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Regulador espanhol quer controlar dívida e dividendos da EDP e outras energéticas
O regulador espanhol que supervisiona a energia e outros setores quer fazer passar uma proposta que vai impor metas às energéticas através de rácios, limitando desta forma a remuneração a entregar aos investidores e o nível de dívida destas empresas.
A Comissão Nacional dos Mercados e da Concorrência (CNMC), o regulador espanhol que agrega a supervisão de vários setores, incluindo o da energia, quer obrigar as empresas do setor energético a limitar o nível de endividamento e os dividendos entregues aos acionistas, tendo em consulta pública a proposta de normativo.
Entre as empresas sob as quais recairia a medida está a EDP. A lista continua com a Endesa, Iberdrola, Naturgy, Repsol e Cepsa, entre outras, avança o jornal espanhol Expansion. De acordo com a norma em consulta pública, estariam abrangidas empresas com atividades reguladas nos setores elétrico e gasista.
A CNMV, segundo se lê na proposta, pretende definir um conjunto de rácios "para medir o nível de endividamento e a capacidade económico-financeira das empresas" nessas atividades reguladas. E são, em concreto, seis os rácios que condicionam tanto o nível de dívida como a remuneração aos acionistas, relacionando estas rubricas com o volume de ativos, fluxos de caixa, EBITDA ou gastos financeiros, que as energéticas têm de cumprir.
Novas regras de endividamento
As novas regras exigem que as empresas sejam capazes de pagar a respetiva dívida no prazo de sete anos tendo em conta o fluxo de caixa que sobra após a distribuição de dividendos, estima o Expansíon. E o valor dos juros da dívida não deve ultrapassar mais de cinco vezes a quantia em caixa. Ainda de acordo com a medida proposta, a dívida líquida não poderá ultrapassar em mais de 7,3 vezes o fluxo de caixa, nem exceder mais de 6 vezes o valor do EBITDA. Por exemplo, no caso deste último indicador, a EDP encaixa-se sem esforço dentro do pretendido, com um rácio de 3,3 vezes em 2017 e a meta de baixar até 3 vezes em 2020.
O cumprimento de todos os rácios como sugerido garante às energéticas o rating de nível A na escala da agência Moody’s, tendo em conta o nível de baixo risco da dívida. A EDP, bem como as principais elétricas espanholas, têm um rating abaixo de A na escala da Moody’s.
A CNMC argumenta que os excessos podem prejudicar a sustentabilidade financeira destas empresas e, no final, colocar em causa as operações das empresas e a segurança do serviço que prestam aos clientes. O regulador diz querer honrar a tarefa de promover "o correto funcionamento das atividades reguladas em benefício dos consumidores e dos clientes" do setor, num panorama em que as empresas apresentam "estratégias de financiamento que podem levar a cenários de stress" e estando consciente de que "os interesses dos acionistas nem sempre são coincidentes com a visão do regulador".
A consulta pública está aberta até 25 de fevereiro, lê-se no site da entidade.
As metas propostas
- A dívida líquida não deve exceder 70% do valor da dívida líquida mais o património líquido, o que mede o nível de alavancagem financeira.
- Os meios libertos mais os juros têm de ser no mínimo cinco vezes os juros, para ver a capacidade de fazer face ao serviço da dívida pela operação.
-A dívida líquida não pode exceder 70% do imobilizado regulado em exploração (RAB), que avalia a proporção dos ativos financiados por dívida.
- A dívida líquida não pode ser superior a seis vezes o EBITDA.
-A dívida não pode exceder 7,3 vezes o fluxo de caixa.
- O fluxo de caixa retido tem de ser no mínimo 7 vezes a dívida.