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Governo e Totta sem contactos para cancelar "swaps" de empresas públicas

Os processos judiciais que o banco liderado por António Vieira Monteiro colocou relativamente a "swaps" de empresas públicas continuam a correr. E não tem havido conversações para os cancelar.

Miguel Baltazar/Negócios
31 de Julho de 2014 às 15:46
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Os processos judiciais que o Santander Totta colocou nos tribunais ingleses relativamente a instrumentos financeiros de gestão de dívida de empresas públicas, os chamados "swap", continuam a correr. Nem o Governo nem o banco fecharam, nunca, a porta a um acordo. Mas não tem havido conversações.  

 

"Não há contactos directos" com o Governo, confidenciou o presidente do banco, António Vieira Monteiro, esta quinta-feira, 31 de Julho. "Os contactos que são feitos são ao nível dos processos [judiciais]". Neste momento, as partes continuam distantes. E com processos judicias em Londres, já que o Santander colocou as empresas públicas em tribunal para provar que os contratos que lhes tinha vendido, ao longo da última década, eram válidos.

 

"Os processos estão a correr em Inglaterra e dentro do processo normal. Não há novidade nenhuma relativamente a isso", disse o presidente executivo do banco na conferência de imprensa de apresentação de resultados, que ficaram nos 80 milhões de euros de lucro nos primeiros seis meses do ano. Em Maio, a resposta de Vieira Monteiro tinha sido a mesma: "não há novidades". Aliás, o banqueiro até acredita que vai acabar por haver um entendimento

 

O Totta foi o único banco com que o Governo português não chegou a acordo para cancelar os "swaps" mais complexos adquiridos pelas empresas do sector público, como Carris ou Metro de Lisboa, ao longo da última década. As restantes instituições financeiras chegaram a acordo para cancelar esses produtos financeiros que, no final de 2012, representavam perdas potenciais de 3 mil milhões de euros (o rombo que as empresas poderiam verificar caso esses contratos fossem cancelados).

 

O Governo iniciou, no ano passado, um processo para cancelar tais contratos. Pagou cerca de mil milhões de euros para cancelar "swaps" de empresas públicas que tinham um valor de mercado negativo na ordem dos 1,5 mil milhões. Ficaram outros 1,5 mil milhões de euros no activo, mais de 70% dos quais de contratos considerados complexos vendidos pelo Santander. O valor do mercado dos "swaps" oscila diariamente, dado que depende de vários aspectos que evoluem constantemente, como taxas de juro. No final de Junho, os "swaps" que ainda estão activos têm um valor de 1.700 milhões de euros. 1.294 milhões são referentes aos produtos comercializados pelo Santander, de acordo com uma recente notícia do jornal Público. O documento em que estes dados estão incluídos – o boletim empresarial do Estado – tem a sua publicação atrasada.

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