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Portas: Ideologia "prejudica a competitividade"

O ex-líder do CDS reclama maior flexibilidade para as empresas e critica aposta no consumo interno, avisando que um país que decide viver em autarcia será "um caso triste de empobrecimento".

Bruno Colaço /reuters
19 de Outubro de 2016 às 19:12
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Paulo Portas considerou esta quarta-feira, 19 de Outubro, que a flexibilidade é a melhor resposta à imprevisibilidade que apontou como o maior desconforto para as empresas no mundo globalizado. "Quem é mais flexível joga melhor e ganha mais. Quanto mais rígidos foram os Estados e as legislações, quanto mais rígidas forem as empresas e as suas organizações, menor capacidade de triunfar em economia aberta", apontou. 

 

"Há mais gente a concorrer pelos mesmos mercados e todos tendem a concorrer com todos ao mesmo tempo. Há uma outra evidência que custa perceber na Europa, mas que é inevitável. A globalização não é ideológica. Portanto, decisões ideológicas em globalização correm mal. Não é possível um país sozinho decidir viver em autarcia. Ou melhor, pode decidir mas será um caso muito triste de empobrecimento", resumiu o antigo vice-primeiros-ministro. 

 

Para o actual vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, "as regras da globalização são pragmáticas" e "os países têm um 'slot' reduzido em que conseguem ganhar casos de competitividade. Ainda por cima, acrescentou, "vivemos num mundo em que as percepções são, pelo menos, tão relevantes como a realidade".

 

Num discurso feito no fórum anual da indústria têxtil, em Famalicão, Paulo Portas referiu ainda, numa crítica implícita ao Governo socialista liderado por António Costa, que "não recomendaria, de todo em todo, decisões de natureza ideológica que prejudiquem a competitividade de um país quando vivemos em economia global porque alguém vai aproveitar o lugar que deixamos vago".

 

A banca má e a Europa que "berra por direitos adquiridos"

 

O ex-presidente do CDS, que também trabalha agora como consultor para a construtora Mota-Engil, recuou aos anos da troika, em que assumiu funções governativas, para lembrar que "as empresas salvaram um Estado resgatado". E se as exportadoras receberam o elogio, a banca ficou com mais uma crítica. "Tudo o que de mal se pode dizer sobre o comportamento do sistema financeiro, de bem se pode dizer do comportamento da nossa economia industrial, comercial e agrícola", explicou. 

 

E este caminho da exportações e da internacionalização deve prosseguir nos próximos anos por ser "a chave e a receita para o sucesso". O homem que chegou a dizer no Parlamento que as vendas ao exterior seriam "o porta-aviões" da recuperação económica, alertou que "se acharmos que é fechando as fronteiras, virando-nos para nós próprios e consumindo-nos nas nossas debilidades que vamos triunfar na economia global, estamos completamente equivocados". 

 

Paulo Portas mostrou-se ainda muito preocupado em relação à Europa, afirmando que é por causa da flexibilidade que os Estados Unidos crescem o dobro do bloco europeu, têm pleno emprego e ainda "conseguem notavelmente manter um princípio de que o crescimento sustenta o contrato social e a inclusão". 

 

"Neste momento a Europa não tem jovens suficientes para sustentar a prazo as políticas sociais, agora parece que é contra os imigrantes, passa o tempo na rua a berrar pelos direitos adquiridos e ninguém sabe pagos com o dinheiro de quem. E agora até são contra o comércio? Estamos a cavar um modelo muito difícil para a União Europeia", concluiu.

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