Notícia
Grandes bancos aumentam taxas de juros dos depósitos
No início de fevereiro, o PSD considerou que existem "falhas de mercado" e "passividade dos reguladores" na banca, relativas a vários temas, e, sobre os depósitos, afirmou que a "taxa de juro dos depósitos a prazo permanece muito baixa em Portugal.
22 de Fevereiro de 2023 às 11:58
Alguns dos principais bancos estão a aumentar as taxas de juro dos depósitos, uma subida reclamada por clientes e políticos que vêm criticando a baixa remuneração da poupança depositada na banca.
Apesar de o Banco Central Europeu (BCE) já vir desde julho passado a aumentar as taxas de juro, nos últimos meses, os principais bancos têm vindo a manter muito baixa a remuneração dos depósitos (em muitos casos praticamente a zero).
Um estudo feito pela Allianz Trade, divulgado pela COSEC - Companhia de Seguro de Créditos, indica que, apesar de as taxas para os novos depósitos estarem a subir, já "o ritmo comparado com o que está a ser aplicado pelos bancos centrais é muito mais lento", refere o comunicado de imprensa.
Segundo o estudo, entre janeiro e novembro de 2022, os aumentos nas taxas de juro dos novos depósitos foram de "uns meros cinco pontos base em Portugal", face a quase mais 40 pontos base na média da zona euro (a Finlândia foi o país com maior aumento, de 106 pontos base).
Agora, a banca dá sinais de que vai começar gradualmente a aumentar os juros dos depósitos.
Na semana passada, o Santander Totta anunciou o lançamento de cinco novos depósitos a prazo com remunerações até 2%. Também o Montepio anunciou um novo depósito a prazo que rende 2% (TANB) ao ano, designado "Depósito a Prazo Não Mobilizável -- Poupança 24 Meses", e disse que aumentou as taxas de juro, até 2,25%, de outros seis depósitos.
A Lusa questionou os outros principais bancos que operam no mercado português sobre eventuais subidas de juros dos depósitos.
O banco público Caixa Geral de Depósitos (CGD) não respondeu após vários dias de espera. O Jornal de Negócios noticiou esta segunda-feira que a CGD vai lançar um novo depósito a prazo a um ano para pequenos montantes (a partir de 500 euros) com uma taxa de juro que pode ir até 2,1%. O banco público vai ainda rever a remuneração do 'Depósito Pequeno Aforrador', passando de 0,15% para 1%.
O BCP disse que não comenta a sua política comercial.
Já o Novo Banco informou que lançou no início do mês um depósito a prazo a um ano que remunera até 2% para montante até 250 mil euros (juros de 0,75% no primeiro semestre e 2% no segundo semestre).
Pelo seu lado, o BPI informou que "anunciará oportunamente novas soluções de poupança" e que, de momento, tem o depósito a prazo BPI Depósito Extra com prazos de meio ano a taxa de 0,5% e um ano a taxa de 1%. Complementarmente, o BPI disse que tem 'Depósito Não Mobilizável' (com prazos de 1, 2 e 3 anos) que tem taxas crescentes médias de 1,5% a 2%, sendo este para montantes desde 50 mil euros.
Na semana passada, o ministro das Finanças, Fernando Medina, disse acreditar que "em breve" haverá uma melhoria das condições oferecidas nos depósitos pelas instituições bancárias.
A baixa remuneração dos depósitos dos principais bancos tem motivado movimentações dos partidos políticos. Até agora, eram os pequenos bancos que ofereciam depósitos mais atrativos do ponto de vista da remuneração (como Banco BAI Europa, Banco CTT, Banco Invest e ActivoBank).
No início de fevereiro, o PSD considerou que existem "falhas de mercado" e "passividade dos reguladores" na banca, relativas a vários temas, e, sobre os depósitos, afirmou que a "taxa de juro dos depósitos a prazo permanece muito baixa em Portugal, o que se afigura pouco compatível com um país em condições de verdadeira concorrência".
Em requerimento, o PSD pediu audições parlamentares do governador do Banco de Portugal, da Autoridade da Concorrência e representantes de bancos e consumidores, as quais foram aprovadas por unanimidade pelos deputados.
Na semana passada, o grupo parlamentar do PCP, numa pergunta ao ministro das Finanças, acusou a banca de "não remunerar a poupança", enquanto sobe de forma considerável as prestações de créditos a taxa variável (devido à subida das taxas de juro pelo BCE) e disse que a mesma banca que utilizou o "pretexto" das taxas de juro baixas para aumentar "de forma desregrada" comissões, agora com essas taxas mais elevadas "não dá sinal de diminuição da extorsão através de taxas e comissões".
Em novembro passado, o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, defendeu que a subida das taxas de juro "deve fazer-se sentir nos depósitos, para que a poupança passe a ter outro significado".
Nos últimos meses, a elevada liquidez (os bancos têm mais depósitos do que crédito concedido) tem sido das principais justificações para bancos não remunerarem depósitos. Contudo, apesar de a liquidez do sistema bancário se manter elevada, por outro lado, os bancos têm um grande incentivo para ir buscar mais depósitos, pois o dinheiro que depositam no BCE rende 2,5% de juros (valor da taxa de juros dos depósitos atual), o que lhes permite criar rendimento só com o depósito desse dinheiro em Frankfurt.
