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EDP investe na transmissão para duplicar dimensão no Brasil até 2020
O presidente da EDP no Brasil, Miguel Setas, afirma que a empresa pretende atingir o dobro da dimensão que tinha em 2017 até 2020. Para concretizar este objetivo, está disposta a investir o dinheiro em caixa - quase 500 milhões de euros - na área de transmissão.
A EDP quer dobrar de tamanho no Brasil até 2020 e está disposta a usar até um ano de caixa, ou o equivalente a 2 mil milhões de reais (468 milhões de euros), para ir às compras no país, disse o presidente Miguel Setas. Ativos de energia em geração, transmissão e distribuição estão na mira da empresa.
Com o novo foco, a área de transmissão de energia deve sair de zero no balanço para passar a responder por 20% do Ebitda da empresa até 2021. Com cinco lotes de transmissão para construir, a área deve ajudar a EDP a duplicar sua dimensão no país no período entre 2017 e 2020, disse Setas em entrevista no escritório da Bloomberg.
O executivo diz que a EDP está "completamente otimista" com o momento económico do país, citando o quadro macroeconómico estabilizado, a taxa de juros de um dígito e a inflação sob controle. "Falta vir o crescimento económico e a agenda reformista acontecer", disse.
"Os investimentos estão todos contratados. Nada põe em risco essa concretização. Se houver oportunidade, podemos investir ainda mais", disse Setas sobre os planos de crescimento. O capex de 2018 deve ser elevado este ano, mas a cifra ainda não está fechada.
A disposição para crescer inclui participar dos leilões oferecidos pelo governo ou via mercado secundário, casos em que empresas que ganharam lotes em leilões perdem interesse ou não têm condições financeiras para colocar os projetos de pé e os repassam a outras companhias. "Nos últimos 3 leilões de transmissão não conseguimos nenhum lote porque houve uma competição predatória", disse Setas. "Entramos com uma janela de rentabilidade adequada".
A empresa vê espaço para elevar sua alavancagem, caso isso seja preciso para financiar os investimentos no crescimento. A relação dívida líquida/Ebitda da EDP Brasil é hoje de cerca de 2 vezes. Tipicamente no setor, é de 3 a 3,5 vezes, segundo o executivo.
Com ativos avaliados em 22 mil milhões de reais no país, a limpeza do portfólio também faz parte da estratégia da EDP. Em dezembro, por exemplo, a empresa concluiu a alienação da EDP Pequenas Centrais Elétricas e da Santa Fé Energia, como parte de uma decisão de se desfazer das PCHs. A racionalização de ativos deve continuar a acontecer, gerando recursos para reinvestimento em outros negócios, mas não há nenhum ativo específico para venda neste momento, segundo o presidente.
"Distribuição é outra área em que temos interesse", disse Setas. No ano passado, a EDP Brasil passou a deter 23,6% da Celesc, de Santa Catarina, tornando-se sua maior acionista. "Veremos no futuro se haverá uma agenda de privatização dessa companhia", disse Setas. A EDP teria interesse em ampliar sua fatia e até passar a controlar essa empresa.