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Há 300 milhões de investimento turco a caminho de Portugal
A Associação Portuguesa de Cooperação com a Turquia vai apresentar a 10 de Abril, em Lisboa, um conjunto de investimentos turcos no nosso país, no valor de 300 milhões de euros, em turismo, habitação, entrada no capital de um estaleiro naval do Norte e no terminal do Barreiro.
Investidores turcos compraram um complexo imobiliário na zona do Campo de Santa Clara, em Lisboa, que irão reabilitar e converter num hotel de luxo. "Será uma unidade com um conceito inovador, pois cada um dos cerca de 20 quartos será decorado com obras de arte - quadros, esculturas, instalações artísticas - avaliadas entre 60 mil e 100 mil euros, num investimento global de entre 15 e 20 milhões de euros", revelou, ao Negócios, João Pestana Dias, CEO da Associação Portuguesa de Cooperação com a Turquia - The Trade Connection Portuguese Turkish Network.
Este projecto faz parte dos cerca de 300 milhões de euros de investimentos turcos em Portugal, que irão ser apresentados por esta associação na próxima segunda-feira, 10 de Abril, num unidade hoteleira em Lisboa, durante um almoço-conferência que será presidido pelo embaixador da Turquia em Portugal, Hasan Gögüs.
O CEO da The Trade Connection, que está a mediar estes investimentos, revelou também ao Negócios que será anunciada "a entrada no capital de um estaleiro naval do Norte de Portugal", tendo em vista a reparação de barcos de luxo, estando alocados a este projecto "cerca de 10 milhões de euros".
"Outros 80 a 100 milhões de euros" de capitais turcos "estão posicionados para o novo terminal multimodal a construir no Barreiro", garantiu João Pestana Dias, lembrando que o grupo turco Yildirim é dono da Tertir, concessionária de vários terminais portuários em Portugal.
"Bastante interessado no sector português de base tecnológica", o empresariado turco posiciona-se ainda "para investir uns 80 milhões de euros em Portugal na criação de uma rede ‘low cost’, via rádio, na chamada ‘internet of things’ [internet das coisas]".
Os turcos estão também bastante activos na compra de imóveis na Grande Lisboa. "Através da concessão de vistos ‘gold’, há 45 investidores turcos que deverão investir cerca de 65 milhões de euros na compra e reabilitação de edifícios na Grande Lisboa, em regime de co-propriedade", detalhou a mesma fonte.
De acordo com os números do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), só em Janeiro e Fevereiro foram concedidos 13 vistos ‘gold’ a cidadãos turcos, quase tantos como os 15 concedidos no ano passado. Desde que existe este programa, foram atribuídas 42 autorizações para investimento, sendo a maioria (28) desde o último Verão.
Uma das principais razões apontadas para este súbito interesse dos turcos, sobretudo os de classe social mais elevada, por Portugal, tem que ver com a crise política que se vive na Turquia, onde irá realizar-se um referendo no dia 16 de Abril, que tem como objectivo fazer uma revisão constitucional que aumentará os poderes do seu actual presidente.
"Estamos a trabalhar com investidores de longo prazo que encontram em Portugal um activo que os turcos actualmente valorizam muito: a paz social", reconhece João Pestana Dias, adiantando que a conferência da próxima segunda-feira "servirá também para apresentar o enorme potencial da Turquia e o interesse económico que representa para Portugal, quer como fonte de investimento, quer como cliente de produtos e serviços portugueses que vão da indústria até à arquitectura, a arte e a moda".
O CEO da The Trade Connection afiança ainda que nesta conferência estarão empresários, agentes culturais e económicos e várias personalidades portuguesas e turcas, uma antevisão da comitiva de empresas portuguesas que em Setembro irá visitar a Turquia.
O embaixador Hasan Gögüs será o principal orador e irá falar sobre "Portugal e Turquia como parceiros globais estratégicos". A Turquia é hoje a 17.ª maior economia mundial e a sexta a nível europeu.
"Entre 2002 e 2015, o país registou um crescimento médio de 4,7% e, segundo a OCDE, espera-se que venha a ser uma das economias a crescer a um ritmo mais rápido até 2017", sublinha Gögüs.