Notícia
Levantadas dúvidas sobre projecto do GES em Lisboa
O Público escreve que há deputados que consideram que um fundo do Grupo Espírito Santo sai beneficiado de um projecto para uma zona de Lisboa, já que pode avançar com loteamento antes dos donos de restantes terrenos.
A aprovação do contrato de urbanização da zona da Matinha, perto do Parque das Nações, em Lisboa, está envolta em polémica, segundo dá conta esta segunda-feira, 4 de Maio, o jornal Público.
O contrato é assinado entre a Câmara Municipal de Lisboa e a Gesfimo, empresa que é controlada pela Rioforte, em insolvência no Luxemburgo, e que gere o fundo Fimes Oriente. É este fundo que detém grande parte dos terrenos que são alvo do contrato de urbanização.
Segundo o jornal, foi também a Gesfimo que encomendou o Plano Director Municipal (PDM) daquela área em 2004. Nesse ano, a Gesfimo assinou um contrato-promessa para a compra de 16 dos 25 hectares da área. Pouco antes da aprovação do plano pela assembleia municipal, em 2010, o fundo do GES adquiriu o suficiente para ficar com 80% da área total afectada pelo PPM.
Há detentores de parcelas do terreno que contestam o plano, tal como alguns deputados levantam dúvidas ao mesmo. Até porque a Gesfimo conseguiu, junto da Câmara, autorização para a sua execução do plano em diferentes fases, algo que consta do contrato de urbanização da zona.
Tendo-se já elaborado o contrato de urbanização da zona, uma das referidas donas de terrenos – a empresa Aermigeste – contestou o contrato. Entretanto, o documento foi já aprovado pela Câmara Municipal, em Fevereiro de 2015. O município ameaçou a Aermigeste com a expropriação de terrenos caso não viesse a cumprir as suas obrigações no âmbito do contrato.
O contrato de urbanização causa preocupações aos deputados da Assembleia Municipal devido não só ao processo mas também à fixação de um tecto dos custos a enfrentar pelos investidores privados, de acordo com o Público.
O plano está agora para aprovação na Assembleia Municipal. Há deputados, segundo avança o jornal, que consideram que esta aprovação faseada favorece a Gesfimo, já que os seus são os primeiros terrenos a serem contemplados.
O Público também dá destaque ao facto de, Manuel Salgado, vereador do Urbanismo de Lisboa, ter sido quem desenhou o Plano da Matinha, encomendado pela Gesfimo em 2004 ao seu ateliê Risco. O jornal lembra que Salgado é primo direito de Ricardo Salgado, antigo presidente do BES e que, de acordo com as conclusões da comissão parlamentar de inquérito, controlava também o poder no Grupo Espírito Santo. O vereador diz nunca ter tomado decisões nem votado sobre este tema, nunca tendo votado - no entanto, aprovou o faseamento da execução do plano.