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Investimento da Savannah em mina de lítio em Portugal pode ser recuperado em menos de 2 anos
A empresa britânica Savannah Resources espera recuperar o investimento de quase 100 milhões de euros numa mina de lítio em Portugal em menos de dois anos, de acordo com um estudo exploratório publicado hoje.
De acordo com o documento analisado pela agência Lusa, o projecto tem um Valor Actual Líquido (VAL), indicador usado para avaliar a viabilidade de um projecto de investimento, de 356 milhões de dólares (207 milhões de euros) antes de impostos.
A Taxa Interna de Rentabilidade (TIR), que mede a rentabilidade de projectos de investimento, é de 63,2% também antes de impostos, resultando em 1,7 anos de período de retorno, o espaço de tempo necessário para o lucro acumulado estar em equilíbrio com o investimento acumulado.
O estudo exploratório dos recursos da Mina do Barroso, no norte de Portugal, confirmou a existência de reservas suficientes para extrair 1,3 milhões de toneladas de minerais por ano, o que poderá produzir 175.000 toneladas por ano de concentrado de espodumena.
A espodumena é um mineral de lítio usado para produzir sais de lítio, que são usados na produção de baterias de lítio que equipam os veículos eléctricos ou que são usadas para armazenar energia produzida de forma renovável.
No estudo preliminar, sobre o qual só é esperada uma decisão no início de 2019, a Savannah Resources considera possível acelerar o projecto para começar a produzir ainda no primeiro trimestre de 2020, pois existe uma procura elevada deste elemento.
O investimento necessário estimado, sem contingências, é de 109 milhões de dólares (94 milhões de euros), dos quais 9,1 milhões de dólares (7,8 milhões de euros) no trabalho de extracção e 99,7 milhões de dólares (85,6 milhões de euros) no equipamento e infraestrutura.
A empresa é bastante cautelosa nas suas estimativas e usa um preço indicativo de 685 dólares (588 euros) por tonelada, mas refere que os preços podem chegar quase ao dobro, 1.314 dólares (1.128 euros) por tonelada, como já aconteceu na China.
O tempo de vida da mina calculado é de cerca de 11 anos, pelo que o EBITDA ao longo deste tempo está computado em 805 milhões de dólares (691 milhões de euros), ou seja, um EBITDA médio anual de 72 milhões de dólares (62 milhões de euros).
Se iniciar a produção, como previsto, em 2020, a mina, que também vai produzir quartzo e feldspato, mas em menor quantidade e com menor rentabilidade, deverá gerar até 2031 receitas de 1.555 milhões de dólares (1,334 milhões de euros).
Segundo David Archer, presidente executivo da Savannah Resources, empresa que está cotada no índice secundário AIM da Bolsa de Valores de Londres, o projecto pode criar até 150 postos de trabalho.
Num comunicado, afirmou que este estudo é "a primeira grande avaliação do projecto e é encorajador ver que há potencial para o desenvolvimento de uma operação mineira a céu aberto para produzir um produto de lítio para os mercados europeu e internacional. O estudo fornece uma base sólida para a transição para a próxima etapa do nosso processo de avaliação, com um estudo completo de viabilidade económica bem como estudos associados".
A Savannah Resources, que detém 75% da licença da mina, enquanto que o restante pertence à Slipstream Resources, acredita que Portugal poderá tornar-se num dos maiores produtores de lítio na Europa, senão o principal.
"O projecto português irá ajudar a ancorar a parte 'upstream' da cadeia de valor das baterias de iões de lítio e contribuir para o objectivo geral de aumentar a competitividade europeia, a segurança das matérias-primas e melhorar o bem-estar", vincou.