Notícia
Energia nuclear?
A Agência Internacional de Energia considera a energia nuclear essencial para reduzir as emissões de carbono
31 de Maio de 2012 às 14:29
Central nuclear de Fukushima | A catástrofe do ano passado relançou o debate sobre a energia nuclear.
A catástrofe de Fukushima, no Japão, abalou há mais de um ano a consciência colectiva. Hoje há 54 reactores inactivos no país. E talvez nunca mais sejam reiniciados.
Desde que ocorreu o desastre na central japonesa de Fukushima, no Japão, este deixou de ser considerado um dos países mais seguros do mundo, envolvendo-se numa das maiores crises nucleares de sempre, superada apenas pela de Chernobyl, na Ucrânia.
Este incidente levou o Japão e outras nações a pensar mudar o seu mix energético e alterar os seus investimentos na energia nuclear. Na altura do desastre os nipónicos produziam cerca de 29% da energia que necessitam em centrais nucleares.
Depois da sua ocorrência, as autoridade do país paralisaram as centrais nucleares e passaram a suplementar as suas necessidades com centrais a carvão, que, na altura, já supriam 27% das suas necessidades energéticas. Apesar da energia nuclear ser limpa, por não emitir dióxido de carbono, a sua utilização esteve sempre envolvida em polémica. A deposição de forma inadequada dos resíduos atómicos e o risco de contaminação são os seus principais problemas, apesar de já existirem estudos para a reutilização dos primeiros para produção de energia.
Os japoneses não foram os únicos que voltaram as costas ao nuclear após o acidente de Fukushima, porque Suíça, Alemanha e Bélgica também anunciaram o fecho das suas centrais. Outros países, como a China e a França reviram em baixa os seus projectos de construção deste tipo de instalações.
Uma sondagem internacional que decorreu no final do ano passado revelou que 22% das pessoas interrogadas em todo o mundo acreditavam que a energia nuclear é relativamente segura e que a construção de centrais deveria continuar. Mas 71% do painel dos países com grande consumo de energia nuclear, o caso dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Alemanha e França, não tinha dúvida que a energia renovável pode substituir o carvão e o nuclear nas duas próximas décadas.
Um grupo de peritos intergovernamentais sobre mudanças climáticas sustenta que 80% das necessidades energéticas mundiais poderão ser satisfeitas a partir de energias renováveis em 2050. Mas a Agência Internacional de Energia (AIE) considera a energia nuclear essencial, porque as solar, geotérmica e hidroeléctrica ainda não estão suficientemente desenvolvidas para corresponder aos objectivos de redução das emissões de dióxido de carbono.
O economista-chefe daquele organismo, Fatih Birol, advertiu, no início deste ano, que se a energia nuclear fosse posta de lado, a dependência dos combustíveis fósseis cresceria o que poderia contribuir, de forma perigosa, para o aumento da temperatura do planeta.
Richard Jones, vice-presidente da AIE exortou mesmo os governos a agir para evitar o incremento das emissões.
Está previsto que a temperatura média poderá aumentar seis graus até 2050 se os países usarem mais energia fóssil, com consequências ecológicas desastrosas. "Tal decisão vai mergulhar as gerações futuras em grandes dificuldades económicas, ambientais e energéticas. Trata-se de uma herança que não queremos deixar aos nossos filhos,", disse perante uma plateia de ministros da Energia reunidos em Londres.
A AIE estima que os governos não vão conseguir investir o suficiente no desenvolvimento de tecnologias verdes ou melhorar ainda mais técnicas de armazenamento que permitam reduzir as emissões de dióxido de carbono. A crise é, em parte responsável por isso, devido a não haver verbas disponíveis para realizar estes investimentos. O fim dos subsídios atenuou ainda mais os baixos proveitos das empresas que investiram em renováveis.
Há dúvidas quanto aos méritos das energias solar e eólica e alguns detractores criticam as energias renováveis, dizendo que são muito caras e que as suas desvantagens ultrapassarão os proveitos.
