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Europa pode reduzir quota de elétricos da China se criar cadeias de abastecimento

A AIE considerou que a produção europeia de tecnologias para a transição energética dependerá do sucesso da implementação do Regulamento Indústria de Impacto Zero, que considera ter objetivos "facilmente alcançáveis" nas tecnologias eólica e de bombas de calor, mas com desafios "muito maiores" no setor automóvel.

A proposta de aplicação de tarifas sobre os veículos elétricos provenientes da China não é consensual entre os Estados-membros.
Adriano Machado/Reuters
30 de Outubro de 2024 às 09:16
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A UE pode reduzir para metade a quota de mercado dos elétricos chineses até 2035, se criar uma cadeia de abastecimento e produção integrada, que reduza custos de fabrico, apontou a Agência Internacional da Energia (AIE).

Ao ritmo atual, os veículos chineses atingirão 40% da quota de mercado dos veículos elétricos na UE até 2035, o dobro dos atuais 20%, mesmo com as recentes taxas alfandegárias aprovadas por Bruxelas, afirmou a AIE, num relatório sobre indústrias estratégicas para a transição energética, difundido na terça-feira.

O documento indicou que, para a indústria automóvel europeia competir no mercado dos elétricos, é essencial reduzir os preços de fabrico e conseguir a plena integração das cadeias de abastecimento, incluindo as baterias, que representam cerca de 40% do custo total.

A AIE considerou que a produção europeia de tecnologias para a transição energética dependerá do sucesso da implementação do Regulamento Indústria de Impacto Zero, que considera ter objetivos "facilmente alcançáveis" nas tecnologias eólica e de bombas de calor, mas com desafios "muito maiores" no setor automóvel.

O documento sublinhou que, a nível mundial, o desenvolvimento uniforme das indústrias de tecnologias limpas e o seu comércio serão fundamentais para conter as alterações climáticas.

A AIE recordou que o mercado mundial das seis principais tecnologias de energia limpa (fotovoltaica, eólica, veículos elétricos, baterias, eletrolisadores e bombas de calor) quadruplicou entre 2015 e 2023, ultrapassando 700 mil milhões de dólares (647,2 mil milhões de euros).

O crescimento vai continuar a um ritmo acelerado, com o valor a quase triplicar até 2035, para mais de 2 biliões de dólares (1,8 biliões de euros), um valor equivalente ao do mercado mundial de petróleo bruto nos últimos anos, sublinhou a AIE.

O relatório recordou que existe "uma enorme onda de investimento na produção de tecnologias limpas" em todo o mundo, estimando que o investimento na produção deste setor tenha atingido 235 mil milhões de dólares (217 mil milhões de euros) até ao final de 2023, um acréscimo de 50%.

A China é atualmente o principal centro mundial de produção de tecnologias limpas, mas a AIE salientou que tal não se deve apenas aos baixos custos de produção, mas também a outros fatores como o enorme mercado interno, economias de escala e empresas e instalações altamente integradas na cadeia de abastecimento.

Ao ritmo atual, a China exportará mais de 340 mil milhões de dólares (315 mil milhões de euros) em tecnologias limpas até 2035, o equivalente à soma das exportações de petróleo da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos em 2024.

Nos Estados Unidos, o relatório salientou que as leis para reduzir a inflação e para promover a construção de infraestruturas estão a dar frutos, com 230 mil milhões de dólares (212 mil milhões de euros) já mobilizados até 2030, o que significa que a procura norte-americana por painéis fotovoltaicos será coberta quase totalmente pela produção interna até 2035.

Relativamente à América Latina, AIE salientou o importante papel que o México pode desempenhar como centro de produção para o mercado norte-americano, tal como acontece atualmente com os veículos de combustão interna.

O relatório salientou igualmente o potencial do Brasil, que já possui uma importante indústria de pás eólicas (produz atualmente 5% do total mundial) e que, graças à sua abundância de energias renováveis - tal como os seus vizinhos - poderia exportar para os países desenvolvidos produtos produzidos com quase nenhumas emissões de gases com efeito de estufa, como o aço ou o amoníaco, destinados a mercados onde o seu fabrico é mais dispendioso, como o Japão ou a Europa.
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