Notícia
Iberdrola reduz participação no capital da EDP
A Iberdola reduziu a sua posição no capital da eléctrica nacional, tendo actualmente menos de 5% da EDP. Contudo já assinou derivados que têm como objectivo vender mais 2,9% da eléctrica e está “disponível” para vender as restantes acções.
A Iberdrola vendeu acções da EDP, tendo entretanto a participação passado de 6,66% do capital da eléctrica para 4,996% entre 31 de Dezembro e “o dia de hoje”, pode ler-se no comunicado que a espanhola emitiu para o regulador espanhol, a CNMV.
“Adicionalmente a Iberdrola Energía [detida em 100% pela Iberdrola] subscreveu derivados de venda sobre acções da EDP representativas, aproximadamente, de 2,9% do seu capital social e cujo vencimento é no próximo dia 7 de Maio de 2014”, explica o mesmo comunicado.
Ou seja, quando estes derivados chegarem à sua maturidade as acções que estão em causa deixam de pertencer à participada da Iberdrola, o que levará a que a posição no capital da EDP se reduza a 2,1%.
A Iberdrola adianta que as acções que ainda detém da eléctrica nacional estão “disponíveis para venda” e que quando entender alienar informará os accionistas.
No comunicado não é referido o valor do encaixe que a Iberdrola fez com estas operações.
A Iberdrola era, até reduzir a posição na EDP, o terceiro maior accionista da eléctrica. Com os 4,996% que ainda lhe são imputados passa a quarto accionista e quando os derivados atingirem a sua maturidade passará a ser o nono accionista da eléctrica.
No Verão de 2013, a Iberdrola vendeu, pela primeira vez em três anos, acções da eléctrica portuguesa. Na altura ficou com menos de 7%, tendo chegado a deter 9,5% entre 2006 e 2010.
A Iberdrola entrou na EDP em 1998, numa das fases da reprivatização do grupo.
De início, a relação entre a EDP e a Iberdrola funcionou bem. As duas empresas tinham, desde 1998, uma parceria estratégica, com participações cruzadas. Mas nos últimos anos o grupo espanhol não escondeu o desconforto com a gestão de poderes na EDP e a sua limitada margem de manobra: o tecto de 5% de direitos de voto, que durante uma década penalizou a Iberdrola, só foi desfeito pelo Estado na venda de 21,35% à China Three Gorges. Em Março de 2012, a Iberdrola levou a EDP a tribunal para tentar anular as deliberações da assembleia geral de accionistas de Fevereiro, denunciando um conflito de interesses na votação, pelo Estado, das propostas que elevariam o limite de direitos de voto na EDP de 20% para 25%.
A ascensão e queda de uma ligação accionista que já leva 15 anos.
JUNHO 1998: Iberdrola compra 2,25%
Numa parceria estratégica assinada com a EDP em Maio de 1998, a Iberdrola acorda comprar, em Junho desse ano, 2,25% da EDP. O negócio, no âmbito da reprivatização da EDP, foi realizado pelo Governo de António Guterres, que tinha como ministro da Economia Joaquim Pina Moura, hoje presidente da Iberdrola Portugal.
JULHO 2001: Participação chega aos 5%
Em 2001 a Iberdrola alcança 4,99% do capital da EDP, correspondentes a 5,02% dos direitos de voto, que, contudo, estavam limitados a 5%.
ABRIL 2006: Posição na EDP atinge 9,5%
A Iberdrola reforça a participação na EDP de 5,7% para 9,5%, por 332 milhões de euros (a um valor médio de 2,39 euros por acção).
FEVEREIRO 2010: Iberdrola aliena 2,7% da EDP
Em Fevereiro de 2010, a Iberdrola reduziu pela primeira vez a sua participação na EDP, onde nunca chegou a estar representada no Conselho Geral e de Supervisão. Vendeu 2,71% da EDP, baixando a sua posição de 9,5% para 6,79%.
JUNHO 2013: Iberdrola volta a reduzir
No segundo trimestre o grupo espanhol voltou a baixar a posição, passando de 6,79% para 6,66%.
FEVEREIRO 2014: Iberdrola vende mais acções da eléctrica
A Iberdrola voltou a vender acções da EDP e celebrou contratos de derivados tendo em vista a alienação de mais títulos. Esses derivados vão atingir a maturidade em Maio, altura em que a Iberdrola ficará com 2,1% do capital da EDP. Uma participação que está “disponível para venda”.
(Notícia actualizada às 18h33 com mais informação)