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Start-ups portuguesas chegaram, viram e acreditam que podem vencer nos EUA

“Roadshow” a Seattle e São Francisco mostrou que start-ups portuguesas podem ombrear com as norte-americanas. E deixou portas abertas na meca mundial do empreendedorismo.

6 São Francisco — 66.300 dólares por ano
REUTERS
22 de Outubro de 2016 às 11:00
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"Bem-vindos a São Francisco. Já sentiram a energia da cidade, o ritmo das ruas?", pergunta o jovem que acolhe os empreendedores num arranha céus do "financial district", onde vai decorrer uma apresentação de starts-ups estrangeiras para investidores. As empresas portuguesas corroboram.

 

"O ritmo é muito diferente. É brutalmente mais acelerado. Um mês aqui são três meses em Portugal. As reuniões e o 'feedback' acontecem muito mais rápido", descreve Ricardo Costa, CEO da Loqr, uma das seis empresas que participaram no "roadshow" aos EUA organizado pela FLAD e a Startup Braga durante a semana passada.

 

Ao longo de cinco dias, em Seattle e São Francisco, as seis start-ups seleccionadas entre as participantes do terceiro programa de aceleração Startup Braga/FLAD, visitaram empresas como a Microsoft, falaram com responsáveis de programas de aceleração como o 500 Start-ups, e fizeram apresentações para investidores e gestores de fundos de capital semente ou de risco. Ao todo cada uma fez cerca de 15 "pitch", onde puderam dar a conhecer o seu negócio.

 

Dos encontros, que decorreram entre 10 e 15 de Outubro, ficaram contactos importantes para parcerias, a possibilidade de vir a integrar programas de aceleração nos EUA e até portas entre-abertas para vir a receber financiamento.

 

"Desta semana saíram dez reuniões e ainda podem sair mais. E são reuniões de topo, com investidores, com empresas de média, como a NBC", conta Pedro Almeida, CEO e co-fundador da MindProber.

cotacao Acho que as empresas ganham um 'reality check'. Eles põem o dedo na ferida. Percebemos quais as dores que a start-up vai ter ao longo da vida. Ricardo costa CEO da Loqr

As reuniões permitiram recolher informação sobre a viabilidade do negócio, perceber os caminhos a seguir no futuro, quais as oportunidades no mercado norte-americano. E, mais importante, apreender o "mind set" de um ambiente extremamente competitivo. "Acho que as empresas ganham um ‘reality check’. Eles põem o dedo na ferida. Percebemos quais as dores que a start-up vai ter ao longo da vida", reage Ricardo Costa.

 

"Ficámos com reuniões marcadas. Mesmo que não aconteçam vendas, fica uma relação que pode vir a dar frutos no futuro", diz Hugo Magalhães, CEO da Helppier. "Há algo muito importante que é confrontarmo-nos com toda a ambição que há neste mercado, colocar a fasquia mais alta. Leva-nos a ser ainda mais ambiciosos", assinala André Santos, co-fundador e CEO da Nutrium.

 

Semana de treino


Jorge Gabriel, administrador da Fundação Luso-americana para o Desenvolvimento (FLAD), mecenas do "roadshow"  aos EUA, descreve-o como "um treino". "No dia em que se sentirem preparados e estiverem num estágio de desenvolvimento para falar com um investidor, têm de fazer o trabalho de casa e conhecer o perfil desse investidor. É muito fácil queimarem-se e passarem ao investidor a mensagem errada".

Foi importante para as empresas "conseguirem perceber como funcionam estes 'hubs', as dinâmicas que aqui estão, e acima de tudo criar o 'networking', criar capacidade de no futuro, se assim fizer sentido para a sua estratégia e as suas empresas, terem uma porta de entrada facilitada no mercado americano", avalia Carlos Oliveira, presidente da Invest Braga, a entidade que gere a Startup Braga.


Empresas portuguesas ao nível das norte-americanas

Outra ideia que as empresas participantes e os organizadores trazem do "roadshow" é que o que as start-ups fazem em Portugal não fica aquém da realidade americana. "A qualidade do que é feito em Portugal pelas start-ups não é pior do que aqui. Aqui há é um ecossistema que facilita muito e faz falta em Portugal", afirma Ricardo Costa.

 

"Trazemos também algo importante para a nossa auto-estima. Estas seis empresas, que estão a ser apoiadas por uma incubadora e aceleradora em Braga, não ficam nada a dever ao que aqui está a ser feito. A diferença é não terem nascido aqui em São Francisco ou em Seattle", avalia Carlos Oliveira.


"A generalidade dos investidores com quem falámos, pessoas ligadas ao mundo do financiamento e outras áreas, ficaram positivamente surpreendidos porque, se calhar, não estavam à espera da qualidade dos 'pitch', nem das ideias, nem da execução, que neste momento é o mais importante para uma start-up", acrescenta o presidente da Invest Braga.

cotacao Esta iniciativa é para repetir. Nesta configuração ou noutra. Não há nada que se possa fazer em Portugal que possa substituir o que se faz aqui. 
Jorge gabriel Administrador da FLAD

Jorge Gabriel assinala a melhoria da qualidade das empresas que participaram. "As empresas este ano eram substancialmente mais maduras do que no ano passado. Mais maduras no que respeita ao estágio de desenvolvimento do produto ou serviço. Mais maduras na atitude do empreendedor".

O administrador da FLAD assegura que o "roadshow" terá novas edições. "Esta iniciativa é para repetir. Nesta configuração ou noutra é para repetir. Nós acreditamos que é preciso apoiar as empresas portuguesas e uma forma de o fazer é trazê-las para o mercado americano. Não há nada que se possa fazer em Portugal que possa substituir o que se faz e aprende aqui".

Jornalista viajou para Seattle e São Francisco, a convite da FLAD

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