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Joe Berardo é o Homem do Ano

O Jornal de Negócios elegeu Joe Berardo como o Homem do Ano 2007. E escolheu ainda o negócio do ano, a companhia cotada do ano, o descalabro do ano...

21 de Dezembro de 2007 às 00:01
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É este jornal que, mesmo engolindo em seco mas votando convictamente, elege Joe Berardo como Homem do Ano 2007. Relatório de actividades: BCP, PT, PT Multimédia, Sogrape, Benfica, Papelaria Fernandes, Fundação, Centro Cultural de Belém, uma mediatização desenfreada e supõe-se que uns mil milhões de euros em acções.

Joe já era uma figura decana no mundo empresarial, alastrou essa fama à cultura com a sua colecção de arte mas só este ano se tornou fenómeno social. O momento simbólico dessa amplificação foi a Assembleia Geral da PT que matou a OPA, em Fevereiro, quando à entrada Berardo foi abraçado pelos trabalhadores da empresa. O paradoxo de ver o capitalista puro-sangue ser ovacionado como salvador dos trabalhadores do fim da cadeia alimentar foi premonitório. Joe Berardo tornou-se adorado entre multidões, que lhe perdoam o "fuck him" sobre Rui Costa porque lhe dão o benefício de ser um estouvado; é um Robin dos Bosques, que tira aos ricos mesmo que não redistribua pelos pobres; é espécime único de activismo accionista, um gestor de si mesmo, magnata dos negócios de outros, pois nada produz nem cria; é um agente que está no meio dessa lei de Lavoisier aplicada aos mercados financeiros.

Desde esse episódio da assembleia geral da PT, tornou-se "spin doctor" de si mesmo, lançou uma OPA-fantochada ao Benfica, abriu a sua colecção no CCB com o país intelectual e político a seus pés, num evento em que, ao contrário do habitual, pôs gravata em cima de camisa branca, leu papel de discurso e saiu-se nervoso nisso.

Tomou uma posição hostil na Sogrape, de onde só deixará de perturbar a família Guedes se lhe pagarem, e bem, para sair. Disse que ia analisar a Papelaria Fernandes (frase suficiente para que as acções subissem), num padrão de comportamento que mexe com os mercados e com os nervos da "cê-vê-éme". E assim termina o ano sob investigação do regulador.

Mas é sobretudo no caso BCP que Joe Berardo mais se revela tenaz, incómodo, destemido, perseverante. A partir da Assembleia Geral de Maio no Porto, a tal de onde saiu de braços no ar e dedos em vê de vitória, Berardo tornou-se o mais feroz opositor a Jardim Gonçalves, tirando do armário os esqueletos das remunerações e regalias dos administradores do banco. Não mais parou, como gazua a abrir portas blindadas, levando os administradores do BCP à CMVM, ao Banco de Portugal, ao procurador-geral da República. O processo termina o ano já no DIAP. Joe é o Joker do ano: é trunfo, é desmancha-prazeres, é gozão, é vencedor, é Berardo. E não fica por aqui. Como disse a Anabela Mota Ribeiro, "sou um portuguese dream".

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