Alguns políticos condenaram mesmo os objectivos em relação às emissões de gases com efeito de estufa, que consideram demasiado existente para uma economia em crise. O que é um facto é que a Alemanha continua firmemente a sua saga de substituição da energia nuclear por fontes alternativas. É hoje o segundo maior produtor de energia solar mundial e aumentou a sua produção em 60% em 2011. Apesar das mudanças nas rendas pagas às empresas, que contribuíram para a redução do crescimento das instalações solares em relação aos anos anteriores, o sector foi o que mais se desenvolveu dentro da indústria energética alemã. Em 2011 produzia 3% da energia total da Alemanha, 18,6 bilhões de quilowatt-hora. O país já anunciou que pretende desativar as suas centrais até 2022 e quer ter um mix energético 100% limpo até 2050.
A dependência em relação às suas centrais tradicionais faz, no entanto, que a Alemanha produza hoje 300 milhões de toneladas suplementares de dióxido de carbono até 2020, o que é mais do que a Itália e a Espanha juntas. Mas o país deverá contar também com a melhoria dos hábitos de consumo dos seus cidadãos, uma variável a ter em conta para o ambiente.
Marrocos aposta nas renováveis
País conta reduzir a sua dependência do petróleo até 2020
O desenvolvimento de energia renováveis deverá contribuir para reduzir fortemente a dependência do país do petróleo até 2020, indicou à Agência France Presse o ministro da Energia e Ambiente de Marrocos, Fouad Douiri.
Actualmente, 80% das necessidades energéticas do país são importadas. Por isso, Marrocos lançou-se há dez anos num programa ambicioso de promoção das energia renováveis, que visa ter, em 2020, uma potência instalada de 4000 MW, em parte iguais entre fontes eólicas e solares. Desta forma a sua produção crescerá para 42% das suas necessidades, contra os 25% actuais.
Dada a pequena dimensão dos mercados locais, o ministro considera que é necessário agir a nível regional, porque é importante a integração dos mercados e das redes eléctricas entre os países magrebinos e com os europeus, para baixar os montantes a investir. "O sucesso da transição para as energias renováveis no nosso país requer o estabelecimento de parcerias e um envolvimento mais forte do sector privado e de todos", acrescentou.
A catástrofe de Fukushima, no Japão, abalou há mais de um ano a consciência colectiva. Hoje há 54 reactores inactivos no país. E talvez nunca mais sejam reiniciados.
Este incidente levou o Japão e outras nações a pensar mudar o seu mix energético e alterar os seus investimentos na energia nuclear. Na altura do desastre os nipónicos produziam cerca de 29% da energia que necessitam em centrais nucleares.
Depois da sua ocorrência, as autoridade do país paralisaram as centrais nucleares e passaram a suplementar as suas necessidades com centrais a carvão, que, na altura, já supriam 27% das suas necessidades energéticas. Apesar da energia nuclear ser limpa, por não emitir dióxido de carbono, a sua utilização esteve sempre envolvida em polémica. A deposição de forma inadequada dos resíduos atómicos e o risco de contaminação são os seus principais problemas, apesar de já existirem estudos para a reutilização dos primeiros para produção de energia.
Os japoneses não foram os únicos que voltaram as costas ao nuclear após o acidente de Fukushima, porque Suíça, Alemanha e Bélgica também anunciaram o fecho das suas centrais. Outros países, como a China e a França reviram em baixa os seus projectos de construção deste tipo de instalações.
Uma sondagem internacional que decorreu no final do ano passado revelou que 22% das pessoas interrogadas em todo o mundo acreditavam que a energia nuclear é relativamente segura e que a construção de centrais deveria continuar. Mas 71% do painel dos países com grande consumo de energia nuclear, o caso dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Alemanha e França, não tinha dúvida que a energia renovável pode substituir o carvão e o nuclear nas duas próximas décadas.
