Notícia
O futuro exige um modelo de desenvolvimento sustentável
Todos parecem saber o que vai acontecer se nada mudar. Mas será que alguém se interessa pelo caminho certo?
08 de Junho de 2012 às 09:00
Terra | As áreas protegidas armazenam actualmente 15% do carbono terrestre e fornecem serviços ao ecossistema.
Um dos nossos principais erros foi termos crescido muito. Em 2050 iremos ser 9 mil milhões e precisar de muito mais recursos. Ou seja, vamos consumir mais, até porque cada ser humano tem a ambição de uma vida melhor e, com a emergência de países como Brasil, China e Índia, para além das previstas para a África do Sul e Indonésia, haverá mais gente com mais dinheiro e vontade de ter mais conforto em casa, e usufruir desde o simples frigorífico ao computador portátil.
Mais energia será necessária, até porque essas pessoas irão querer deslocar-se mais rápido para os locais de trabalho. E precisarão de carro para isso, até porque quem viaja pelo mundo verifica que as soluções de transporte colectivo ainda estão muito longe de serem as ideais, principalmente nas grandes metrópoles.
Para resolver o caminho já soluções apontadas. Mas ainda não há uma resolução que envolva indivíduos, governos, empresas e outras organizações, para que os próximos passos sejam dados a pensar na sustentabilidade do planeta e na sua viabilidade para o futuro. Pelo menos uma que tenha sido realmente que efectiva. Será que a Cimeira do Rio+20 vai mudar alguma coisa? Temos de ser positivos e esperar que sim, até porque é absolutamente necessário que isso aconteça.
Com temperaturas muito mais elevadas, alterações do clima, menor disponibilidade de água potável e uma biodiversidade a decrescer, o nosso futuro não é muito agradável.
As respostas para as mudanças climáticas devem-se concentrar cada vez mais na redução da emissão de gases com efeito de estufa, para evitar principalmente a ocorrência de efeitos que não poderemos gerir. Também na melhor gestão possível dos impactos actuais.
O futuro passará por cada um de nós diminuir a sua pegada ecológica. É preciso, por isso, estarmos cada vez mais atentos no nosso dia-a-dia. Pequenos gestos como o fechar a água do duche para ensaboar, desligar as luzes, ou escolher electrodomésticos energeticamente mais eficientes, contribuem para isso, tal como o poderá fazer a melhoria dos serviços prestados pelos estados e empresas, alguns deles pouco eficientes e de custo demasiado elevado. Basta lembrar que 40% da água tratada se perde, em Portugal, na rede de abastecimento até chegar aos locais de consumo.
Mas também é necessária a transição para o consumo de energias mais limpas, um melhor uso e melhor gestão da água, a redução de perdas na sua distribuição, e muito maior atenção para a biodiversidade.
Sem ela e tudo o que oferece e ainda pode proporcionar, a humanidade corre o risco de perder a corrida. A gestão dos ecossistemas terrestres é, assim, cada vez mais necessária. São pólos de adaptação em relação às alterações climáticas e mitigadores de carbono. Talvez por isso, a publicação Stern Review on the Economics of Climate Change recomende que os governos desenvolvam políticas proteger as florestas e restantes espaços naturais, que contribuem para a regulação do ciclo da água, a protecção de solos e zonas costeiras contra a erosão e os seres humanos com desastres naturais.
As áreas da Natureza protegidas do planeta armazenam actualmente 15% do carbono terrestre, fornecem serviços dos ecossistemas, incluindo o contributo para o nosso bem-estar e para a retenção no solo e subsolo da água necessária para a vida.
Sem o investimento que continua a ser feito em áreas protegidas naturais ou plantadas pelo homem, a situação seria certamente pior. Portugal, onde a maior parte do território é floresta plantada, é um dos países da Europa onde a biodiversidade é mais elevada. É também dos que tem maior percentagem do território em rede Natura.
O aumento de investimentos realizados através de parcerias entre governos, comunidades, organização não governamentais e empresas, pode assegurar uma maior protecção dos serviços essenciais prestados pelas áreas protegidas, até porque resultam. Um relatório recente do Banco Mundial mostra a forma como as áreas tropicais protegidas, especialmente as que são conservadas pelos indígenas, perdem menos floresta do que outros sistemas.
