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Sindicato diz que Governo está de "mãos dadas" com Galp sobre fecho da refinaria de Matosinhos

O Sindicato da Indústria e Comércio Petrolífero (SICOP) acusou hoje o Governo de estar de "mãos dadas" com a petrolífera Galp que anunciou na segunda-feira o encerramento da refinaria de Matosinhos, pondo em causa a sustentabilidade de milhares de famílias.

24 de Dezembro de 2020 às 12:31
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Em comunicado, o SICOP refere que a decisão de encerramento da atividade de refinação na unidade de Matosinhos, no distrito do Porto, põe em causa cerca de 500 postos de trabalho diretos, mais de 1.000 referentes a trabalhadores das empresas de prestação de serviços.

O sindicato recorda também que em causa estão as "muitas micro, médias e pequenas empresas que produzem bens e serviços para a Petrogal, algumas em regime de exclusividade, e muitos postos de trabalho na refinaria de Sines e na sede em Lisboa".

"O Governo minoritário do PS, mais uma vez, de mãos dadas com a Administração da Petrogal pretende destruir milhares de postos de trabalho, afetar drasticamente a economia da região norte e do país e pôr em causa a sustentabilidade de milhares de famílias (...). Na obsessão de cumprir 'com distinção' as orientações da União Europeia para a transição energética, o Governo não olha a meios e a qualquer custo pretende mostrar a Bruxelas que é o 'melhor aluno'", acusa o sindicato.

O SICOP acrescenta que "depois da decisão do encerramento das centrais de Sines e do Pego já para 2021, o Governo ignorou todos os alertas e preocupações manifestadas" quer pelos sindicatos, quer pela Comissão de Trabalhadores e "decidiu, uma vez mais, dar continuidade à destruição da economia, local e nacional, do emprego e das condições condignas da vida de milhares de famílias".

A Galp anunciou na segunda-feira que vai concentrar as suas operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos a partir do próximo ano, uma decisão que o Governo já referiu que "levanta preocupações" em relação ao destino dos trabalhadores, mas lembra que as medidas anunciadas se inserem num processo que visa a descarbonização do setor energético.

A decisão da Galp de concentrar operações em Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos a partir do próximo ano foi avançada em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Nele se refere que a empresa "continuará a abastecer o mercado regional mantendo a operação das principais instalações de importação, armazenamento e expedição de produtos existentes em Matosinhos", e que está a "desenvolver soluções adequadas para a necessária redução da força laboral e a avaliar alternativas de utilização para o complexo".

Para quarta-feira está marcado um plenário geral de trabalhadores na cantina da refinaria de Matosinhos com a participação da secretária-geral da CGTP-IN, Isabel Camarinha, bem como do coordenador da Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Elétricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas (FIEQUIMETAL), Rogério Silva.

No comunicado enviado hoje à agência Lusa, o SICOP dá conta de que "nos contactos realizados para repudiar e travar esta ofensiva" à refinaria de Matosinhos realizou na quarta-feira reunião com o candidato presidencial João Ferreira, e na próxima segunda-feira reunirá com o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa.

O SICOP refere, ainda, que "nas reuniões promovidas pelos representantes dos trabalhadores destaca-se a hipocrisia dos Ministérios, do Trabalho, do Ambiente e da Economia, que, ao mesmo tempo que manifestavam cínica preocupação, congeminavam a desgraça com a Administração da Petrogal".

O sindicato aponta, por fim, que os representantes dos trabalhadores têm "batido a todas as portas" e está agendada reunião com o grupo parlamentar do PSD para 07 de janeiro e que foram também realizadas reuniões com os municípios e com as entidades regionais.

Na terça-feira, o ministro do Ambiente considerou que a Galp "está obrigada a fazer mais do que a lei" no que diz respeito à situação dos trabalhadores da refinaria de Matosinhos, cujas operações serão descontinuadas a partir do próximo ano.

Antes, na segunda-feira, numa carta enviada ao gabinete de João Pedro Matos Fernandes, a câmara de Matosinhos liderada pela socialista Luísa Salgueiro exigiu saber que medidas excecionais serão ativadas pelo Governo para "prevenir o colapso" de empresas que dependem da refinaria da Galp localizada há 50 anos no concelho.

Vários partidos políticos solicitaram já uma audição, com caráter de urgência, do ministro do Ambiente e da Ação Climática.
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