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IFC vai entrar no Corredor do Lobito como agregadora dos fornecedores

A entidade do grupo Banco Mundial irá garantir o fornecimento de refeições, transporte e serviços de logística recorrendo a empresas locais, de forma a fomentar a economia das regiões dos três países atravessados pela ligação ferroviária.

O corredor ferroviário do Lobito estende-se por 1.300 quilómetros.
EPA
05 de Outubro de 2024 às 10:17
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O vice-presidente para África da Sociedade Financeira Internacional (IFC), do Grupo Banco Mundial, disse este sábado à Lusa que esta instituição vai entrar no projeto do Corredor do Lobito como agregadora dos fornecedores das empresas participantes.

"Estamos envolvidos através da MIGA, [entidade do Banco Mundial] que faz garantias e apoia, e do lado da IFC estamos a ver com o consórcio que desenvolve o projeto [a Corporação Financeira Africana] e com os governos como poderíamos fazer projetos de acompanhamento", disse Sérgio Pimenta em entrevista à Lusa, em Lisboa.

O Corredor do Lobito interliga as regiões sul da República Democrática do Congo (RDCongo) e do noroeste da Zâmbia aos mercados comerciais regionais e mundiais via porto do Lobito, em Angola.

A ideia será que a IFC atue como agregadora dos fornecedores das empresas participantes no projeto, por exemplo garantindo o fornecimento de refeições, transporte e serviços de logística a estas entidades, recorrendo a empresas locais, e assim fomentando a economia das regiões dos três países atravessados por esta ligação através de ferrovia.

"Quando se desenvolve um caminho-de-ferro, à volta dessa linha há um enorme ecossistema que se pode criar, fomentando o emprego local", disse Sérgio Pimenta, acrescentando que "é preciso muita atividade económica e isso cria oportunidades muito interessantes para os parceiros, particularmente para as empresas locais, por isso o nosso foco será como apoiar as empresas locais para tirarem vantagem e criar mais atividade económica".

Na entrevista, o líder do departamento africano da IFC lembrou o exemplo de Guiné-Conacri, onde a IFC não só financiou uma mina, mas também garantiu as necessidades de aprovisionamento do conjunto de minas no país.

"Os mineiros precisam de comer, de transporte, de serviços, então criámos, com as diferentes empresas mineiras e o apoio do governo, uma bolsa de aprovisionamento, em que os contratos para alimentar as cantinas ou transportar os camiões eram feitos através dessa bolsa que recorria ao mercado local, e fizemos também formação para as empresas locais corresponderem aos padrões necessários", referiu.

Esta iniciativa, concluiu, "criou muitos empregos locais com impacto muito positivo, não só pelo valor de taxas para o governo e de participações para as entidades locais, mas também permitiu às empresas locais trabalharem não na mina, mas para a mina, e a ideia é fazer uma montagem do mesmo estilo no Corredor do Lobito".

Em janeiro de 2023, os ministros responsáveis pelos Transportes e Desenvolvimento de Angola, da RDCongo e da Zâmbia assinaram um acordo para recuperar a ferrovia existente e facilitar o trânsito neste corredor económico.

Nele comprometeram-se a harmonizar a legislação e as estratégias de desenvolvimento das infraestruturas e a apoiar uma maior participação das Pequenas e Médias Empresas (PME) nas cadeias de valor empresarial, sobretudo na agricultura e mineração, para aumentar o comércio e o crescimento económico ao longo do Corredor do Lobito e da Região da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

"Vemos cada vez mais projetos com caráter pan-africano, que atravessa vários países, com o objetivo de acrescentar valor às exportações de matérias-primas", disse Sérgio Pimenta, concluindo que os países africanos "revelam cada vez mais vontade de transformar em vez de apenas exportar, e subir na cadeia de valor".

O Corredor do Lobito é o primeiro corredor económico estratégico desenvolvido sob a égide da Parceria para as Infraestruturas e Investimento Global do G7 (PGI).

À margem da Cimeira do G20 de setembro de 2023 em Nova Deli, a União Europeia, os Estados Unidos, os governos dos três países envolvidos e ainda o Banco Africano de Desenvolvimento e a Africa Finance Corporation, na qualidade de promotor do projeto, assinaram um memorando no sentido de unir esforços para apoiar o desenvolvimento do Corredor.
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