Mas estes benefícios para o clima, biodiversidade e sociedade são muitas vezes esquecidos ou ignorados. À medida que entramos numa fase sem precedentes das negociações sobre o clima e a biodiversidade, é importante não esquecer o papel das áreas protegidas.
Exemplos de uso e protecção
- 33 das 105 maiores cidades do mundo captam a sua água em áreas florestais protegidas.
- 112 estudos sobre áreas marinhas protegidas verificaram que elas aumentaram de tamanho e a sua população de peixes cresceu.
- A protecção dos recifes de corais no Quénia está, não só a melhorar a sua conservação, mas também a pesca local, contribuindo para aumentar o rendimento per capita dos pescadores.
- Em Kimbe, Papua Nova Guiné, está a ser criada uma zona marinha protegida, gerida localmente, para ajudar os habitantes do litoral, conservar os recifes de coral e assegurar a disponibilidade de alimentos.
- Mais de 100 estudos sobre áreas protegidas identificaram parentes silvestres de culturas importantes.
- O santuário colombiano de Alto Orito Indi-Angue foi estabelecido explicitamente para proteger plantas medicinais.
Marrocos aposta nas renováveis
O que é a economia verde O que é economia verde?
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Ambiente, a economia verde é aquela que resulta na melhoria do bem-estar humano e da igualdade social, que reduz simultaneamente os riscos ambientais e a escassez ecológica. Na sua expressão mais simples, uma economia verde tem reduzidas emissões de carbono, é eficiente na utilização dos recursos e é socialmente inclusiva. Implica olhar para o ambiente de uma forma integrada e traduzir isso do ponto de vista económico.
O que é a Agenda 21?
A Agenda 21 foi um dos principais resultados da conferência Eco-92. O documento estabeleceu a importância do compromisso de cada país em reflectir, global e localmente, sobre a forma como governos, empresas, organizações não-governamentais e outros podem cooperar no estudo para encontrar soluções para os problemas ambientais e sociais. Hoje cada país desenvolve a sua própria Agenda 21. Trata-se de um instrumento poderoso de reconversão da sociedade industrial rumo a um novo paradigma, que exige a reinterpretação do conceito de progresso, contemplando maior harmonia e equilíbrio holístico entre o todo e as partes, promovendo a qualidade e não apenas a quantidade do crescimento.
Um dos nossos principais erros foi termos crescido muito. Em 2050 iremos ser 9 mil milhões e precisar de muito mais recursos. Ou seja, vamos consumir mais, até porque cada ser humano tem a ambição de uma vida melhor e, com a emergência de países como Brasil, China e Índia, para além das previstas para a África do Sul e Indonésia, haverá mais gente com mais dinheiro e vontade de ter mais conforto em casa, e usufruir desde o simples frigorífico ao computador portátil.
Para resolver o caminho já soluções apontadas. Mas ainda não há uma resolução que envolva indivíduos, governos, empresas e outras organizações, para que os próximos passos sejam dados a pensar na sustentabilidade do planeta e na sua viabilidade para o futuro. Pelo menos uma que tenha sido realmente que efectiva. Será que a Cimeira do Rio+20 vai mudar alguma coisa? Temos de ser positivos e esperar que sim, até porque é absolutamente necessário que isso aconteça.
Com temperaturas muito mais elevadas, alterações do clima, menor disponibilidade de água potável e uma biodiversidade a decrescer, o nosso futuro não é muito agradável.
As respostas para as mudanças climáticas devem-se concentrar cada vez mais na redução da emissão de gases com efeito de estufa, para evitar principalmente a ocorrência de efeitos que não poderemos gerir. Também na melhor gestão possível dos impactos actuais.
O futuro passará por cada um de nós diminuir a sua pegada ecológica. É preciso, por isso, estarmos cada vez mais atentos no nosso dia-a-dia. Pequenos gestos como o fechar a água do duche para ensaboar, desligar as luzes, ou escolher electrodomésticos energeticamente mais eficientes, contribuem para isso, tal como o poderá fazer a melhoria dos serviços prestados pelos estados e empresas, alguns deles pouco eficientes e de custo demasiado elevado. Basta lembrar que 40% da água tratada se perde, em Portugal, na rede de abastecimento até chegar aos locais de consumo.
