O valor total de fusões e aquisições registado em Portugal, em 2004 (até ao momento) disparou 86% face ao mesmo período de 2003, ao passar de 5,534 mil milhões de dólares para 10,294 mil milhões de dólares, impulsionado pelas transacções ocorridas na segunda metade do ano (com um aumento, em valor, de 162% face ao primeiro semestre) e seguindo a melhoria registada no resto do mundo, revela um estudo da KPMG Corporate Finance.

No entanto, o número de operações completadas sofreu um decréscimo de 13%, ao passar de 105 transacções completadas em 2003 para 91 registadas em 2004, revela o mesmo documento.

«Um facto a salientar no ano corrente é o aumento verificado no valor total de fusões e aquisições em Portugal se dever em grande parte ao aumento proeminente (135% em relação a 2003) do investimento vindo de e para o exterior (cross-border). Podemos aferir que 76% (7.871 milhões de dólares) do valor total e 65% (59) do número total das transacções completadas este ano advém da actividade cross-border. É ainda de referir que apesar de até ao momento se terem registarem menos 20 transacções domésticas completadas que no ano anterior (de 52 em 2003 para 32 em 2004), o valor doméstico total cresceu 11% (2.190 milhões em 2003 para 2.423)», revela Paulo Santos, responsável da KPMG Corporate Finance em Portugal, em comunicado.

EDP, PT e Sonae protagonizam as maiores F&A de 2004 em Portugal

As aquisições efectuadas este ano por empresas portuguesas no estrangeiro foram direccionadas na sua maioria para Espanha, onde Portugal foi o quarto maior investidor em número de transacções, com 14 transacções a totalizarem 2,911 mil milhões de dólares. De acordo com o estudo da KPMG, grande parte do total transaccionado no país vizinho ficou a dever-se à aquisição de 56,2% da Hidroelectrica del Cantábrico por parte da EDP. No Brasil, as empresas portugueses completaram quatro aquisições e mais uma em Itália e outra na Suíça.

Por seu lado, a Portugal Telecom protagonizou a maior transacção em termos de aquisições em Portugal por parte de empresas estrangeiras, com a aquisição de 3,47% da Portugal Telecom por parte da espanhola Telefónica, por um valor de 472 milhões de dólares.

O valor das transacções domésticas concluídas ascendeu a 2,423 mil milhões de dólares, totalizando 32 operações, mostra o estudo. A Sonae, SGPS foi a responsável pela maior operação dentro de fronteiras (446 milhões de dólares) com a aquisição de 22,37% da Modelo Continente ao Grupo Carrefour, dos quais 11,35% foram posteriormente alienados ao Credito Predial Português por 226 milhões de dólares. No segmento dos cimentos, «a Semapa foi a empresa que fez mais aquisições domésticas este ano, tendo na sequência da privatização de 30% da Portucel, vindo a adquirir 25% adicionais desta à Sonae por 363 milhões de dólares, acrescidos de 6,7% à CGD e ao BES por 103 milhões de dólares. De destacar foi também o reforço do Grupo José de Mello na estrutura accionista da Brisa, com a aquisição de 5,06% ao Fundo de Pensões da Caixa Geral de Depósitos por cerca de 245 milhões de dólares», diz a KPMG.

«Utilities» lideram valor transaccionado em 2004

Os segmentos que registaram maior valor transaccionado este ano foram o das «utilities» com 4,237 mil milhões de dólares (41%), o industrial com 1.987 milhões (19%), o das telecomunicações com 975 milhões (9%) e o da construção com 855 milhões (8%), de acordo com os dados presentes no estudo. Em número de transacções, o sector industrial liderou com 15 transacções, seguido do da banca e seguros com nove e o das «utilities» com oito.

«Como já se esperava, o sector industrial manteve bons níveis de transacções este ano, tanto em valor como em volume, enquanto que os sectores das "utilities" e dos transportes recuperaram solidamente do mau ano de 2003 e o sector dos media continuou em quebra pelo quarto semestre consecutivo», desvenda Paulo Santos.

Portugal é o vigésimo país do mundo com maiores operações de aquisição fora de fronteiras

Os números apresentados pela KPMG mostram que Portugal ocupa a vigésima posição no «ranking» mundial de actividade de «cross-border» como entidade compradora, com 3,702 mil milhões de dólares envolvidos nas operações, e o vigésimo nono em número de transacções (20).

Em termos de aquisições em Portugal por parte de empresas estrangeiras, o estudo mostra que das 39 transacções completadas a Espanha com 1,213 mil milhões de dólares, os Estados Unidos com 597 milhões e a Holanda com 397 milhões de dólares foram os principais países investidores.

Quanto à posição no «ranking» em termos de aquisições em Portugal por parte de empresas estrangeiras, o nosso país fica-se pelo vigésimo segundo país do mundo com o valor mais elevado, com 4,169 mil milhões de dólares envolvidos e o trigésimo quarto com o maior número de transacções nesta categoria (39).