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“Bad bank” português compra antigo “shopping” fantasma no Porto por 40 milhões

A Finangeste e um investidor britânico adquiriram o empreendimento imobiliário Trindade Domus, situado nas traseiras da Câmara do Porto, onde o promotor inicial, que aqui investiu 65 milhões de euros, há 12 anos, acabou por falir com dívidas de 85 milhões e o BES como maior credor.

18 de Agosto de 2020 às 10:26
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O empreendimento imobiliário Trindade Domus, situado nas traseiras da Câmara do Porto e que combina retalho e escritórios, foi adquirido pela Finangeste em "joint venture" com um investidor institucional sediado no Reino Unido "por mais de 40 milhões de euros", revela a JLL, num comunicado em que não identifica a entidade vendedora.

O Trindade Domus, que corporiza um edifício com sete pisos acima do solo e três em cave, tem cerca de 20 mil metros quadrados de área bruta locável, conjugando escritórios (60%) e uma galeria comercial (40%), a que acresce um parque de estacionamento com capacidade para 496 veículos.

A JLL destaca o concorrido processo de venda do ativo, o qual, garante, "recebeu mais de uma dezena de propostas", algo que reflete "o elevado apetite dos investidores, quer nacionais quer internacionais, pelo mercado do Porto. Só no último ano e meio, que, como sabemos já inclui um período de quase paragem de atividade, registámos três transações de edifícios de escritórios no Porto por mais de 40 milhões de euros", enfatiza Fernando Ferreira, diretor de Capital Markets da JLL, que conduziu o processo no âmbito do mandato exclusivo de venda atribuído pelo anterior proprietário.

A administração da Finangeste, o primeiro "bad bank" português, que gere mais de mil milhões de euros de ativos em Portugal, diz-se feliz com esta operação. "Estamos muito felizes com este investimento que incrementa a nossa presença na cidade do Porto, cidade em que fortemente acreditamos e onde mantemos uma relevante intenção de investimento num futuro próximo."

Com uma ocupação que a JLL garante que ultrapassa os 90%, o Trindade Domus acolhe inquilinos, na área de escritórios, como a Veniam, Randstad, Mindera, Armatis, CGI, SDP e as Viagens Abreu, marcando aqui também presença âncoras como o ginásio Fitness Hut e o supermercado Froiz.

Novo Banco herdou do BES um ativo polémico e que levou o promotor à falência

 

A história do Trindade Domus é longa e polémica. Foi em 1968 que a Câmara do Porto adjudicou o projeto de construção de um edifício na chamada Pedreira da Trindade ao arquiteto Bento Lousan. Nos anos 80, a autarquia rescindiu o acordo e o caso seguiu para tribunal. O arquiteto viria a ser indemnizado pela Edilidade.

 

Em 1992, em hasta pública, a Câmara do Porto alienou o terreno da pedreira por 6,5 milhões de euros ao empresário Martinho Tavares, ficando ainda detentora de um terço do futuro imóvel.

Em junho do mesmo ano, associado à construtora francesa JAF, Tavares arrancou com a construção do edifício. Passados quatro anos, o parceiro francês foi à falência e a obra parou.

 

No final do ano 2000, a Câmara do Porto tomou posse administrativa do esqueleto do prédio, mas no ano seguinte Tavares tornou-se novamente dono do edifício através de um acordo com a artaqruia, pagando-lhe seis milhões de euros pela parcela municipal e saldando a dívida de 6,5 milhões à CGD.

 

Recomeçou as obras de construção em janeiro de 2002, que viriam novamente a parar, tendo sido retomadas no início de 2005.

 

A inauguração do Trindade Domus, que resultou de um investimento de 65 milhões de euros, aconteceu em janeiro de 2008.

 

Um ano e meio depois, o complexo imobiliário foi englobado num processo de insolvência apresentado contra Tavares e a sua esposa, com os créditos reclamados - num arreto de cerca de 80 imóveis - a atingirem os 85 milhões de euros, com o antigo Banco Espírito Santo (BES) a surgir como o maior credor hipotecário.

 

Durante os primeiros anos, o Trindade Domus foi um centro comercial fantasmagórico, com apenas meia dúzia de lojas abertas.

 

O Novo Banco, que herdou este ativo do BES, colocou nas mãos da JLL a missão de dar a volta à situação do Trindade Domus, que conseguiu, nos últimos anos, atrair empresas de referência para o empreendimento.

 

Curiosidade final: há cerca de quatro anos, o Trindade Domus foi colocado à venda num portal de imobiliário na Internet pelo valor de 34,4 milhões de euros, tendo o anúncio sido posteriormente retirado.  

 
(Notícia atualizada às 11:48)

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