vez na Reboleira a 2 de maio de 2010, já na divisão secundária, com uma derrota frente ao Real Massamá.