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Lucros das elétricas "não são tão significativos como os das petrolíferas", diz EDP

Nos lucros de 2022, "não houve um aumento significativo nas empresas de eletricidade, por comparação com as petrolíferas ou as empresas de gás", garante Ana Paula Marques, CEO da EDP Espanha e da EDP Produção.

Ana Paula Marques
17 de Julho de 2023 às 13:16
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A CEO da EDP Espanha e da EDP Produção, Ana Paula Marques, rejeita que os preços recorde da eletricidade em 2022, que se registaram em toda a Europa, tenham ajudado as empresas elétricas a obter melhores resultados financeiros no ano passado.

"Ao falar sobre lucros, deve-se esclarecer que não houve um aumento significativo nas empresas de eletricidade, por comparação com as petrolíferas ou as empresas de gás. No nosso caso, vendemos mais energia do que produzimos. Tem sido um tremendo desafio em termos de resultados", disse a gestora, que integra o Conselho de Administração, em entrevista ao jornal espanhol Cinco Días.  

Em 2022, a EDP registou lucros de 679 milhões de euros, mais 3%, ou 22 milhões. Em termos do resultado líquido recorrente a empresa cresceu 6%, para os 871 milhões de euros, impulsionado pelo "bom desempenho das operações internacionais, sobretudo da atividade de energias renováveis na Europa e nas operações de redes de eletricidade no Brasil".

Por comparação, a petrolífera portuguesa Galp obteve lucros ajustados de 881 milhões de euros no ano passado, mais 93% do que os 457 milhões obtidos em 2021. Este resultado anual foi o melhor de sempre da petrolífera, batendo os 707 milhões registados em 2018. 

Sobre a crise energética, a responsável diz que ainda "não podemos encerrar esse período, mas a evolução tem sido positiva". "Embora ninguém tenha uma bola de cristal sobre o futuro, a situação é muito melhor agora. A Europa conseguiu unir-se e reduzir significativamente a dependência da Rússia. Todos concordamos que os combustíveis fósseis devem ser reduzidos e eliminados, mas para isso é fundamental o crescimento das energias renováveis, com  regulação previsível, não intervencionista e que garanta o investimento", disse Ana Paula Marques, referindo-se ao travão ibérico em vigor na Península Ibérica e ao limite de preço imposto para a energia elétrica produzida por fontes renováveis em Espanha. 

"As medidas intervencionistas [do  mais recente pacote legislativo espanhol] distorcem o mercado", defendeu, dizendo que "Portugal é menos intervencionista porque a tarifa regulada não está dependente, como em Espanha, do mercado spot". 

Quanto à reforma do mercado elétrico europeu, a gestora diz que a EDP defende um "mercado único", evitando "situações individuais para cada um dos Estados-membros da UE". No entanto, comenta, esta vontade da Comissão Europeia em alterar as regras do mercado marginalistas de energia "enviou sinais que fizeram subir os preços e reduzir o consumo". Em relação à evolução dos projetos renováveis em Portugal e Espanha, Ana Paula Marques admitiu "incertezas" nas cadeias de abastecimento que fazem crescer os preços entre 20 a 50%.
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