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"Windfall tax" vai custar até 50 milhões à EDP em Espanha
Quanto à possibilidade de a empresa ser impactada também em Portugal por um imposto sobre os lucros extraordinários, o CEO Miguel Stilwell defendeu que "o mesmo não é aplicável à EDP" porque já paga a CESE.
Questionada sobre se pondera avançar sozinha, com uma contestação individual nos tribunais espanhóis - tal como já anunciaram a Endesa e a Iberdrola - Ana Paula Marques, a administradora responsável pela EDP Espanha, revelou que a empresa "está ainda a analisar a tomada dessa decisão".
Quanto à possibilidade de a EDP ser impactada também em Portugal por um imposto sobre os lucros extraordinários, o CEO Miguel Stilwell defendeu que "o mesmo não é aplicável à EDP" na conferência de imprensa que se seguiu à apresentação de resultados.
"Nos já temos a contribuição extraordinária sobre o setor energético que vem desde 2014. Infelizmente já temos uma 'windfall tax' há muitos, muitos anos que é a CESE e que estava previsto que fosse reduzida com a dívida do sistema. Esta tem vindo a reduzir muito substancialmente, mas a CESE ainda não. Esperamos que possa vir a descer em linha com a redução da dívida do sistema", disse Stilwell.
E rematou: "Já temos uma 'windfall tax', não precisamos de pagar outra".
EDP contra prolongamento do mecanismo ibérico além de maio de 2023
O CEO também se mostou muito crítico em relação a um eventual prolongamento do mecanismo ibérico (que impõe um travão aos preços do gás para produzir eletricidade) além de maio de 2023, tal como defendem os governos de Portugal e Espanha,
"Somos a favor de um mecanismo comum a toda a europa, igual para todos. Criar exceções não faz sentido. A Europa devia ter um modelo igual e consistente para todos os países, que promova a integração e não o contrário. À medida que se criam exceções, fragmentra-se essa integração", defendeu Miguel Stilwell.
Sobre a reforma do mercado elétrico em curso na União Europeia, o presidente executivo defendeu que "há que manter o mercado marginalista, que tem valor e funciona bem". No entanto, reconhece que o desenho do mercado pode ser melhorado através de contratos de compra e venda de energia a longo prazo (PPA), "para incentivar o investimento em renovavéis", e leilões de capacidade.
"Há coisas razoáveis na proposta de reforma do mercado elétrico europeu e outras não. Não nos parece razoável impor PPA sobre ativos existentes. Não é adequado e seria complicado implementar", acrescentou, criticando a enorme incerteza regulatória gerada pos sucessivas legislações europeias.
"A Europa tem de fazer mais coisas como os [incentivos fiscais ao investimento dos] EUA e não o contrário, em vez de estar só a acrescentar mais impostos e clawbacks", rematou.