Notícia
Bruxelas analisa "com cuidado" extensão de mecanismo ibérico a toda a UE
"Esta é uma questão tecnicamente complicada, penso que também politicamente", admitiu o porta-voz do executivo comunitário para a Energia, em conferência de imprensa.
19 de Outubro de 2022 às 13:16
A Comissão Europeia analisa "com muito cuidado" os impactos de uma eventual extensão do mecanismo ibérico, para limitar o preço de gás na produção de eletricidade, a toda a União Europeia (UE), para evitar "efeitos secundários involuntários".
"O mecanismo ibérico é algo que estamos a analisar com muito cuidado. Estamos a recolher dados em termos do impacto que tem tido e há uma série de considerações que precisamos de analisar em termos do que aconteceria se o aplicássemos a um nível europeu mais vasto", declarou esta quarta-feira o porta-voz do executivo comunitário para a Energia, Tim McPhie.
Falando na conferência de imprensa diária da instituição, em Bruxelas, em resposta a uma questão da Lusa, o responsável explicou que "isso tem a ver principalmente com os diferentes cabazes energéticos nos diferentes Estados-membros", pelo que teria de se evitar "um desequilíbrio" nos países e nos fluxos transfronteiriços para além da União Europeia.
"Esta é uma questão tecnicamente complicada, penso que também politicamente, pelo que estamos a tomar o tempo necessário para continuar a discuti-la com os Estados-membros, para nos certificarmos de que vamos fazer uma proposta equilibrada e que não tem quaisquer efeitos secundários involuntários", adiantou Tim McPhie.
A posição surge depois de, esta manhã, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ter defendido que o mecanismo ibérico "merece ser considerado" ao nível da UE, embora "ainda haja questões a serem respondidas", garantindo analisar todas as soluções para baixar preços.
A posição contrasta, contudo, com a comunicação publicada pela Comissão Europeia na terça-feira, na qual a instituição argumentava que a extensão a toda a UE do mecanismo temporário existente na Península Ibérica "comporta alguns riscos", preferindo outra "solução para todos".
Desde meados de junho passado, está em vigor um mecanismo temporário ibérico para colocar limites ao preço médio do gás na produção de eletricidade, a cerca de 50 euros por Megawatt-hora, que foi solicitado por Portugal e Espanha em março passado devido à crise energética e à guerra da Ucrânia, que pressionou ainda mais o mercado energético.
Falando em conferência de imprensa na terça-feira, Ursula von der Leyen afirmou que o mecanismo ibérico tem "ajudado muito" a aperfeiçoar potenciais modelos para toda a UE, funcionando como "uma espécie de projeto de campo para obter alguma experiência e dados agregados", embora acarrete impactos "que merecem realmente uma análise profunda".
Numa entrevista à Lusa divulgada na terça-feira, a comissária europeia da Energia, Kadri Simson apontou que "a medida ibérica funciona para um mercado específico, as infraestruturas específicas e a situação de abastecimento da Península".
"Os Estados-membros da UE são muito diversos no que diz respeito aos seus cabazes energéticos, ligações e sistemas de energia, [pelo que] um mecanismo a nível da UE teria de funcionar para todos eles", adiantou a responsável.
Kadri Simson admitiu ainda que a Comissão Europeia ainda está reticente sobre imposição de tetos nos preços do gás natural, pelos riscos na segurança do abastecimento nomeadamente pela Rússia, e sobre limites no preço do gás na produção de eletricidade, pelas suas desvantagens.
As tensões geopolíticas devido à guerra na Ucrânia têm afetado o mercado energético europeu desde logo porque a UE depende dos combustíveis fósseis russos, como o gás, e teme cortes no fornecimento este inverno.
"O mecanismo ibérico é algo que estamos a analisar com muito cuidado. Estamos a recolher dados em termos do impacto que tem tido e há uma série de considerações que precisamos de analisar em termos do que aconteceria se o aplicássemos a um nível europeu mais vasto", declarou esta quarta-feira o porta-voz do executivo comunitário para a Energia, Tim McPhie.
"Esta é uma questão tecnicamente complicada, penso que também politicamente, pelo que estamos a tomar o tempo necessário para continuar a discuti-la com os Estados-membros, para nos certificarmos de que vamos fazer uma proposta equilibrada e que não tem quaisquer efeitos secundários involuntários", adiantou Tim McPhie.
A posição surge depois de, esta manhã, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ter defendido que o mecanismo ibérico "merece ser considerado" ao nível da UE, embora "ainda haja questões a serem respondidas", garantindo analisar todas as soluções para baixar preços.
A posição contrasta, contudo, com a comunicação publicada pela Comissão Europeia na terça-feira, na qual a instituição argumentava que a extensão a toda a UE do mecanismo temporário existente na Península Ibérica "comporta alguns riscos", preferindo outra "solução para todos".
Desde meados de junho passado, está em vigor um mecanismo temporário ibérico para colocar limites ao preço médio do gás na produção de eletricidade, a cerca de 50 euros por Megawatt-hora, que foi solicitado por Portugal e Espanha em março passado devido à crise energética e à guerra da Ucrânia, que pressionou ainda mais o mercado energético.
Falando em conferência de imprensa na terça-feira, Ursula von der Leyen afirmou que o mecanismo ibérico tem "ajudado muito" a aperfeiçoar potenciais modelos para toda a UE, funcionando como "uma espécie de projeto de campo para obter alguma experiência e dados agregados", embora acarrete impactos "que merecem realmente uma análise profunda".
Numa entrevista à Lusa divulgada na terça-feira, a comissária europeia da Energia, Kadri Simson apontou que "a medida ibérica funciona para um mercado específico, as infraestruturas específicas e a situação de abastecimento da Península".
"Os Estados-membros da UE são muito diversos no que diz respeito aos seus cabazes energéticos, ligações e sistemas de energia, [pelo que] um mecanismo a nível da UE teria de funcionar para todos eles", adiantou a responsável.
Kadri Simson admitiu ainda que a Comissão Europeia ainda está reticente sobre imposição de tetos nos preços do gás natural, pelos riscos na segurança do abastecimento nomeadamente pela Rússia, e sobre limites no preço do gás na produção de eletricidade, pelas suas desvantagens.
As tensões geopolíticas devido à guerra na Ucrânia têm afetado o mercado energético europeu desde logo porque a UE depende dos combustíveis fósseis russos, como o gás, e teme cortes no fornecimento este inverno.