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ENSE defende suspensão da refinação para evitar "colapso da armazenagem"

A Entidade Nacional para o Setor Energético (ENSE) aconselhou a suspensão temporária das refinarias da Galp, em Matosinhos e Sines, "para evitar o colapso da armazenagem", tendo em conta o impacto da pandemia de covid-19, segundo um comunicado.

ENSE
21 de Abril de 2020 às 17:05
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"Conforme já foi transmitido a todos os operadores do sistema petrolífero nacional durante o dia de ontem [20 de abril], para que melhor possam planear e ajustar o desenvolvimento das suas atividades, o surto pandémico provocou a redução da atividade económica com efeitos ao nível da diminuição do consumo de combustíveis em todo o território nacional, e adicional e correlativamente, teve implicações diretas na capacidade de armazenagem do país que, neste momento, preenchida a 90%, está praticamente esgotada", indicou hoje a ENSE em comunicado.

Na segunda-feira, a Galp confirmou à agência Lusa que vai suspender a atividade na refinaria de Sines a partir de 04 de maio e durante cerca de um mês, por impossibilidade de escoamento "dos produtos produzidos", e a atividade na unidade de combustíveis na refinaria de Matosinhos já está suspensa.

Na nota enviada hoje, assinada pelo presidente do Conselho de Administração da entidade, Filipe Rodrigues Meirinho, a entidade adiantou que "o efeito de saturação da referida capacidade de armazenagem, à semelhança do que acontece com os restantes Estados da UE [União Europeia] que, com Portugal, partilham capacidade de armazenagem, inviabiliza o recurso a armazenagem fora do território nacional".

Assim, à data de hoje, "está integralmente garantido o abastecimento de combustíveis a todo o território nacional, sem exceção, pelo que o combustível não vai escassear nos postos de abastecimento, muitos menos nos postos REPA (Rede de Emergência de Postos de Abastecimento) que obedecem a um regime especialíssimo em caso de emergência energética", indicou a entidade, no comunicado.

Tendo em conta "este cenário de excesso de produto", a ENSE está a "monitorizar constantemente o abastecimento do país, mantendo, em total prontidão as reservas estratégicas e de emergência nacionais, que garantem o abastecimento de produtos derivados do petróleo ao país pelo período de 90 dias, com referência ao consumo registado em 2019", indicou a entidade.

Assim, "neste cenário de excesso de oferta de derivados de petróleo, por efeito da redução do consumo, é fundamental a redução de refinados podendo a suspensão temporária das refinarias de Matosinhos e de Sines contribuir, decisivamente, para evitar o colapso da capacidade de armazenagem".

As refinarias continuam, neste momento, a funcionar, "mantendo-se a refinaria de Matosinhos a produzir óleos leves", esclareceu fonte da ENSE à Lusa. 

A ENSE indicou ainda que tem "um plano de contingência e acompanhamento da evolução do consumo em Portugal ajustado a este particular contexto pandémico", e que "estabeleceu protocolos com a empresa refinadora, por forma a retomar a produção caso a situação atual, como seria desejável, se altere drasticamente, garantindo, mais uma vez, que as reservas estão em prontidão no que à sua utilização imediata diz respeito".

A procura mundial de petróleo deverá cair 9,3 milhões de barris por dia este ano devido à paralisação económica mundial gerada pela covid-19, indicou a Agência Internacional da Energia (AIE) no relatório mensal sobre o mercado petrolífero, a 15 de abril.

Esta queda "histórica" deverá conduzir o consumo mundial para o nível de 2012, de cerca de 90,6 milhões de barris por dia, prevê a agência com sede em Paris, atribuindo as causas às medidas de confinamento e à quase paralisação dos transportes em todo o mundo.

Só no mês de abril, a AIE prevê uma queda da procura de 29 milhões de barris por dia face a 2019, para níveis nunca vistos em 25 anos. O consumo deverá cair ainda 26 milhões de barris por dia em maio, e 15 milhões de barris por dia em junho face aos meses homólogos de 2019.

A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 170 mil mortos e infetou quase 2,5 milhões de pessoas em 193 países e territórios. 

Mais de 558 mil doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 762 pessoas das 21.379 registadas como infetadas, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
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