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Metade dos restaurantes estão encerrados e são cada vez mais os que falham salários

Inquérito da AHRESP revela que 51% das empresas do setor da restauração mantêm a atividade encerrada durante o segundo confinamento.

Com as restrições impostas aos horários da restauração, muitos optam por fechar aos fins de semana. O take-away voltou a ser permitido no horário de recolher obrigatório.
Luís Vieira
08 de Fevereiro de 2021 às 13:17
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Apesar de poderem funcionar em regime de take-away e entregas ao domicílio, 51% das empresas de restauração do país escolheram encerrar a atividade durante o confinamento. Segundo o mais recente inquérito da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), divulgado esta segunda-feira, 26% dos restaurantes estão atualmente a funcionar com take-away e delivery e 18% apenas com take-away.


O inquérito, que decorreu entre 01 e 05 de fevereiro de 2021 e obteve mais de mil respostas válidas, revela ainda que perto de 40% das empresas do setor estão com dificuldades em cumprir com o pagamento dos salários. Cerca de 18% das empresas falharam o pagamento dos vencimentos de janeiro e outros 18% pagaram apenas uma parte. Houve ainda uma parte significativa de empresas, 34%, que "tiveram que recorrer a financiamento para conseguir pagar os salários dos seus trabalhadores em janeiro", revela o inquérito.


Entre as empresas que participaram na auscultação mensal da AHRESP, 36% ponderam avançar para insolvência, "caso não consigam suportar todos os encargos". Em fevereiro, "face às estimativas de faturação, 53% das empresas não irá conseguir suportar os encargos habituais", com pessoal, energia e fornecedores.

Desde o início da pandemia, há 11 meses, 44% das empresas do setor já avançaram para despedimentos. Destas, explicita a AHRESP, 53% reduziram o quadro de pessoal entre 25% e 50%, enquanto 19% extinguiram metade dos seus postos de trabalho. Também 19% das empresas assumem que não vão conseguir manter todos os postos de trabalho até ao final do primeiro trimestre de 2021.

No que toca à faturação, o cenário também é negro. Perto de 80% das empresas registaram uma quebra superior a 61% em janeiro, face ao mesmo mês do ano passado. As estimativas para fevereiro apontam para quebras superiores a 75%. Questionadas sobre as perspetivas para abril, 29% das empresas continuam a prever quebras acima dos 75%.

Entre os mais de mil inquiridos, 75% recorreram ao lay off simplificado. Entre as que não recorreram, 29% optaram pelo Apoio à Retoma progressiva. Há ainda 14% de empresas que vão dispensar estes apoios para poderem efetuar despedimentos.

As empresas têm recorrido em massa aos apoios disponibilizados pelo Governo ao setor. Cerca de 62% dos restaurantes e similares formalizaram a candidatura ao Apoiar.PT. Entre as que não pediram este apoio, 31% revelaram não ter registado as exigidas quebras superiores a 25% na faturação, enquanto 26% tinham capitais próprios negativos.

Alojamento com poucas reservas para a Páscoa

O inquérito da AHRESP também abrangeu o setor do alojamento turístico, onde a maior parte das empresas (69%), mantêm a atividade aberta. No entanto, o cenário é igualmente "dramático", refere a AHRESP, já que 56% das empresas registaram quebras de faturação superiores a 91% em janeiro, face ao período homólogo, e antecipam perdas de 75% em fevereiro. Para abril, metade dos empresários ainda prevê quebras semelhantes.

A taxa de ocupação de 42% dos alojamentos foi nula em janeiro, e inferior a 10% em 32% dos estabelecimentos. Fevereiro deverá ser pior. Perto de dois terços das empresas estimam taxas de ocupação zero e 19% preveem ocupações inferiores a 10%. Para março, a taxa de ocupação nula continua nas perspetivas de 49% das empresas.

O mercado nacional é o que pesa mais nas reservas feitas para os próximos três meses (60%). Para a Páscoa, que se celebra no início de abril, as reservas são praticamente nulas. Apenas 12% das empresas já têm marcações para este período.

Tal como na restauração, também no alojamento existe dificuldade em cumprir com os encargos. Cerca de 26% das empresas não conseguiram pagar os salários de janeiro e 8% pagaram uma parte. Mais de um quarto das empresas tiveram de recorrer a financiamento para cumprir com os vencimentos do primeiro mês do ano.

Desde março do ano passado, 28% das empresas deste setor já cortaram postos de trabalho e 8% assumem que não vai conseguir manter todos empregos até março deste ano. No setor do alojamento turístico, 16% das empresas admitem avançar para insolvência.

Face a estes resultados, que "evidenciam contínuos despedimentos e empresas no limite da sua sobrevivência", a AHRESP considera que é "urgente o reforço imediato dos apoios a fundo perdido. A associação ressalva ainda que "as mais de 95% de micro e pequenas empresas da restauração e alojamento não têm capacidade para aceder à complexidade destes apoios".

A AHRESP propôs ainda ao Governo a criação de um Mecanismo Único de Apoio às Empresas, que tem como objetivo concentrar todos os apoios disponíveis numa única candidatura.

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