Segundo os últimos dados do Banco de Portugal, em dezembro, a taxa de juro dos novos depósitos em Portugal foi a mais baixa da zona euro, de 0,35%, bem abaixo dos 1,44% da média da zona euro. Em França e Itália as taxas estão já acima de 2% e mesmo em Espanha (país com forte presença de grupos bancários em Portugal) a taxa média era de 0,64%.
Apesar do aumento das taxas de juro dos depósitos, a elevada inflação implica que em termos reais haja perda real do valor do dinheiro depositado.
Apesar de o Banco Central Europeu (BCE) já vir desde julho passado a aumentar as taxas de juro, nos últimos meses, os principais bancos têm vindo a manter muito baixa a remuneração dos depósitos (em muitos casos praticamente a zero).
Segundo o estudo, entre janeiro e novembro de 2022, os aumentos nas taxas de juro dos novos depósitos foram de "uns meros cinco pontos base em Portugal", face a quase mais 40 pontos base na média da zona euro (a Finlândia foi o país com maior aumento, de 106 pontos base).
Agora, a banca dá sinais de que vai começar gradualmente a aumentar os juros dos depósitos.
Na semana passada, o Santander Totta anunciou o lançamento de cinco novos depósitos a prazo com remunerações até 2%. Também o Montepio anunciou um novo depósito a prazo que rende 2% (TANB) ao ano, designado "Depósito a Prazo Não Mobilizável -- Poupança 24 Meses", e disse que aumentou as taxas de juro, até 2,25%, de outros seis depósitos.
A Lusa questionou os outros principais bancos que operam no mercado português sobre eventuais subidas de juros dos depósitos.
O banco público Caixa Geral de Depósitos (CGD) não respondeu após vários dias de espera. O Jornal de Negócios noticiou esta segunda-feira que a CGD vai lançar um novo depósito a prazo a um ano para pequenos montantes (a partir de 500 euros) com uma taxa de juro que pode ir até 2,1%. O banco público vai ainda rever a remuneração do 'Depósito Pequeno Aforrador', passando de 0,15% para 1%.
O BCP disse que não comenta a sua política comercial.
Já o Novo Banco informou que lançou no início do mês um depósito a prazo a um ano que remunera até 2% para montante até 250 mil euros (juros de 0,75% no primeiro semestre e 2% no segundo semestre).
Pelo seu lado, o BPI informou que "anunciará oportunamente novas soluções de poupança" e que, de momento, tem o depósito a prazo BPI Depósito Extra com prazos de meio ano a taxa de 0,5% e um ano a taxa de 1%. Complementarmente, o BPI disse que tem 'Depósito Não Mobilizável' (com prazos de 1, 2 e 3 anos) que tem taxas crescentes médias de 1,5% a 2%, sendo este para montantes desde 50 mil euros.
Na semana passada, o ministro das Finanças, Fernando Medina, disse acreditar que "em breve" haverá uma melhoria das condições oferecidas nos depósitos pelas instituições bancárias.
A baixa remuneração dos depósitos dos principais bancos tem motivado movimentações dos partidos políticos. Até agora, eram os pequenos bancos que ofereciam depósitos mais atrativos do ponto de vista da remuneração (como Banco BAI Europa, Banco CTT, Banco Invest e ActivoBank).
No início de fevereiro, o PSD considerou que existem "falhas de mercado" e "passividade dos reguladores" na banca, relativas a vários temas, e, sobre os depósitos, afirmou que a "taxa de juro dos depósitos a prazo permanece muito baixa em Portugal, o que se afigura pouco compatível com um país em condições de verdadeira concorrência".
Em requerimento, o PSD pediu audições parlamentares do governador do Banco de Portugal, da Autoridade da Concorrência e representantes de bancos e consumidores, as quais foram aprovadas por unanimidade pelos deputados.
Na semana passada, o grupo parlamentar do PCP, numa pergunta ao ministro das Finanças, acusou a banca de "não remunerar a poupança", enquanto sobe de forma considerável as prestações de créditos a taxa variável (devido à subida das taxas de juro pelo BCE) e disse que a mesma banca que utilizou o "pretexto" das taxas de juro baixas para aumentar "de forma desregrada" comissões, agora com essas taxas mais elevadas "não dá sinal de diminuição da extorsão através de taxas e comissões".
Em novembro passado, o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, defendeu que a subida das taxas de juro "deve fazer-se sentir nos depósitos, para que a poupança passe a ter outro significado".
Nos últimos meses, a elevada liquidez (os bancos têm mais depósitos do que crédito concedido) tem sido das principais justificações para bancos não remunerarem depósitos. Contudo, apesar de a liquidez do sistema bancário se manter elevada, por outro lado, os bancos têm um grande incentivo para ir buscar mais depósitos, pois o dinheiro que depositam no BCE rende 2,5% de juros (valor da taxa de juros dos depósitos atual), o que lhes permite criar rendimento só com o depósito desse dinheiro em Frankfurt.
Segundo os últimos dados do Banco de Portugal, em dezembro, a taxa de juro dos novos depósitos em Portugal foi a mais baixa da zona euro, de 0,35%, bem abaixo dos 1,44% da média da zona euro. Em França e Itália as taxas estão já acima de 2% e mesmo em Espanha (país com forte presença de grupos bancários em Portugal) a taxa média era de 0,64%.
Apesar do aumento das taxas de juro dos depósitos, a elevada inflação implica que em termos reais haja perda real do valor do dinheiro depositado.