Notícia
Maior fortuna familiar da Suíça prospera há 124 anos
Com duas manobras hábeis, uma nova geração da família Oeri-Hoffmann marcou a sua crescente influência na dinastia mais rica da Suíça.
Primeiro, sete membros da quinta geração juntaram-se no ano passado ao grupo de acionistas do clã, que gere uma participação de 25 mil milhões de dólares na gigante farmacêutica Roche Holding AG. Depois, em março, outro membro dessa geração, Joerg Duschmale, substituiu o seu tio no conselho de administração da farmacêutica.
A troca de guarda foi planeada meticulosamente. A ascensão de Duschmale à direção foi sinalizada durante quase dois anos e, numa rara entrevista pública, ele destacou o compromisso da família com a Roche, a base da sua fortuna desde 1896.
"É importante continuar a história de sucesso da família e passá-la para a próxima geração", disse à revista Bilanz, da Suíça. "Estamos a mostrar que a família continua a apoiar a empresa".
A fortuna da família, de 39 mil milhões de dólares, cresceu em quase 25% nos últimos 12 meses, de acordo com o ranking anual de riqueza familiar da Bloomberg. As vendas dos testes de covid-19 da Roche ajudaram a aumentar o valor das ações em 2020.
O que impressiona não é apenas o tamanho da riqueza, mas a longevidade da fortuna familiar. Os Oeri-Hoffmanns alcançaram agora a quinta geração e ficaram mais ricos do que nunca.
Isso não é tarefa fácil. Menos de uma em cada cinco empresas de controlo familiar permanece nas mãos da família pela terceira geração, de acordo com Balz Hoesly, sócio da MME, com sede em Zurique, e especialista em herança internacional, planeamento imobiliário e sucessão corporativa.
"Bastam apenas uns poucos membros insatisfeitos para causar problemas reais", explicou. Para os super-ricos, gerir mudanças geracionais é uma preocupação constante.
Aqui estão algumas razões pelas quais os Oeri-Hoffmann foram capazes de superar essa questão:
Missão
Gerir a Roche tornou-se parte do ADN da família.
As ações nas mãos dos membros da família dão-lhes o controlo de voto sobre a farmacêutica, apesar de possuírem apenas cerca de 9% da empresa. A família enfatiza consistentemente o seu papel como administradora da empresa.
Essa missão comum ainda exerce uma atração até mesmo para os membros da família fora do núcleo de votação. Maja Oeri, bisneta do fundador da empresa Fritz Hoffmann-La Roche, transferiu as suas ações, em 2011, para fora do bloco de votação da família. Mas não vendeu nenhuma das suas 8 milhões de ações desde então, de acordo com os registos.
Liquidez
A estabilidade dos acionistas Hoffmann e Oeri é ajudada pelos enormes dividendos que recebem e que totalizaram mais de 700 milhões de dólares em 2020. É um ganho anual que ajuda a evitar as vendas das ações, o que diluiria a participação da família.
Eles também são ajudados pelo número relativamente pequeno de membros da família que dividem os dividendos. Este grupo de acionistas é composto por 15 indivíduos, em comparação com as dezenas, às vezes centenas, de herdeiros noutros clãs.
Moderação
A maioria dos membros da família parece ter pouco tempo para extravagâncias. Nada de festas pomposas ou super-iates. Duschmale vai de bicicleta para o trabalho e o seu maior luxo são ténis de caminhada, segundo o perfil traçado pela revista Bilanz. O tio Andreas Oeri é um ortopedista que manteve o seu trabalho ao longo de um quarto de século no conselho de administração da Roche. A tia Beatrice Oeri - que vendeu a sua participação de volta ao grupo de acionistas em 2009 - gere um clube de jazz na Basileia.
Discrição
Manter um perfil discreto foi útil à dinastia suíça, permitindo que os seus membros evitassem as consequências públicas que dividiram outros clãs, mesmo estando entre as figuras mais influentes do mundo cultural e de terem construído silenciosamente famosas coleções de arte, além de apoiarem causas ambientais e educacionais.
"Eles agem de forma muito discreta", disse Hoesly. "São vistos como uma família com os pés na terra".