Mas também é necessária a transição para o consumo de energias mais limpas, um melhor uso e melhor gestão da água, a redução de perdas na sua distribuição, e muito maior atenção para a biodiversidade.
Sem ela e tudo o que oferece e ainda pode proporcionar, a humanidade corre o risco de perder a corrida. A gestão dos ecossistemas terrestres é, assim, cada vez mais necessária. São pólos de adaptação em relação às alterações climáticas e mitigadores de carbono. Talvez por isso, a publicação Stern Review on the Economics of Climate Change recomende que os governos desenvolvam políticas proteger as florestas e restantes espaços naturais, que contribuem para a regulação do ciclo da água, a protecção de solos e zonas costeiras contra a erosão e os seres humanos com desastres naturais.
As áreas da Natureza protegidas do planeta armazenam actualmente 15% do carbono terrestre, fornecem serviços dos ecossistemas, incluindo o contributo para o nosso bem-estar e para a retenção no solo e subsolo da água necessária para a vida.
Sem o investimento que continua a ser feito em áreas protegidas naturais ou plantadas pelo homem, a situação seria certamente pior. Portugal, onde a maior parte do território é floresta plantada, é um dos países da Europa onde a biodiversidade é mais elevada. É também dos que tem maior percentagem do território em rede Natura.
O aumento de investimentos realizados através de parcerias entre governos, comunidades, organização não governamentais e empresas, pode assegurar uma maior protecção dos serviços essenciais prestados pelas áreas protegidas, até porque resultam. Um relatório recente do Banco Mundial mostra a forma como as áreas tropicais protegidas, especialmente as que são conservadas pelos indígenas, perdem menos floresta do que outros sistemas.
Mas estes benefícios para o clima, biodiversidade e sociedade são muitas vezes esquecidos ou ignorados. À medida que entramos numa fase sem precedentes das negociações sobre o clima e a biodiversidade, é importante não esquecer o papel das áreas protegidas.
Exemplos de uso e protecção
- 33 das 105 maiores cidades do mundo captam a sua água em áreas florestais protegidas.
- 112 estudos sobre áreas marinhas protegidas verificaram que elas aumentaram de tamanho e a sua população de peixes cresceu.
- A protecção dos recifes de corais no Quénia está, não só a melhorar a sua conservação, mas também a pesca local, contribuindo para aumentar o rendimento per capita dos pescadores.
- Em Kimbe, Papua Nova Guiné, está a ser criada uma zona marinha protegida, gerida localmente, para ajudar os habitantes do litoral, conservar os recifes de coral e assegurar a disponibilidade de alimentos.
- Mais de 100 estudos sobre áreas protegidas identificaram parentes silvestres de culturas importantes.
- O santuário colombiano de Alto Orito Indi-Angue foi estabelecido explicitamente para proteger plantas medicinais.
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O que é a economia verde O que é economia verde?
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Ambiente, a economia verde é aquela que resulta na melhoria do bem-estar humano e da igualdade social, que reduz simultaneamente os riscos ambientais e a escassez ecológica. Na sua expressão mais simples, uma economia verde tem reduzidas emissões de carbono, é eficiente na utilização dos recursos e é socialmente inclusiva. Implica olhar para o ambiente de uma forma integrada e traduzir isso do ponto de vista económico.
O que é a Agenda 21?
A Agenda 21 foi um dos principais resultados da conferência Eco-92. O documento estabeleceu a importância do compromisso de cada país em reflectir, global e localmente, sobre a forma como governos, empresas, organizações não-governamentais e outros podem cooperar no estudo para encontrar soluções para os problemas ambientais e sociais. Hoje cada país desenvolve a sua própria Agenda 21. Trata-se de um instrumento poderoso de reconversão da sociedade industrial rumo a um novo paradigma, que exige a reinterpretação do conceito de progresso, contemplando maior harmonia e equilíbrio holístico entre o todo e as partes, promovendo a qualidade e não apenas a quantidade do crescimento.