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BP: Acabou a era do crescimento do consumo mundial de petróleo

Mesmo no cenário menos drástico, a BP estima uma redução ligeira no consumo mundial para valores em torno de 100 milhões de barris por dia.

14 de Setembro de 2020 às 12:13
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A BP já reconhece que não vai continuar a tendência de aumento no consumo de petróleo, tornando-se assim a primeira entre as grandes petrolíferas mundiais a decretar o fim de uma era que muitos acreditavam que iria durar pelo menos mais uma década.

 

O consumo de petróleo nunca mais deverá regressar aos níveis que se verificavam antes da pandemia, refere um estudo publicado pela BP onde a petrolífera perspetiva a evolução da indústria até 2050, traçando para tal três cenários.

 

Mesmo no cenário menos drástico, que apelida de "business as usual", a BP estima uma redução ligeira no consumo mundial, estabilizando em torno de 100 milhões de barris por dia ao longo dos próximos anos. Desta forma, a petrolífera britânica assume que o pico do consumo da matéria-prima já aconteceu no ano passado.

 

No Energy Outlook publicado esta segunda-feira, a BP avança com uma segundo cenário de quebra de 50% no consumo até 2050. No cenário mais extremo o consumo poderá diminuir cerca de 80% nos próximos 30 anos.

 

"A procura de petróleo vai baixar aos longo dos próximos 30 anos", escreve a BP no relatório, onde assinala que "a escala e o ritmo desde descida vai depender do aumento da eficiência e eletrificação do transporte terrestre". No Energy Outlook no ano passado a BP assumiu um cenário de aumento da procura para 130 milhões de barris por dia.

 

Além dos efeitos imediatos da pandemia, a BP assume esta evolução para o mercado petrolífero devido às mudanças de hábitos dos consumidores e alterações de políticas por parte dos governos.

 

Com a transição energética a afastar o mundo dos combustíveis fósseis, a BP quer estar na linha da frente das mudanças no setor, reduzindo a dependência do petróleo. O novo CEO reduziu a meta de produção de petróleo e gás em 40% para os próximos 10 anos e pretende investir 5 mil milhões de dólares ao ano em ativos renováveis.      

 

A visão da BP contrasta com a de outras petrolíferas, governos e países produtores, que acreditam que a supremacia do petróleo vai persistir por muito mais anos, pois esta é ainda a única matéria-prima capaz de satisfazer a crescente procura num contexto de crescimento da população mundial e classe média.

 

A petrolífera britânica não é contudo a única gigante do setor a alterar de forma profunda o seu modelo de negócio. Numa altura em que as alterações climáticas  continuam no centro da agenda mundial, empresas como a Royal Dutch Shell, Total e outras companhias na Europa (como a Galp em Portugal) estão a apostar cada vez mais em ativos "limpos".  

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