A RTP reduziu custos em 59 milhões de euros, no final de 2002, com poupanças na programação, custos com pessoal, fornecimento e serviços externos, estimando, para 2003, uma diminuição desta rubrica de 50 milhões de euros, disse Ponce Leão, administrador financeiro da estação pública.

Esta quebra insere-se no objectivo de redução, até 2005, de 150 milhões de euros nos custos do conjunto dos activos estação televisiva.

«Os objectivos estão a ser cumpridos e deveremos ter um ano de folga para alcançar esta meta» de redução de custos de funcionamento da actividade, disse Almerindo Marques, presidente da RTP, em conferência de imprensa.

A nova administração, que entrou em funções em Julho do ano passado, deparou-se com um excessivo endividamento da empresa e uma estrutura de custos muito rígida, destacou o presidente da RTP.

«Mais de 90% dos custos de programação já estavam contratados e, alguns deles, até 2006. Só poderíamos adiar o lançamento de alguns programas», revelou Almerindo Marques.

Também nos custos de serviços e fornecimento externos, a nova administração destaca que «mais de 50% desse custo com transmissão de sinal de televisão fornecido pela PT já estava aceite».

Aliado a este item, a RTP, segundo a mesma fonte, «tinha excesso de pessoal e baixa produtividade», além de custos ocultos inscritos em participadas da televisão.

A estrutura de receitas tem «uma restrição orçamental, uma vez que a indemnização compensatória (que o Estado transfere para financiar a RTP) já estava definida», queixou-se Almerindo Marques. No final de 2002, as vendas publicitárias, em termos líquidos, totalizaram 40 milhões de euros

A indemnização compensatória, em Julho do ano passado, ascendia a 20 milhões de euros, depois de terem sido gastos os restantes 70 milhões de euros atribuídos pelo Orçamento de Estado.

RTP prevê quebra nos custos operacionais até 236 milhões; negoceia «chachets»

A RTP estima alcançar uma redução de custos operacionais que oscilará entre os 230 e 236 milhões de euros no final deste ano.

No final de 2002, a RTP registou custos operacionais de 283 milhões de euros.

Apesar da rigidez na estrutura de gastos, a RTP poupou 15 milhões de euros em custos de grelha, 28 milhões de euros com redução de pessoal - que ascendeu a 517 colaboradores face a 2001 - e, com a renegociação das tarifas, em particular com a Portugal Telecom (PT) [PTC] e Electricidade de Portugal (EDP) [EDP], reduziu custos de 10 milhões de euros.

Com outras rubricas, a RTP poupou, em 2002, mais seis milhões de euros.

A meta de quebra de custos de 150 milhões de euros vai ser conseguida através da redução de estruturas da estação televisiva, renegociação de serviços e «cachets», reestruturação de recursos com pessoal e desinvestimento com activos que não estão afectos à actividade do grupo.

RTP poupa 10 milhões com reorganização e 20 milhões com novo contrato com PT

A RTP prevê poupar 10 milhões de euros, com a reorganização de estruturas, tendo já encetado a liquidação da RTC e da Viver Portugal, bem como a redução da dimensão das instalação da RTP no Porto, revelou Ponce Leão.

No âmbito da redução de custos, a RTP prevê ainda diminui-los em 20 milhões de euros com a renegociação dos contratos com fornecedores, como a PT e a Cap Gemini, além de «cachets» de colaborares e direitos de transmissão desportivos.

Só com os novos contratos de transmissão de eventos desportivos, a RTP quer, em última análise, poupar «entre 17 a 18 milhões de euros», tendo, com a transmissão de eventos com selecções nacionais, reduzido os custos em 63% face a anterior administração.

RTP vende activos com previsão de receitas de 100 milhões

Ainda no sentido de encurtar custos, a RTP optou por desinvestir em activos imobiliários e financeiros que não estão afectos directamente ao desenvolvimento da actividade.

Nesta perspectiva, a RTP quer aumentar receitas em 100 milhões de euros com esta medida. Em causa, estão activos imobiliários na 5 de Outubro, Lumiar, Gago Coutinho, António Augusto de Aguiar, entre outros e financeiros como a TV Guia que foi alienada ao grupo Cofina e a posição de 33,33% do capital Sport TV que está a ser negociada com a PT e a Olivedesportos.

Esta iniciativa vai, ao mesmo tempo que aumenta receitas, permitir poupanças de 10 milhões de euros em custos operacionais e cinco milhões de euros com custos financeiros.

Por Bárbara Leite