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Finerge aposta na energia solar para crescer
O "grosso" do futuro crescimento da Finerge, segunda maior operadora eólica em Portugal, será no segmento da energia solar, onde pretende entrar através dos leilões a realizar a partir de julho, disse hoje o presidente executivo.
"O crescimento em termos de energias renováveis em Portugal nos próximos anos vai fazer-se sobretudo no solar e, portanto, é seguramente a área onde em Portugal vamos crescer mais", declarou Pedro Norton, confirmando a participação da empresa nos leilões do solar e a "entrada também pela área do 'greenfield', de desenvolvimento e construção de parques", à medida que a Finerge for obtendo licenças.
"As licenças que tivermos no âmbito do leilão serão para desenvolver", afirmou.
Em declarações aos jornalistas à margem da inauguração das novas instalações da Finerge em Matosinhos, distrito do Porto, Pedro Norton referiu que no primeiro leilão do solar, previsto para o início de julho, a empresa não irá "seguramente entrar com muitos projetos", até porque "a decisão de entrar na área do desenvolvimento é relativamente recente".
"Mas vamos estar presentes, quanto mais não seja porque acho que é uma obrigação nossa", garantiu.
Segundo Pedro Norton, "quer nas eólicas, quer no solar", a Finerge (detida pelo fundo australiano First State Investments) continuará também "atenta" às "oportunidades" de novas aquisições "no mercado português e fora dele", sendo "quase inevitável" que a empresa se estreie na expansão internacional, "provavelmente começando pelas geografias mais óbvias, como Espanha e França".
"Lá fora provavelmente o início vai ser por aquisições, até porque não faz sentido entrar diretamente no desenvolvimento fora de Portugal, mas provavelmente quando tivermos já ativos em exploração fora de portas iremos iniciar também a fase de 'greenfield'", afirmou o presidente executivo.
Com um volume de negócios de 170 milhões de euros em 2018 e uma taxa de crescimento anual em torno dos 5%, a Finerge referiu já ter investido 1,2 mil milhões de euros em Portugal e pretende continuar a apostar no desenvolvimento das renováveis no país.
"Portugal tem objetivos muito ambiciosos em termos de penetração da taxa de energias renováveis na eletricidade, que decorrem do Plano Nacional Energia e Clima, e isso pressupõe um grande crescimento da capacidade instalada em termos de renováveis. Nós queremos agarrar essas oportunidades e fazer parte dessa solução de que o país precisa", assegurou Pedro Norton.
A "estabilidade regulatória" é apontada pelo presidente executivo da Finerge como o grande trunfo do país nesta área: "Portugal tem sido, e espero que se mantenha, uma geografia com alguma estabilidade regulatória e isso é a coisa mais importante para quem investe no país, sobretudo quando são investidores estrangeiros, como é o nosso caso".
"Os nossos investidores reconheceram que o país, ao contrário do que aconteceu, por exemplo, em Espanha, sempre manteve um quadro regulatório estável, nunca houve medidas retroativas, e isso dá confiança aos investidores", sustentou.
De acordo com o responsável, o Plano Nacional Energia e Clima, apresentado no final do ano passado pelo Governo, tem "metas ambiciosas", estando o executivo "seriamente comprometido com a luta contra as alterações climáticas".
"Acho que o Governo está a levar isso a sério e, nessa medida, acho que se está a criar condições que nos dão alguma esperança de que este quadro de estabilidade se possa manter", rematou.
Fundada em 1996, quando começou a desenvolver atividades de cogeração elétrica em Portugal, a Finerge é atualmente uma das empresas líderes no setor da produção de energia eólica no país, contando com 508 aerogeradores instalados nas 43 centrais que explora, sendo a energia eólica ali recolhida transformada em cerca de 2,12 TWh (terawatt-hora) de energia elétrica anualmente.
Em 15 de maio passado, a Finerge anunciou ter assegurado um financiamento de 706 milhões de euros e mais 92 milhões de euros em linhas de crédito para acelerar o seu crescimento.