Um grupo de peritos intergovernamentais sobre mudanças climáticas sustenta que 80% das necessidades energéticas mundiais poderão ser satisfeitas a partir de energias renováveis em 2050. Mas a Agência Internacional de Energia (AIE) considera a energia nuclear essencial, porque as solar, geotérmica e hidroeléctrica ainda não estão suficientemente desenvolvidas para corresponder aos objectivos de redução das emissões de dióxido de carbono.
O economista-chefe daquele organismo, Fatih Birol, advertiu, no início deste ano, que se a energia nuclear fosse posta de lado, a dependência dos combustíveis fósseis cresceria o que poderia contribuir, de forma perigosa, para o aumento da temperatura do planeta.
Richard Jones, vice-presidente da AIE exortou mesmo os governos a agir para evitar o incremento das emissões.
Está previsto que a temperatura média poderá aumentar seis graus até 2050 se os países usarem mais energia fóssil, com consequências ecológicas desastrosas. "Tal decisão vai mergulhar as gerações futuras em grandes dificuldades económicas, ambientais e energéticas. Trata-se de uma herança que não queremos deixar aos nossos filhos,", disse perante uma plateia de ministros da Energia reunidos em Londres.
A AIE estima que os governos não vão conseguir investir o suficiente no desenvolvimento de tecnologias verdes ou melhorar ainda mais técnicas de armazenamento que permitam reduzir as emissões de dióxido de carbono. A crise é, em parte responsável por isso, devido a não haver verbas disponíveis para realizar estes investimentos. O fim dos subsídios atenuou ainda mais os baixos proveitos das empresas que investiram em renováveis.
Há dúvidas quanto aos méritos das energias solar e eólica e alguns detractores criticam as energias renováveis, dizendo que são muito caras e que as suas desvantagens ultrapassarão os proveitos.
Alguns políticos condenaram mesmo os objectivos em relação às emissões de gases com efeito de estufa, que consideram demasiado existente para uma economia em crise. O que é um facto é que a Alemanha continua firmemente a sua saga de substituição da energia nuclear por fontes alternativas. É hoje o segundo maior produtor de energia solar mundial e aumentou a sua produção em 60% em 2011. Apesar das mudanças nas rendas pagas às empresas, que contribuíram para a redução do crescimento das instalações solares em relação aos anos anteriores, o sector foi o que mais se desenvolveu dentro da indústria energética alemã. Em 2011 produzia 3% da energia total da Alemanha, 18,6 bilhões de quilowatt-hora. O país já anunciou que pretende desativar as suas centrais até 2022 e quer ter um mix energético 100% limpo até 2050.
A dependência em relação às suas centrais tradicionais faz, no entanto, que a Alemanha produza hoje 300 milhões de toneladas suplementares de dióxido de carbono até 2020, o que é mais do que a Itália e a Espanha juntas. Mas o país deverá contar também com a melhoria dos hábitos de consumo dos seus cidadãos, uma variável a ter em conta para o ambiente.
Marrocos aposta nas renováveis
País conta reduzir a sua dependência do petróleo até 2020
O desenvolvimento de energia renováveis deverá contribuir para reduzir fortemente a dependência do país do petróleo até 2020, indicou à Agência France Presse o ministro da Energia e Ambiente de Marrocos, Fouad Douiri.
Actualmente, 80% das necessidades energéticas do país são importadas. Por isso, Marrocos lançou-se há dez anos num programa ambicioso de promoção das energia renováveis, que visa ter, em 2020, uma potência instalada de 4000 MW, em parte iguais entre fontes eólicas e solares. Desta forma a sua produção crescerá para 42% das suas necessidades, contra os 25% actuais.
Dada a pequena dimensão dos mercados locais, o ministro considera que é necessário agir a nível regional, porque é importante a integração dos mercados e das redes eléctricas entre os países magrebinos e com os europeus, para baixar os montantes a investir. "O sucesso da transição para as energias renováveis no nosso país requer o estabelecimento de parcerias e um envolvimento mais forte do sector privado e de todos", acrescentou.