Notícia
O empresário que reergueu um império perdido no 25 de Abril
José Manuel de Mello foi um dos mais ricos empresários de Portugal, chegou a perder quase tudo nos tempos revolucionários, mas conseguiu "virar a página" e reerguer um grande império.
16 de Setembro de 2009 às 15:41
José Manuel de Mello foi um dos mais ricos empresários de Portugal, chegou a perder quase tudo nos tempos revolucionários, mas conseguiu "virar a página" e reerguer um grande império.
O antigo "banqueiro da família" e patrão da CUF e da Lisnave, que faleceu esta madrugada aos 81 anos, vítima de doença prolongada, retirou-se aos 76 para se dedicar a duas novas paixões: os cavalos lusitanos e a produção de vinho no Alentejo.
Descendente de uma família de industriais e pai de 12 filhos, José Manuel de Mello nasceu em Cascais a 8 de Dezembro de 1927 e iniciou a sua carreira como funcionário do Grupo CUF, fundado pelo seu avô Alfredo da Silva, "a vender adubos no Médio oriente", como contou numa entrevista ao Expresso.
Antes de 1974, partilhava com o seu irmão Jorge a liderança do Grupo CUF. Em 1945 inaugurou o Hospital da Caixa de Previdência dos Empregados da CUF, assinalando a entrada do grupo no sector da saúde. A CUF chegou aos seguros e à banca nos anos 20 e 30, criando a Império e ingressando na Casa José Henriques Totta, que o empresário viria a transformar no Banco Totta & Açores.
O empresário fez ainda a fusão da Companhia Nacional de Navegação com a Sociedade Geral, foi responsável pela expansão da Soponata, fez a fusão das seguradoras Império/Sagres/Universal e fundou a Lisnave.
Caracterizado como "europeísta" por um dos gestores do seu grupo em 1974, José Manuel de Mello afirmou numa entrevista ao Público em 1994 que a ditadura política e a economia fechada e centrada no Ultramar "acabariam mal", adiantando que a descolonização parecia "inevitável".
Nessa época revolucionária, chegou a aliar-se ao seu cunhado António Champalimaud para criar o MDE/s - Movimento Dinamizador Empresa-Sociedade, mas, em Março de 1975, o Governo Provisório nacionalizaria a banca e os seguros, tomando o Estado "a universalidade dos bens da CUF".
José Manuel de Mello perdeu quase tudo, conseguindo manter apenas a sua parte de uma participação familiar de 14% no capital da Lisnave.
Mas o empresário conseguiu "virar a página". "No 25 de Abril não fui derrotado, fui confiscado", disse numa entrevista ao Expresso em 2005. Em 1983, o antigo "banqueiro da família" cria a sociedade financeira MDM, em parceria com o Morgan Garanty Trust e o Deutsche Bank, fundando depois o Banco Mello e comprando, em processo de privatização, a Companhia de Seguros Império.
No final de 1999, celebra um acordo de fusão da área financeira e seguradora com o BCP/Atlântico, após o que reconfigurou o posicionamento do Grupo José de Mello, que participa hoje em empresas estratégicas para a economia nacional: Brisa, CUF, José de Mello Saúde, Efacec e EDP.
Por vezes polémico - chegou a dizer que Portugal devia juntar-se "rapidamente a Espanha" e criar a "Ibéria", reformou-se em 2004, passando os negócios ao filho Vasco.
Em 2006, sofreu um acidente vascular-cerebral e estava em coma desde então. O corpo de José Manuel de Mello estará em câmara ardente hoje na Igreja Boa Nova, no Estoril, realizando-se às 17:00 uma Missa de Corpo Presente. A cerimónia fúnebre terá lugar quinta-feira a partir das 10:00.
O antigo "banqueiro da família" e patrão da CUF e da Lisnave, que faleceu esta madrugada aos 81 anos, vítima de doença prolongada, retirou-se aos 76 para se dedicar a duas novas paixões: os cavalos lusitanos e a produção de vinho no Alentejo.
Antes de 1974, partilhava com o seu irmão Jorge a liderança do Grupo CUF. Em 1945 inaugurou o Hospital da Caixa de Previdência dos Empregados da CUF, assinalando a entrada do grupo no sector da saúde. A CUF chegou aos seguros e à banca nos anos 20 e 30, criando a Império e ingressando na Casa José Henriques Totta, que o empresário viria a transformar no Banco Totta & Açores.
O empresário fez ainda a fusão da Companhia Nacional de Navegação com a Sociedade Geral, foi responsável pela expansão da Soponata, fez a fusão das seguradoras Império/Sagres/Universal e fundou a Lisnave.
Caracterizado como "europeísta" por um dos gestores do seu grupo em 1974, José Manuel de Mello afirmou numa entrevista ao Público em 1994 que a ditadura política e a economia fechada e centrada no Ultramar "acabariam mal", adiantando que a descolonização parecia "inevitável".
Nessa época revolucionária, chegou a aliar-se ao seu cunhado António Champalimaud para criar o MDE/s - Movimento Dinamizador Empresa-Sociedade, mas, em Março de 1975, o Governo Provisório nacionalizaria a banca e os seguros, tomando o Estado "a universalidade dos bens da CUF".
José Manuel de Mello perdeu quase tudo, conseguindo manter apenas a sua parte de uma participação familiar de 14% no capital da Lisnave.
Mas o empresário conseguiu "virar a página". "No 25 de Abril não fui derrotado, fui confiscado", disse numa entrevista ao Expresso em 2005. Em 1983, o antigo "banqueiro da família" cria a sociedade financeira MDM, em parceria com o Morgan Garanty Trust e o Deutsche Bank, fundando depois o Banco Mello e comprando, em processo de privatização, a Companhia de Seguros Império.
No final de 1999, celebra um acordo de fusão da área financeira e seguradora com o BCP/Atlântico, após o que reconfigurou o posicionamento do Grupo José de Mello, que participa hoje em empresas estratégicas para a economia nacional: Brisa, CUF, José de Mello Saúde, Efacec e EDP.
Por vezes polémico - chegou a dizer que Portugal devia juntar-se "rapidamente a Espanha" e criar a "Ibéria", reformou-se em 2004, passando os negócios ao filho Vasco.
Em 2006, sofreu um acidente vascular-cerebral e estava em coma desde então. O corpo de José Manuel de Mello estará em câmara ardente hoje na Igreja Boa Nova, no Estoril, realizando-se às 17:00 uma Missa de Corpo Presente. A cerimónia fúnebre terá lugar quinta-feira a partir das 10:00.