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Descendente de Gulbenkian defende venda da Partex
Martin Essayan é o único representante da família no conselho de administração da Fundação Calouste Gulbenkian e confirma que a decisão foi tomada de forma "unânime" pelos administradores.
A Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) está a analisar uma oferta de compra pela empresa de petróleos Partex. A decisão final de vender, ou não, a companhia será tomada pelo conselho de administração da FCG que conta com um descendente directo de Calouste Gulbenkian, conforme os estatutos da FCG.
O único representante do clã no conselho de administração, Martin Essayan, veio a público defender a decisão da FCG de alienar a empresa criada pelo patriarca em 1938. Conforme avançou o Negócios, existem vários membros da família Gulbenkian que estão contra a decisão da FCG vender a Partex, apesar de não terem poderes para conseguirem travar esta operação.
"Ambos acreditamos que Calouste Gulbenkian teria querido que fizéssemos o melhor para a Fundação, de forma racional, equilibrando os riscos e as recompensas", começa por dizer Martin Essayan numa nota enviada ao Negócios esta terça-feira, 6 de Fevereiro.
"Durante a sua vida, Calouste Gulbenkian alienou muitos activos do petróleo e muitas vezes discutiu a venda das suas "holdings" do Médio Oriente com o seu filho e o meu avô, que eram provavelmente os seus conselheiros mais próximos (ainda temos as cartas). Calouste Gulbenkian é muitas vezes citado dizendo que não era um "homem do petróleo" mas um "arquitecto de negócios", acrescenta.
Martin Essayan afirma que Calouste Gulbenkian "no seu testamento deixou aos administradores plenos poderes para fazerem o que considerassem melhor com os seus activos. E apesar do testamento referir a perpetuidade da FCG, não há nenhuma menção à Partex".
O bisneto do patriarca da família Gulbenkian diz que desde que entrou para o conselho de administração que tem defendido uma "avaliação permanente dos investimentos na Partex, de forma a evitar uma concentração excessiva dos nossos investimentos numa só indústria e numa só empresa, dependentes da volatilidade dos preços do petróleo. Além disso, a questão dos combustíveis fósseis também me tem vindo a preocupar, por motivos de sustentabilidade".
Conforme sublinha, a decisão de analisar ofertas pela compra da Partex foi tomada de forma "unânime" pelo conselho de administração, depois desta matéria ter sido discutida "aprofundadamente" nos "últimos anos".
Segundo avançou o jornal Expresso, os chineses da CEFC China Energy estarão actualmente a negociar a compra da Partex. Em 2016, as várias participações em empresas de petróleo e gás em geografias como Omã ou Abu Dhabi, reunidas na Partex, estavam avaliadas em 495 milhões de euros.