A entidade reguladora do sector eléctrico brasileiro reviu em alta o aumento das tarifas cobradas pela participada da Energias de Portugal (EDP) no Brasil, a Enersul, numa medida considerada positiva para a eléctrica pelos analistas e que poderá mesmo conduzir a revisões tarifárias de outras unidades.

A Agência Nacional de Energia Eléctrica (ANEEL) definiu o valor final da revisão tarifária de Abril de 2003 da Enersul que passou de um aumento dos anteriores 43,59% para 50,81%.

A Energias de Portugal, em comunicado enviado à Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários (CMVM),explicou que esta decisão «de carácter definitivo, resulta da revisão da Base de Remuneração Regulatória (BRR) da Enersul, assim como da taxa de amortização e dos custos operacionais da empresa de referência».

A alteração «tem efeitos na base tarifária de Abril de 2003, sendo este o ponto de partida para o período regulatório até Abril de 2008», revela a mesma fonte sublinhando que o impacto retroactivo desta correcção, entre Abril de 2003 e Abril de 2005, nos resultados operacionais da dis6tribuidora de electricidade no estado de Mato Grosso do Sul «ascende a 75 milhões de reais (22 milhões de euros), o qual irá ser recuperado através das tarifas até Abril de 2008».

O impacto positivo desta notícia «é baixo para a EDP [edp] em termos consolidados, mas aumenta a probabilidade de semelhantes revisões em alta na Bandeirante e Escelsa, que são as maiores subsidiárias de distribuição da EDP no Brasil, o que teria um impacto material positivo muito maior», afirma o analista Miguel Viana da Espírito Santo Research e que tem uma recomendação de «compra» para as acções da eléctrica, com um preço alvo de 2,70 euros.

A EDP esclareceu ainda que no passado dia 8 de Abril, no âmbito do processo de reajustamento tarifário anual, que reflecte a variação dos custos não controláveis (Parcela A) e o ajustamento dos custos controláveis (Parcela B) à inflação, «foi autorizado pela ANEEL um aumento médio de 20,69% a aplicar às tarifas da Enersul», que, segundo o comunicado, «já contempla o impacto da correcção aplicada à revisão tarifária de 2003».

As acções da EDP seguiam inalteradas nos 2,17 euros.