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'Startup' portuguesa iLOF levanta um milhão de dólares nos Estados Unidos

A 'startup' portuguesa iLOF, que criou uma tecnologia patenteada de deteção de nanoestruturas em fluidos, fechou um acordo de financiamento com o fundo M12 da Microsoft e com a Mayfield no valor de um milhão de dólares.

D.R.
15 de Julho de 2020 às 14:27
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O montante será utilizado para dar "um empurrão forte" ao desenvolvimento do negócio da empresa, disse à Lusa o presidente executivo (CEO) Luís Valente, frisando três áreas de foco para o investimento: Alzheimer, cancro e covid-19.

"O que está a ser construído é uma plataforma baseada na 'cloud' que digitaliza e armazena perfis biológicos de pacientes e biomarcadores de doença", explicou o responsável, que fundou a empresa com Joana Paiva, Paula Sampaio e Mehak Mumtaz.

A tecnologia cria "impressões digitais óticas do fenótipo e estágio da doença de um paciente".

A iLOF, que tem a sede oficial em Oxford, Inglaterra, nasceu no Porto e mantém toda a equipa de desenvolvimento em Portugal.

A oportunidade de investimento aconteceu depois de ter vencido a competição "Female Founders", organizada pelo fundo M12, a firma de capital de risco Mayfield e a Pivotal Ventures de Melinda Gates.

"Somos uma tecnologia de plataforma e podemos aplicá-la em várias áreas", disse Luís Valente.

"Estamos neste momento focados em mudar a forma como os estudos clínicos são feitos, torná-los mais centrados no paciente e convenientes, dando mais eficiência e flexibilidade às farmacêuticas que os desenvolvem", acrescentou.

Uma das condições acordadas no investimento é a abertura de um escritório comercial em São Francisco, que deverá ser concretizada até ao final de 2020.

"O mercado americano é um dos maiores do mundo a nível de estudos clínicos", afirmou Luís Valente, explicando que o segmento da biotecnologia e novas terapêuticas também é muito importante.

"Estamos a trabalhar com empresas na Europa, mas achamos que há um potencial gigante na Califórnia e aí a AICEP está a fazer um trabalho fantástico de acelerar a nossa entrada em oportunidades de negócio", afirmou.

A concretização do financiamento acontece num momento em que a 'startup' está a participar no programa de aceleração "Portugal to Take Off", lançado pela AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, para ajudar empresas portuguesas de base tecnológica a entrar no mercado da Califórnia.

Com base numa amostra de sangue, a tecnologia da iLOF consegue fazer análises de múltiplos perfis biológicos, identificando, por exemplo, se um paciente tem biomarcadores que indiciam Alzheimer, um grau mais ou menos agressivo de cancro, se vai desenvolver sintomas profundos de covid-19 ou ficar assintomático.

Esse é um dos trabalhos que a 'startup' está a desenvolver no Hospital de São João, no Porto, ajudando o corpo clínico a prever a seriedade da covid-19 nos pacientes e se devem ser internados ou enviados para isolamento em casa.

O sistema tem uma parte baseada em fotónica (tecnologia de luz) e outra em inteligência artificial (aprendizagem de máquina e 'deep learning'). Funciona com um 'laser' guiado por uma fibra ótica que foca a luz na amostra e captura o padrão de reflexão dessa luz, sendo este analisado pelo sistema de IA que deteta os biomarcadores.

"Usando 'machine learning' e 'deep learning' guardamos estas impressões digitais óticas do que está no sangue do paciente e depois é um jogo de comparação", disse Luís Valente.

"Temos um algoritmo que compara na base de dados se há um perfil igual ou não. Pode ser um paciente que vai desenvolver Alzheimer ou perceber qual o tipo de pacientes que respondem a um medicamento", explicou.

A iLOF está a trabalhar com hospitais, duas das quatro maiores farmacêuticas mundiais e em conversações com outros tipos de empresas, como biotecnológicas.

No caso da doença de Alzheimer, o trabalho passa por selecionar pacientes com o perfil biológico correto para estudos clínicos. No caso do cancro, está a trabalhar com uma farmacêutica para desenhar uma ferramenta que filtra entre milhares de pacientes e seleciona apenas aqueles que têm a mutação que lhes permite usar um medicamento específico.

A iLOF, acrónimo de Intelligent Lab on Fiber, nasceu de um trabalho conjunto entre dois centros do INESC TEC, o Centro de Investigação em Engenharia Biomédica e o Centro de Fotónica Aplicada.

No final do ano passado, recebeu um financiamento de dois milhões de euros de um programa de aceleração do EIT Health. Tem 15 pessoas e pretende chegar às 20 até ao final do ano.

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