Notícia
Lago potencialmente explosivo transformado em fonte energética
Metano dissolvido em água irá ser usado para a produção de electricidade no Ruanda
31 de Maio de 2012 às 14:18
Lago Kivu | Fica na fronteira entre o Ruanda e a República Democrática do Congo e dele depende uma população de dois milhões de pessoas.
O Ruanda tem poucas fontes de energia próprias e quase metade da energia eléctrica consumida é produzida a partir de combustível diesel. A existência de um grande lago, o Kivu, em risco de libertação dos grandes volumes de metano e dióxido de carbono dissolvido nas suas águas mais profundas, levou o país a apostar no uso do metano como fonte energética. A perspectiva é que a produção energética própria do país possa dobrar após o sistema estar implantado.
Mais de mil pessoas morreram em 1986, quando um lago situado nos Camarões libertou uma nuvem de CO2 que sufocou aldeias inteiras. O lago do Ruanda tem muito maior dimensão e está em risco de erupção. O Kivu fica na fronteira entre o Ruanda e a República Democrática do Congo é uma fonte de pesca, alimentação essencial para a população que habita aquelas paragens, cerca de dois milhões de pessoas.
Só que, a cerca de 300 metros de profundidade, a água do Kivu está cheia de gases dissolvidos, contidos pela elevada pressão exercida sobre eles. Estima-se que sejam 256 quilómetros cúbicos de dióxido de carbono e 65 de metano.
"É uma área muito vulcânica e grande pare do CO2 entra no lago pelas rochas vulcânicas do fundo", diz o professor da Universidade de Liverpool, Brian Moss. E são as bactérias do lago que convertem parte em metano.
O dióxido de carbono entra no lago pelas rochas vulcânicas do fundo e as bactérias do lago convertem parte em metano.
Brian Moss - Prof. Universidade de Liverpool
Actualmente a saturação de gases é tão elevada, que corre o risco de se libertar devido a uma actividade sísmica ou uma erupção. E se o crescimento da saturação em CO2 é um problema, também o é a presença do metano, que pode explodir quando exposto ao ar. "O metano não iria causar espontaneamente uma explosão na superfície. Mas existe uma série de fontes de ignição possíveis acima e em redor do lago", salienta o professor da Universidade de Minnesota, Robert Hecky. Além disso, dados recentes mostram que a concentração de metano no lago está a crescer. "Neste momento estamos a tirar amostras de sedimentos para reconstruir a história do Kivu nos últimos 10 mil anos.
Temos provas de que passou por erupções no passado, mas ainda não sabemos a sua potência e frequência", diz Robert Hecky.
O governo de Ruanda tem actualmente um plano para extrair o gás e evitar o risco de explosão. Água e gases dissolvidos irão ser extraídos através de canalizações colocadas a mais de 300 metros de profundidade e ligadas a um navio, para serem separados.
Depois, o metano irá ser conduzido até à costa do Ruanda, onde será usado como fonte de energia. O CO2 será reinjectado no lago, em parte para evitar perigos de libertação de produtos tóxicos e porque remover o metano vai tirar o lago do ponto de saturação.
O Ruanda tem poucas fontes de energia próprias e quase metade da energia eléctrica consumida é produzida a partir de combustível diesel. A existência de um grande lago, o Kivu, em risco de libertação dos grandes volumes de metano e dióxido de carbono dissolvido nas suas águas mais profundas, levou o país a apostar no uso do metano como fonte energética. A perspectiva é que a produção energética própria do país possa dobrar após o sistema estar implantado.
Só que, a cerca de 300 metros de profundidade, a água do Kivu está cheia de gases dissolvidos, contidos pela elevada pressão exercida sobre eles. Estima-se que sejam 256 quilómetros cúbicos de dióxido de carbono e 65 de metano.
"É uma área muito vulcânica e grande pare do CO2 entra no lago pelas rochas vulcânicas do fundo", diz o professor da Universidade de Liverpool, Brian Moss. E são as bactérias do lago que convertem parte em metano.
O dióxido de carbono entra no lago pelas rochas vulcânicas do fundo e as bactérias do lago convertem parte em metano.
Brian Moss - Prof. Universidade de Liverpool
Actualmente a saturação de gases é tão elevada, que corre o risco de se libertar devido a uma actividade sísmica ou uma erupção. E se o crescimento da saturação em CO2 é um problema, também o é a presença do metano, que pode explodir quando exposto ao ar. "O metano não iria causar espontaneamente uma explosão na superfície. Mas existe uma série de fontes de ignição possíveis acima e em redor do lago", salienta o professor da Universidade de Minnesota, Robert Hecky. Além disso, dados recentes mostram que a concentração de metano no lago está a crescer. "Neste momento estamos a tirar amostras de sedimentos para reconstruir a história do Kivu nos últimos 10 mil anos.
Temos provas de que passou por erupções no passado, mas ainda não sabemos a sua potência e frequência", diz Robert Hecky.
O governo de Ruanda tem actualmente um plano para extrair o gás e evitar o risco de explosão. Água e gases dissolvidos irão ser extraídos através de canalizações colocadas a mais de 300 metros de profundidade e ligadas a um navio, para serem separados.
Depois, o metano irá ser conduzido até à costa do Ruanda, onde será usado como fonte de energia. O CO2 será reinjectado no lago, em parte para evitar perigos de libertação de produtos tóxicos e porque remover o metano vai tirar o lago do ponto de saturação.