Os especialistas estão divididos quanto à possibilidade de um acidente na Portela ter consequências semelhantes ao de anteontem no Brasil. Sousa Monteiro, ex-comandante da TAP disse ao Jornal de Negócios que a "segurança na Portela é complicada", porque o aeroporto também está rodeado de prédios e caso um avião falhasse a pista podia causar estragos e "invadir a segunda circular".

O debate sobre o novo aeroporto de Lisboa poderá mesmo ganhar novos contornos com este acidente, dadas as afinidades entre Congonhas e Lisboa.

Apesar disso, Sousa Monteiro adianta que a pista da Portela é mais comprida do que a de Congonhas, o que daria mais espaço de manobra aos pilotos que tivessem dificuldades em aterrar. Paralelamente, o mesmo especialista explica que naquele aeroporto não existe sistema de escoamento de águas, ao contrário do que acontece na Portela.

Pelo contrário, Luís Fonseca de Almeida, presidente do Intituto Nacional de Aviação Civil (INAC) diz que Lisboa não está em risco. O responsável reconhece, no entanto, que o acidente pode ter sido devido a "ineficiências graves na pista, ou obras a decorrer que não estavam previstas".

A ANA - Aeroportos de Portugal garante que na Portela todas as medidas de segurança e inspecções periódicas estão a ser cumpridas. Fonte oficial da empresa que detém e gere todos os aeroportos portugueses adiantou ao Jornal de Negócios que em Lisboa as inpecções são levadas a cabo de três em três meses pela ANA, implementadas pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e inspeccionadas pelo INAC , segundo a normas impostas pelo ICAO (International Civil Aviation Organization).

A próxima inspecção será no dia 21 de Julho e será levada a cabo ao mesmo tempo que uma limpeza, principalmente para retirar a borracha. Esta operação é realizada duas vezes por ano.

Quanto à necessidade de encerramento de aeroportos por questões de segurança (como no caso da Portela, que fica no centro da cidade), Luís Fonseca de Almeida adianta que "a decisão deverá ser cada vez mais técnica e menos política". Em caso de acidente "o encerramento de um aeroporto ou de uma pista só se pode verificar quando as normas de segurança estão a ser infringidas gravemente"