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Ex-fugitivo e milionário quer tornar-se Jeff Bezos da Rússia

Em Julho de 2007, Mikhail Gutseriev cruzou a fronteira da Bielorrússia antes de ser emitido um mandato de prisão, tendo escapado à prisão.

08 de Maio de 2017 às 15:24
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Há uma década, Mikhail Gutseriev era um fugitivo bilionário que tentava escapar do destino do seu compatriota russo, o titã do petróleo Mikhail Khodorkovsky, que fez frente a Vladimir Putin e acabou condenado a 10 anos de prisão.

 

Com a ordem de não sair do país depois de as autoridades tributárias de Moscovo começarem a fazer buscas nos seus escritórios, Gutseriev vendeu a sua empresa petrolífera Russneft a um oligarca bem relacionado com o Kremlin por quase 3 mil milhões de dólares (2,72 mil milhões de euros), anunciou que se aposentaria dos negócios e, em Julho de 2007, cruzou a fronteira da Bielorrússia antes de ser emitido um mandato de prisão.

 

Depois de Gutseriev sair do país, todos, de estrategas de bancos a comentadores de TV, declararam imediatamente a sua morte comercial. Mas estes subestimaram a sagacidade, o encanto e as ligações que fizeram do astuto magnata o negociador por excelência durante as guerras da Chechénia nos anos 1990 e começo da década de 2000, quando ele ajudou a libertar quase 200 reféns de bandos de rebeldes islamitas que exigiam resgates.

 

Desde o seu regresso em 2010, quando as acusações contra ele foram retiradas subitamente, o bilionário fez uma série de compras. Ele voltou a comprar a Russneft de Oleg Deripaska, montou uma outra empresa petrolífera, entrou no mercado de carvão, potássio e rádio, e adquiriu hotéis como The National, perto da Praça Vermelha — tudo isto com dinheiro emprestado, principalmente, pelos bancos estatais Sberbank e VTB Group. Não está claro exactamente como ele voltou a cair nas graças do Kremlin.

 

Com uma fortuna próxima de um nível nunca visto (4,7 mil milhões de dólares), de acordo com o índice da Bloomberg, Gutseriev, que afirma ser um empreendedor compulsivo, agora embarca no que considera ser o seu mais ambicioso projecto: tentar construir uma versão russa da Amazon de Jeff Bezos.

 

"Estamos a criar uma plataforma virtual para vender de tudo, menos alimentos e roupas", disse Gutseriev numa entrevista em Moscovo no mês passado, depois de ter conseguido aprovação do regulador da Concorrência para adquirir a M.video, principal vendedora de produtos electrónicos e electrodomésticos da Rússia.

 

"Orquestra de um homem só"

A compra de 58% da M.video por 726 milhões de dólares dá a Gutseriev o controlo de um quarto de um mercado que chegou aos 25 mil milhões de dólares em 2016, de acordo com a empresa de pesquisa GfK. Gutseriev disse que entrou por acaso no sector do retalho em 2015, quando a Tekhnosila, uma concorrente de menor porte da M.video, não conseguiu liquidar uma dívida com o banco da sua família, B&N, durante o pior momento da recessão mais longa em duas décadas.

 

Esta dívida, disse o responsável, levou-o a pensar em usar as abrangentes redes de abastecimento das grandes lojas para criar um mercado virtual em que os consumidores possam encontrar os pedidos nos pontos de venda existentes que já contem com espaços de armazenamento amplos. Ele prescindirá do sistema de correio, que é inferior ao de economias avançadas.

 

Em Dezembro, Gutseriev adquiriu outra concorrente da M.video, Eldorado, por cerca de 26 mil milhões de rublos (405 milhões de euros). Juntas, as três redes têm mais de 900 pontos espalhados por 11 fusos horários, de Kaliningrado, enclave russo na Europa, a Kamchatka, na Ásia oriental.

 

"Ele é uma orquestra de um homem só", disse o bilionário Vladimir Evtushenkov, aliado do ex-presidente russo Dmitry Medvedev e ex-accionista da Russneft que ajudou a acabar com o exílio de Gutseriev. "Ele consegue fazer muitas coisas ao mesmo tempo."

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